-Imagem (Image_1.1165460)Pivô de tumulto na base do governo federal por oferecer um jantar a parlamentares na noite de segunda-feira, o deputado federal goiano Jovair Arantes (PTB) diz que seguirá em intensas articulações para viabilizar sua candidatura a presidente da Câmara e não se preocupa com as crises. “Estamos em uma casa política e isso significa estar sempre em disputa mesmo”, afirma.Para ele, já é hora, sim, de discutir a sucessão na Casa e isso não afeta votações importantes para o Planalto. “O governo tem mania de ver fantasmas. Não tem nada a ver”, diz.A polêmica começou depois que Jovair convidou parlamentares do chamado centrão - que inclui principalmente PSD, PR, PP, PTB e PRB - e do PMDB para o encontro em sua residência. O jantar foi interpretado como uma investida do petebista para a discussão da sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ), com tentativa de atrair apoio de peemedebistas.No Planalto, enquanto o presidente Michel Temer (PMDB) está em viagem internacional, acendeu a luz amarela sobre um possível racha na base e a preocupação com antecipação da disputa pela presidência da Casa. O ministro Geddel Vieira Lima teve de atuar pessoalmente para tentar desfazer o mal-estar gerado nos aliados. Jovair falou ontem sobre o episódio ao POPULAR.O jantar na sua casa provocou um alvoroço na base governista e foi o assunto na Câmara nos últimos dois dias. O sr. está de olho mesmo em busca de apoios para a presidência da Câmara?Se houve alvoroço, significa que foi bom, que foi importante. Mas nós, do Centro Democrático, nos reunimos em almoço toda semana para atualizar a agenda e discutir a pauta da semana, os pontos de convergência. E esta semana decidimos fazer um jantar em vez do almoço. Saiu da rotina e aí alguém da oposição bateu com a língua nos dentes e virou esse rebuliço. Mas o jantar era nesse sentido de discutir a pauta e interesses em comum, falar de reforma política, da repatriação.Mas não discutiriam sucessão na Casa?Seria falado, sim, en passant, como já tem ocorrido. É natural esse assunto aflorar. Já falamos disso nas conversas em geral.Não está cedo?Não, não está cedo. A eleição é em fevereiro. É claro que a campanha oficialmente só começa com a oficialização das candidaturas, mas na boca pequena esse assunto já corre. E é assim mesmo, assim como ao final das eleições municipais já se começa a falar na sucessão estadual. Vai esquentar em novembro e aí teremos só dois meses para as articulações. Temos de discutir mesmo. Até eleição de síndico tem dificuldades quando há mais de um nome. Aqui é uma eleição muito difícil. E é uma casa política. É da nossa natureza. Estamos sempre disputando espaço, sempre buscando vagas em comissões, liderança, relatorias, espaço na mesa.O sr. fala abertamente no projeto de disputar a presidência desde o ano passado. Por que ainda não conseguiu ser consenso no centrão? Falam ainda na possibilidade de Rogério Rosso (PSD-DF) ser candidato.Todos têm direito de se colocar, mas ele não colocou hora nenhuma. Eu explicitamente me coloco como candidato, mas nada é a ferro e fogo. Estamos conversando. Eu me mantenho nesse propósito e sigo suspirando e pensando. Vou ali, no pé do ouvido de cada um, e também em alguns momentos no atacado. Estou trabalhando nisso.Recebeu reclamações do Planalto?Ninguém me ligou. Não seriam idiotas de querer interferir nisso. Na minha casa, faço o que achar que devo. O problema é que alguns setores da nova oposição, do PSDB, acham que têm de ter tudo (incluindo a presidência da Câmara) e geram essas crises. A quem me perguntou, expliquei que íamos discutir outros temas e a pauta principal não era sucessão. Mas é um assunto que é falado.Essas articulações de sucessão não podem atrapalhar as votações delicadas de interesse do governo?Atrapalham nada. Não tem nada a ver. Se fosse assim, teria havido problemas na eleição do Rodrigo. Não houve fissura na base a ponto de atrapalhar votações. Temos responsabilidades e separamos as coisas. O governo tem mania de ver fantasmas. Isso não existe.A casa ficou cheia?Foram parlamentares do PP, PR, PRB, PTB, PSD, PMDB, PSC, PHS, SD, DEM e PSL.Na sucessão não haverá ainda uma resistência a candidatos ligados a Eduardo Cunha, como ocorreu na de Rodrigo Maia? Isso pode afetá-lo?Que ligação? Tenho a mesma ligação de todos os deputados que votaram nele (no Cunha).Não, o sr. era mais próximo, tido como um braço direito.Todo líder de partido é próximo do presidente. Acho que absolutamente não, isso não afeta. A Casa conhece como é a relação entre os deputados. Não tenho inimigos na Casa. Fui relator de um processo muito ácido (impeachment de Dilma Rousseff) e mesmo assim tenho grandes amigos no PT. Tenho o respeito de todos.A presidência da Câmara é considerada importante para a definição da sucessão presidencial, em 2018. No meio do fogo cruzado de tantos interesses e com o PSDB de olho no comando, acha que o PTB e o centrão têm chances?Temos chance real de disputar e sairmos vitoriosos. Tenho relação de muitos anos com a maioria aqui na Casa. Relação de respeito e um ponto importante - cumprimos sempre o que falamos. Os parlamentares sabem disso.