O pedido de intervenção estadual na Saúde de Goiânia, protocolado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) nesta sexta-feira (6), foi considerado pelo prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), como natural em virtude da situação atual. O futuro prefeito reiterou que considera “preocupante” não só a questão da Saúde, mas diversas outras áreas da capital. “A cidade está colapsando. O Imas está, a Comurg está, o Samu, as ambulâncias que tem estão sem gasolina, Saúde não tem remédio”, afirmou Mabel.Ao POPULAR, o prefeito eleito afirmou que quem nomeia o interventor é o governador, mas já defende que decisões, referentes ao colapso na Saúde e à intervenção, sejam tomadas de forma colegiada. “Não é só botar um interventor, mas é colocá-lo já acertado com ele que fará um gabinete (de crise) junto. É meio como o que estamos fazendo hoje para decidir se compramos remédio ou não, por exemplo”, disse. Questionado sobre o pedido de intervenção, o secretário municipal de Governo, Jovair Arantes, disse ao POPULAR que “é o prefeito Rogério Cruz quem deve saber dessa situação”. “Estou cuidando dessa transição, e aqui a gente está indo acelerado porque é muita coisa, e estou meio desligado dessa situação com relação a questão da Saúde. Até porque eu não tenho muito conhecimento da Saúde, porque a Saúde, em qualquer secretaria de Prefeitura, é independente. De certa forma, estou sem informação”, declarou.No entanto, Arantes ressaltou que “sabe respeitar os Poderes”. “Se eles fizeram essas alegações, cabe a eles, à Justiça e às áreas específicas responderem”, disse o secretário.O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (PRD), foi procurado diretamente pela reportagem e por meio de sua assessoria para comentar o pedido de intervenção do MP. No entanto, até o fechamento desta matéria, O POPULAR não obteve retorno.SaídasA solicitação ocorre em um momento crítico, marcado pelo agravamento da crise na área, que já resultou na prisão do ex-secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, e de integrantes da cúpula da pasta, além do pedido de demissão de Cynara Mathias, que havia assumido o comando após a prisão de Pollara.O Governo de Goiás assinou nota conjunta com a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), em que informou que o pedido será analisado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), seguindo os trâmites legais. Caso a solicitação seja acolhida, caberá ao chefe do Executivo estadual editar o decreto de intervenção. “Dessa forma, é necessário aguardar a decisão do Judiciário goiano sobre a representação interventiva”, destacou a nota.“Caso o Judiciário acolha o pedido, será encaminhada comunicação ao chefe do Executivo estadual, que será responsável por editar o decreto de intervenção.” Na peça apresentada ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), composta por 75 páginas, o MP descreve um cenário de colapso na saúde pública municipal. O documento detalha violações sistemáticas aos direitos fundamentais à vida e à saúde, bem como reiterados descumprimentos de decisões judiciais, o que reforçou a necessidade de uma intervenção para evitar o agravamento da situação.Em entrevista ao POPULAR nesta semana, o governador Ronaldo Caiado (UB) afirmou que os órgãos responsáveis pela fiscalização da Prefeitura de Goiânia e por tomarem decisões sobre a capital também têm responsabilidade pela crise na Saúde e problemas em outros serviços básicos, como limpeza urbana. “Todos nós estávamos assistindo e simplesmente vendo acontecer. E todo mundo lavando as mãos”, afirmou o governador na entrevista. Caiado chegou a citar diretamente a responsabilidade do MP-GO, do TJ-GO e do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO) na escalada do colapso.