Evitando dar publicidade sobre quem são os interlocutores de suas articulações políticas, o grupo político de Gustavo Mendanha (Patriota) busca, a três dias da convenção, um nome de outro partido para vice-governador que seja, de preferência, de uma região com densidade eleitoral, mas diferente da metropolitana de Goiânia.A escolha se dá pelo fato de que tanto Mendanha quanto o pré-candidato a senador da chapa, João Campos (Republicanos), são do entorno da capital. O primeiro é ex-prefeito de Aparecida de Goiânia e o segundo tem sua base em Goiânia, onde é pastor de uma igreja evangélica. O grupo político também deseja um vice que tenha densidade eleitoral e, pelo apurado, acha interessante se for uma mulher ou alguém católico — Mendanha e Campos são evangélicos.Aliados do pré-candidato ouvidos pelo POPULAR citam duas regiões do estado como “favoritas” para a definição de um vice: o Entorno do Distrito Federal e o Sudoeste goiano, duas das maiores do estado em termos de eleitorado. As duas regiões somam mais de 1 milhão de eleitores.As conversas têm sido feitas com partidos da oposição e da base que têm interesse na vaga de vice. O diálogo passa por negociar a aliança tentando atender ao perfil estabelecido. Articuladores, porém, não dizem quais as siglas com as quais o diálogo têm sido mantido, tanto que as conversas têm ficado restritas a poucas pessoas.PressãoO principal motivo do sigilo é evitar o avanço do governo de Ronaldo Caiado (UB) para barrar o fortalecimento da candidatura de Mendanha. “O governo tem sido ágil e célere em fechar portas”, afirma um aliado. Caiado tem feito pressão, por exemplo, sobre o Republicanos a fim de tentar dissolver a aliança com Mendanha anunciada pela cúpula do partido na primeira quinzena de junho.Uma das pressões feitas continua sendo sobre pré-candidatos a deputado federal governistas que estão filiados à legenda, como o ex-secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda. O governador já exercia esse tipo de pressão mesmo antes do anúncio da aliança e envolvia também o deputado estadual Jeferson Rodrigues, que disputará cadeira na Câmara dos Deputados.A ideia é ameaçar desidratar as chapas de deputado federal, importante para os partidos por conta da definição dos fundos partidário e eleitoral, na tentativa de fazer os partidos ficarem na base do governo. Rodrigues pertence à ala do Republicanos que recebeu autorização para apoiar Caiado informalmente, mesmo que a legenda esteja na chapa de oposição. Mesmo caso do ex-secretário.Pressão desse tipo também foi feita sobre o PSD, que chegou a conversar com o grupo de Mendanha a respeito da vice, mas acabou definindo caminhar com a base governista, entre outros motivos, justamente para não perder dois dos nomes considerados puxadores de voto da chapa a federal e que têm ligações com o governo: o ex-secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, e o vice-prefeito de Rio Verde, Dannillo Pereira. (leia mais na página 4)O Patriota tem convenção marcada para a tarde do dia 5 de agosto, último dia do prazo legal para oficialização das candidaturas, justamente para ganhar mais tempo nas articulações.O mesmo fizeram os outros partidos com pré-candidatos ao governo mais bem colocados nas pesquisas até o momento, como o próprio o União Brasil de Caiado, e o PSDB do ex-governador Marconi Perillo. Tanto que, até o início da noite desta terça-feira (2), Goiás ainda era um dos nove estados sem pedidos de registro de candidaturas majoritárias no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).Leia também:- Rede faz vice do PSOL na chapa majoritária em Goiás- Lissauer desiste de candidatura ao Senado- Bolsonaro cresce com mais auxílios, dizem analistas