Ex-líder do governo na Câmara de Goiânia, Igor Franco (MDB) afirmou, nesta terça-feira (16), que entre os objetivos do decreto de calamidade financeira da Prefeitura está “a não aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)”. O vereador também acusou o prefeito Sandro Mabel (UB) de ter distribuído cargos entre deputados estaduais para garantir a aprovação do decreto na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).Quando assumiu a Prefeitura em janeiro, uma das primeiras ações de Mabel foi decretar estado de calamidade na saúde e nas finanças da Prefeitura. O Legislativo estadual é responsável por dar respaldo a este tipo de iniciativa dos executivos municipais. Na Alego, a situação caótica na saúde foi aceita prontamente. O cenário nas finanças encontrou resistência, mas foi aprovado. No início de julho, a calamidade nas finanças foi prorrogada por mais 180 dias. Franco apresentou um projeto de decreto legislativo para suspender os efeitos do decreto de calamidade financeiro da Prefeitura, conforme revelado pelo Giro. A proposta também tem assinatura de outros quatro vereadores. No documento, é possível identificar as assinaturas de Luan Alves (MDB) e Lucas Vergílio (MDB). Em discurso na sessão desta terça, Franco disse que Cabo Senna (PRD) também é signatário. A reportagem não conseguiu identificar a quarta rubrica. Na justificativa da matéria, os vereadores apontam que o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) foi contra a prorrogação da calamidade. Franco disse ao POPULAR que ainda não articulou apoio ao projeto, mas pretende fazê-lo nos próximos dias. A matéria precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), pelo plenário, por uma comissão temática e, em seguida, receber o segundo respaldo do plenário.Franco foi líder do governo entre janeiro e o final de agosto. O vereador foi defensor da gestão de Mabel ao longo do primeiro semestre, com críticas pontuais a secretários. Em julho, Franco demonstrou distância do Paço, quando articulou e apoiou a criação da Comissão Especial de Inquérito (CEI) do Limpa Gyn, que foi instalada, e o projeto de lei que propõe a revogação da Taxa de Limpeza Pública (TLP), a taxa do lixo (ainda em tramitação). O afastamento levou Mabel a exonerar comissionados indicados por Franco para cargos na Prefeitura. No discurso durante a sessão, Franco classificou a calamidade financeira como uma “narrativa criada por parte do Paço, totalmente falsa, totalmente infundada”. O emedebista disse ainda que a calamidade garante ao gestor, por exemplo, a dispensa de licitação. “Se fosse uma coisa lícita, se fosse uma situação para beneficiar a cidade de Goiânia, qual a necessidade, qual a razão de o senhor prefeito ir pessoalmente, no dia da votação na Assembleia Legislativa, com a sua sacolinha de cargos, para distribuir para os deputados?”, questionou Franco. O vereador disse que Mabel foi à Alego “com os decretinhos na mão” para “entregar diretoria” a deputados, mas citou nomes. Mabel e sua equipe afirmam que assumiram a Prefeitura com rombo de cerca de R$ 4 bilhões. O atual líder do governo, Wellington Bessa (DC), disse que ainda irá analisar a proposta apresentada por Franco.