O trabalho do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), para reorganizar sua base na Câmara de Goiânia dá os primeiros sinais de avanço. O gestor dedicou os últimos dias a conversas diretas com vereadores, que têm demonstrado intenção de permanecer no grupo governista. No Paço Municipal, a análise é que existem sinalizações positivas dos dois lados, mas a prova de fidelidade à base deve ocorrer apenas na próxima semana, na votação de matérias de interesse do Executivo.Na edição desta quarta-feira (3) do Diário Oficial do Município (DOM), Mabel tornou sem efeito decretos que tinham exonerado comissionados ligados a vereadores da base que se posicionaram a favor da Comissão Especial de Inquérito (CEI) do Limpa Gyn e da revogação da Taxa de Limpeza Pública (TLP), a taxa do lixo. Entre as exonerações canceladas estão a de Grazielli Machado Arantes, irmã do vereador Léo José (SD), que continua no cargo de assessora especial técnica da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos. Eduardo Vinícius Peixoto Trindade, irmão de Denício Trindade (UB), fica no posto de Diretor Administrativo da Secretaria Municipal de Engenharia de Trânsito. Diogo Guimarães Almeida, que havia sido demitido da diretoria administrativa do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas), também continua no cargo. Ele é ligado a Léo José.No entanto, Mabel não recuou de todas as decisões. Irmão do ex-líder Igor Franco (MDB), Diogo Franco, que foi secretário municipal de Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Agricultura e Serviços, continua fora da Prefeitura. O Giro mostrou que Diogo vai para a Diretoria de Recursos Humanos da Câmara, por indicação de Luan Alves (MDB), presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ).EstratégiaNas últimas semanas, Mabel sofreu derrotas na Câmara que demonstraram a necessidade de reorganização da base, que chegou a ter quase 30 nomes. O prefeito articulou contra a criação da CEI do Limpa Gyn, mas 12 membros de sua base se recusaram a retirar a assinatura do requerimento que dá aval à comissão (o documento tem 16 signatários, os outros quatro são independentes). A Câmara avança para instalar a CEI. A composição do colegiado foi publicada no DOM desta quarta (leia mais na página 5).Na semana passada, o plenário da Câmara aprovou a revogação da taxa do lixo, com 20 votos favoráveis e 13 contrários. A matéria ainda precisa passar pela Comissão de Finanças, Orçamento e Economia e por mais uma votação no plenário. A matéria já está apta a ser votada na Comissão de Finanças, mas o colegiado não foi convocado pelo presidente Welton Lemos (SD).Nos bastidores, o fato de a comissão ainda não ter sido convocada é vista como parte de estratégia para dar espaço para as articulações entre vereadores e Paço. No entanto, também existe a leitura de que a Prefeitura pode enfrentar dificuldade para conseguir os votos necessários para evitar a revogação da taxa do lixo. O entendimento é que um recuo neste ponto seria ruim para a imagem dos parlamentares e da Câmara de forma geral. A taxa do lixo foi proposta pelo ex-prefeito Rogério Cruz (SD), mas aprovada apenas no final de 2024, em articulação de Mabel, enquanto prefeito eleito, com os vereadores. Próximos passosA revogação da taxa do lixo e o projeto que amplia de 2 para 5 anos o limite do tempo de contratação de professores temporários estão entre as matérias de interesse do Executivo que podem passar por votação nas próximas semanas e devem servir como prova para a base. O projeto dos temporários está na CCJ, sob relatoria de Lucas Kitão (UB). O vereador apresentou parecer pela aprovação do texto, mas com emendas. Mabel se reuniu com membros da CCJ no início desta semana para tratar sobre o projeto. O colegiado tem reuniões às quartas, mas a última, realizada após a reunião com o prefeito, não foi aberta por falta de quórum.Além disso, Mabel tem outras matérias relevantes em tramitação na Casa, como o Plano Plurianual 2026-2029 e a proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026. Neste ano, os vereadores ainda precisam votar a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 e a data-base dos servidores. Antes do recesso de julho, o prefeito tirou de tramitação os projetos que determinavam mudanças na forma de aplicação do empréstimo de R$ 710 milhões, no Código Tributário Municipal (CTM) e alterações em regras de parcerias público-privadas (PPP), com a expectativa de devolver as matérias à Casa ainda neste ano. RepresentanteNeste cenário, Mabel também conversa com os vereadores para definir seu próximo líder na Câmara. Franco foi destituído do cargo na semana passada, após ter atuado a favor da revogação da taxa do lixo e da CEI. Entre os nomes mencionados nos bastidores estão Thialu Guiotti (Avante), Wellington Bessa (DC), Bruno Diniz (MDB) e Henrique Alves (MDB). Nos bastidores, eles afirmam que não têm interesse no posto.O nome de Oséias Varão (PL) também passou a ser citado por vereadores e membros do Paço. Varão afirmou que, levando em consideração o perfil da bancada do PL, haveria dificuldade em assumir o posto. O vereador também apontou que está dedicado a projeto político de fortalecimento da direita na capital. Além disso, um encaminhamento deste tipo teria de passar pela direção municipal e estadual do partido.Diante dos desafios, é possível que Mabel leve ainda mais tempo para definir o líder, mesmo correndo o risco de ter um voto a menos na CCJ, na Comissão de Finanças e na Mista, colegiados em que existem cadeiras reservadas para o representante do prefeito.