Depois de confirmar a aliados a desistência da pré-candidatura ao Senado por Goiás, o ex-ministro e secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles (PSD), retornou a São Paulo nesta terça-feira (29) e tentará uma última conversa com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para bater o martelo sobre a decisão.Conforme revelou O POPULAR, Meirelles já havia determinado pela manhã à assessoria a divulgação de nota oficial descartando a candidatura, depois de desentendimentos com a cúpula do PSD goiano. No entanto, à tarde, ele pediu pra segurar a nota e voltou a São Paulo.Ele também havia cancelado entrevista coletiva marcada para 13h30, no Castro´s Hotel, quando confirmaria a desistência.Depois da repercussão do anúncio, Meirelles ouviu de alguns aliados que ele deveria esclarecer a posição do partido com o diretório nacional, com quem houve o acerto para sua filiação em fevereiro do ano passado e o respaldo para a pré-candidatura. Ele avisou então a governistas que iria a São Paulo cobrar o compromisso do dirigente.Segundo pessoas próximas, o ex-ministro manifestou que poderia aguardar até o prazo final, no sábado (2), para ter as últimas conversas na sigla e decidir se mudará o domicílio eleitoral para Goiânia. Portanto, a nota ainda não tem previsão de ser divulgada.Na segunda-feira, na capital goiana, Meirelles havia se queixado de insegurança sobre o respaldo da cúpula do PSD. Alegou ver sinais de busca de alternativas de candidatura majoritária, atropelando seu projeto. A insatisfação seria com as articulações para que o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira, que se filiou ao PSD na manhã desta terça-feira, seja candidato ao Senado.Meirelles teve conversa tensa com o presidente estadual do PSD, Vilmar Rocha, na noite de segunda. O dirigente teria manifestado impaciência com a demora na definição, disse que ninguém mais confiava na candidatura e reclamou que a incerteza prejudicou a formação de chapas de deputado do partido.Leia Também:- De olho em vaga ao Senado, Republicanos têm almoço com Caiado em Brasília- Lissauer Vieira se filia ao PSD e é cotado para disputar o SenadoPara o grupo ligado a Meirelles, a manifestação foi entendida como "boicote" à candidatura do ex-ministro e mudança do compromisso feito pela direção. Há desconfiança inclusive de interesse do próprio Vilmar em disputar o Senado pelo partido. Já para o grupo de Vilmar e aliados do governo, trata-se de "mais uma desculpa" para justificar a desistência.A nota de Meirelles não faria nenhuma referência a insatisfação com o partido. Segundo informações de aliados, o ex-ministro já havia tentado conversar com Kassab no início da semana, mas não recebeu retorno.Há pelo menos 15 dias, a direção do partido já não contava mais com a candidatura do secretário do governo paulista. Kassab também já não botava fé no projeto de Meirelles e consultou lideranças goianas sobre plano B para a chapa majoritária.As especulações sobre a desistência começaram a surgir no mês passado, conforme relatou o Giro. Até aqui, Meirelles vinha apontando como entrave para sua candidatura o limite de financiamento de campanha.A desistência impacta na chapa majoritária do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), pré-candidato à reeleição. O ex-ministro era o favorito para a vaga ao Senado. Em reunião na semana passada, Caiado também cobrou de Meirelles maior rapidez na definição, mas não recebeu resposta.A base tem como outros pré-candidatos o presidente do PP goiano, Alexandre Baldy, e os deputados federais João Campos (Republicanos) e Delegado Waldir (UB), além da possibilidade de Lissauer topar a disputa.Vilmar se recusou a comentar a pré-candidatura de Meirelles no evento de filiação do presidente da Alego, no diretório estadual do PSD. Em entrevista coletiva, ele disse que falaria de outros temas, mas não do ex-ministro "por questões pessoais".