Dando início à articulação de apoios para sua pré-candidatura ao Senado dentro da base governista, o presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira, se reuniu ontem com 27 prefeitos em um espaço de eventos em Goiânia. Foi o primeiro evento público de pré-campanha desde que seu partido, o PSD, decidiu ficar na base de Ronaldo Caiado (UB), mesmo com a candidatura isolada de Lissauer — a sigla queria candidatura única no grupo governista, mas não conseguiu.Como mostrado pela coluna Giro, passou pelo acerto de permanência do PSD na base a criação das condições para que o presidente da Assembleia seja candidato, com apoio do governo. Nesse sentido, ainda na semana passada, ele e o presidente da legenda no estado, Vilmar Rocha, já fizeram rodadas de conversa tanto com prefeitos quanto com o presidente do MDB, Daniel Vilela.Pelo apurado, além de assegurar o apoio de prefeitos que já eram seus aliados, dado o cenário de múltiplos candidatos à mesma vaga, a intenção é também garantir proximidade da candidatura majoritária pessedista sobretudo com União Brasil e MDB, dois dos maiores partidos do estado e que têm como presidentes Caiado e Vilela, que são pré-candidatos a governador e vice-governador, respectivamente.Tanto que a ideia da reunião com prefeitos partiu do presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM) e prefeito de Goianira, Carlão da Fox (PSD), mas o presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM) e prefeito de Campos Verdes, Haroldo Naves, também foi envolvido na organização do evento. Naves é vice-presidente do MDB em Goiás.Nove dos 27 prefeitos presentes eram do MDB, seguidos de UB e PSD, com seis cada. Outros partidos da base também estavam representados, como Solidariedade, PP e PDT. “O slogan do nosso partido (o MDB) é ‘ponto de equilíbrio’, que foi, inclusive, uma frase usada pelo ex-governador e ex-prefeito Maguito Vilela. E Lissauer tem sido, na Assembleia, o ponto de equilíbrio para o governo de Goiás”, afirmou Naves, ao declarar apoio ao pessedista.Carlão, por sua vez, disse que essa reunião foi a primeira e que foi feita “às pressas” para dar o “pontapé” da pré-campanha, mas que outras devem ser realizadas até a sexta-feira (5), prazo final das convenções partidárias que vão oficializar as candidaturas para o pleito deste ano.SUPERADOEm meio às negociações e cobranças por espaço em uma possível candidatura única, durante o mês de julho, Lissauer chegou a elevar o tom em relação a Caiado. Como mostrou o POPULAR, no início de julho, durante sessão de entrega de título de cidadania em Itaberaí, o pessedista disse que “quem não tem gratidão não tem caráter” e afirmou que não iria admitir que “atropelem o nosso projeto” e que “não adianta reconhecer só com palavras, tem que reconhecer com atitudes com gestos”.A fala gerou desgaste dentro da base, que foi aumentado no fim do mês, quando o presidente da Assembleia não compareceu à transferência de capital para a cidade de Goiás e não enviou representante. O gesto foi lido por governistas como retaliação ao governador, que dias antes havia dito a ele que não poderia segurar as candidaturas de Delegado Waldir (UB) e Alexandre Baldy (PP), concluindo que a base teria mais de um candidato a senador.À imprensa, nesta segunda-feira (1º), Lissauer disse não ter divergências com Caiado e que “essas questões estão superadas”. “Tudo o que a gente fala, nesse momento de decisão, é para buscar espaço e ter entendimento. Não existe nenhum tipo de diálogo e negociação que não envolva algum tipo de discussão e de posicionamento nos momentos oportunos. Tenho uma história com o governador Ronaldo Caiado e não podemos esquecer disso. Tenho história da minha gestão em parceria com o governador.”Em discurso, Lissauer também ressaltou que sua ida para o PSD foi condicionada a uma aliança com o governo, sem citar que teve conversas com a oposição em busca de espaço para sua candidatura. A questão foi, porém, levantada em discurso pelo presidente do PSD, Vilmar Rocha.“Entendo a sua posição (Lissauer). Você gerou expectativa e as conversas e entendimentos eram apenas de ficar na base, mas na vida pública as expectativas políticas nem sempre são atendidas. Temos que criar alternativas e ir em frente, com força, coragem e fé, naquilo que achamos ser o melhor para o estado”, disse o líder pessedista.Vilmar, contudo, ressaltou o desejo de firmar aliança com UB e MDB, segundo ele, por estar convencido de que a união “pode eleger um senador qualificado, dar governabilidade ao estado e, na futura administração, garantir uma base sólida para realizar projetos.”Leia também:- Entenda o que são candidaturas isoladas a senador- PSD discute acordo com base e descarta aliança na oposição- Após insatisfação do PSD, Caiado fala em ‘personalismo e vaidade’