O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu nesta quarta-feira (08) que o governo federal não tem conhecimento detalhado sobre as terras raras e as possibilidades de exploração comercial dos minerais no Brasil. A declaração ocorreu durante discurso proferido em Luziânia, na abertura da 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), realizada até a próxima sexta-feira (10) no Entorno do DF.O petista admitiu a ausência de mapeamento sobre os materiais enquanto comentava sobre a importância de que jovens e crianças sejam ensinadas a conhecer o próprio país antes de se interessar por destinos como os parques da Disney, no Estados Unidos. “É assim que a gente desenvolve uma consciência de nação, de cidadão e de soberania sobre o seu território e suas coisas. A gente ainda não tem noção do que nós somos. Só para vocês terem ideia, nós só temos conhecimento de 30% das nossas riquezas minerais. Tem 70% que a gente não conhece. A gente não tem um mapeamento ainda das terras raras”, disse.“O mundo inteiro está brigando por causa das terras raras. Terra rara, na verdade, é aquela em que a gente nasce e aquele em que a gente pisa o pé. Essa é terra rara. A outra é uma terra que tem um valor econômico para fazer coisas que a gente está aprendendo a fazer agora”, disse o presidente.As afirmações ocorrem após sugestões de empresários, apresentadas ao Palácio do Planalto ao longo das últimas semanas, para que Lula leve à reunião com o presidente dos EUA, Donald Trump, propostas de parcerias entre os países, principalmente sobre minerais críticos. As terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos de difícil extração e refino, sendo alguns matéria-prima para a fabricação de ímãs essenciais para tecnologias relacionadas à transição energética e à defesa. O grupo contempla alguns dos minerais críticos mais cobiçados por grandes potências econômicas e, nos últimos anos, se tornaram um dos principais focos de atenção mundial.Atualmente, a China é dona de mais da metade da extração de terras raras no mundo e controla quase toda a capacidade de refino. A concentração ajuda o país asiático em negociações com outras potências mundiais, como EUA e União Europeia, muito dependentes do mercado chinês. O Brasil, apesar de ter a terceira maior reserva desses elementos, produz muito pouco e tem apenas uma mineradora em operação no país, a Serra Verde, em Minaçu, no Norte Goiano, com capacidade bem inferior à das grandes companhias desse mercado.Neste processo, o governo de Goiás tem negociações para firmar parcerias com o governo e empresas do Japão, com o objetivo de iniciar a exploração no próprio estado. O governador Ronaldo Caiado (UB) teve reunião sobre o tema com comitiva japonesa no dia 28 de agosto, seguindo na decisão de avançar na cooperação com o país asiático para investimentos na ampliação da cadeia produtiva de minerais críticos no estado.Desde que fez visita institucional ao Japão em julho, quando o governo japonês demonstrou interesse no minério goiano, Caiado articula ações para o setor. A missão japonesa visitou Minaçu e, no dia anterior, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) aprovou, por unanimidade, uma nova lei com regras e estratégias para a exploração de minerais críticos no estado.O objetivo do governo é que o Goiás seja capaz de exportar mercadorias já com valor agregado. A nova lei cria a Autoridade Estadual de Minerais Críticos (Amic), responsável por assessorar o governador na formulação de políticas públicas sobre o tema. O texto ainda autoriza a instituição de Zonas Especiais de Minerais Críticos (ZEMCs), em locais que apresentem potencial comprovado de exploração, beneficiamento, industrialização e comercialização.ConferênciaO presidente anunciou, ao participar da conferência, que levará aos chefes de Estado os compromissos das crianças e adolescentes com a proteção ao meio ambiente. Lula parabenizou o protagonismo dos estudantes e defendeu que a educação para o clima deve ser sistematizada nas escolas.A conferência em Luziânia discute educação e justiça climática e faz parte do movimento de preparação do país para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorre em novembro, em Belém, no Pará.