Atualizada às 21h50O presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira (sem partido), pode ir para o Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO), em acerto que começou a ser articulado pelo próprio deputado há uma semana. Até aqui pré-candidato a deputado federal, Lissauer assumiria o lugar do conselheiro Sebastião Tejota, pai do vice-governador Lincoln Tejota (Cidadania), no tribunal.Pelo acordo, Sebastião disputaria cadeira de deputado estadual, herdando bases e estrutura de Lissauer, enquanto Lincoln iria para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO). Para isso ocorrer, mais um conselheiro teria de se aposentar, o que também começou a ser negociado com o ex-deputado Valcenor Braz.Para concretizar a combinação, o deputado estadual Humberto Aidar (MDB), em despedida da Assembleia Legislativa para ser conselheiro do TCM-GO, apresentou na tarde desta terça-feira projeto de lei complementar que altera o Regime de Previdência Social do Estado de Goiás, com mudança em artigo que permite a aposentadoria integral para Valcenor.É que os proventos integrais exigem 35 anos no serviço público. No artigo 70 da lei atual, fica estabelecido que o cálculo para fixação de data de ingresso no serviço público leva em conta, “sem interrupção, sucessivos cargos de provimento efetivo ou vitalício” em qualquer órgão público.O projeto proposto por Aidar inclui “cargo (em geral) ou mandato vitalício ou cargo comissionado”. Com a alteração valeria para contar o tempo em que Valcenor teve cargos comissionados em Luziânia (Entorno do Distrito Federal), antes de ser prefeito do município (até 2000). Pela lei atual, restariam 4 anos para ele se aposentar integralmente e só poderia receber 85%.A dança de cadeiras no TCE e no TCM chegou a ser cogitada ainda em conversas com Aidar, que teve sua indicação para a corte de Contas dos Municípios aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Alego nesta terça-feira. Ele ficaria na vaga de Sebastião Tejota e deixaria a cadeira no TCM - disponibilizada pela aposentadoria de Nilo Resende, em maio do ano passado - para Lincoln. O conselheiro do TCE-GO, no entanto, achou que Aidar tinha pouco a oferecer de bases.Já a proposta de Lissauer foi bem recebida pela família Tejota, que esperava ser contemplada com um acordo desde que o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) escolheu o MDB para a vaga de vice das eleições deste ano, com o nome de Daniel Vilela, presidente estadual do partido.Até a conversa com Lissauer, a previsão era de que Tejota pai continuaria no TCE-GO e Lincoln disputaria cadeira de deputado estadual. No entanto, ele tinha dificuldades com o confronto de bases com dois grandes aliados da família - o atual deputado Rubens Marques (Pros) e Luiz Sampaio (Cidadania), pré-candidato.Nos bastidores entre deputados, há dúvidas sobre o arranjo articulado por Lissauer pelo tempo curto, considerando o prazo de desincompatibilização (2 de abril) e pela exigência de acertos com a Alego para a indicação de Lincoln. No entanto, o presidente já consultou os parlamentares e estaria certo da maioria.A previsão é que a mudança na lei ocorra até o dia 22 e que no dia 24 sejam apresentados, ao mesmo tempo, os projetos de indicações de Lissauer e de Lincoln para os tribunais, o que daria tempo para aprovação antes do prazo de desincompatibilização de Tejota.A desistência do presidente da Alego de disputar cadeira de deputado federal estaria relacionada à perda de seu pai, no dia 21 de fevereiro. Ele terá de se dedicar às empresas da família e alega dificuldades em ficar boa parte da semana em Brasília. Nos bastidores, também há informação de expectativa de contar com o patrimônio da família na campanha.À reportagem, Lissauer negou a articulação. Mas aliados próximos ao presidente e também à família Tejota confirmam as negociações.Acerto anteriorA articulação do presidente da Alego afeta diretamente um acerto do governador Ronaldo Caiado com o secretário estadual de Governo, Ernesto Roller, para a possibilidade de indicá-lo ao TCM.No entanto, os parlamentares afirmam que Roller teria poucas chances de conseguir respaldo na Alego, especialmente por uma atuação direta do deputado estadual Sebastião Monteiro (DEM), o Tião Caroço, desafeto político do secretário.