Fabiana Pulcineli

A agenda de conversas com dirigentes partidários, intensificação das ações no setor agropecuário e estratégias de divulgação das atividades, somadas ao apoio crescente de lideranças políticas, têm fortalecido o nome do ex-deputado federal e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner (MDB), na bolsa de apostas para a vaga de vice na chapa encabeçada pelo vice-governador Daniel Vilela (MDB) nas eleições ao governo de Goiás em 2026.

Em Brasília, no início do mês passado, José Mário pediu conversa com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, no diretório nacional do partido, acompanhado do senador Vanderlan Cardoso - dirigente da sigla em Goiás -, quando recebeu convite para se filiar e compromisso de respaldo para a vice. Também já teve conversas com representantes de outros partidos, como Republicanos e Novo.

Nesta segunda-feira (3), o ex-deputado reuniu na sede da Faeg sindicatos que representam produtores de grãos e, em tom eleitoral, fez críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendeu a importância da valorização do agro. Na quarta-feira (5), haverá nova reunião com produtores de leite. Ele também intensificou presença no interior com inaugurações e eventos, tanto das entidades que comanda (sistema Faeg/Senar) como de obras do governo estadual.

As movimentações são vistas como claro sinal do interesse de José Mário em compor a chapa. Ele desconversa e diz que as menções a seu nome são “resultado natural de muito trabalho e anos de estrada”.

O ex-deputado já era considerado um dos favoritos para a vice por pelo menos quatro fatores: a amizade e confiança do governador Ronaldo Caiado (UB); a capacidade de atrair o agro e o eleitor bolsonarista em uma provável disputa contra o PL do senador Wilder Morais; o fato de estar à frente do modelo de parceria com entidade privada para execução de obras rodoviárias do Fundeinfra (o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás é um braço da Faeg); e por representar experiência na chapa encabeçada por um nome jovem.

Em março, quando O POPULAR mostrou o início da corrida pela vaga na chapa governista, ele adotava tom mais discreto. Nas últimas semanas, assumiu a frente das negociações e tem recebido declarações de apoio de prefeitos e parlamentares. O Giro mostrou no fim de mês passado que, em evento de inauguração do Senar em Goianésia, o ex-deputado foi tratado como vice nos discursos.

Nesta segunda-feira, o líder do Governo na Assembleia Legislativa de Goiás, Talles Barreto (UB), voltou a defender o nome de José Mário para a chapa em entrevista à rádio Difusora. O deputado já havia manifestado o apoio na tribuna da Alego em junho.

Sobre as conversas com o PSD, o dirigente da Faeg diz que se trata de legenda com grande estrutura e que “vem crescendo a olhos vistos”, mas que não há definição sobre o destino partidário diante das indefinições sobre o cenário de 2026, tanto local como nacional. José Mário já foi do PSD antes de se filiar ao MDB para ser candidato a deputado, em 2018, e disse que conhece bem o partido e o poder de articulação da cúpula nacional.

Ele afirma que conversou com o governador, que é pré-candidato à Presidência da República, sobre a reunião com Kassab. “Eu não tenho esse jogo de conversar atrás da porta, não. Meu jogo é aberto. Mas é um momento de todo mundo conversar com todo mundo. Vai depender muito da conjuntura. Ainda não temos desenho formatado”, diz.

Vanderlan afirma que a conversa foi positiva e que o partido gostaria de ter filiação do ex-deputado. “Há interesse dos dois lados. O PSD é um partido grande, com estrutura e tempo de televisão. E quem não quer ter um quadro como o José Mário?”, diz, também ressaltando que as definições de filiação devem ocorrer apenas em 2026.

Sobre as reuniões com o agro, o ex-deputado afirma que não trata necessariamente de debate eleitoral, mas que é inevitável discutir “a política econômica do governo Lula” e a previsão de piora no futuro (caso o petista seja reeleito). “As commodities caíram e o custo de produção não caiu. Isso gerou um descompasso muito grande entre receita e despesa. E levou muitos produtores a um nível de endividamento bastante grande e as tentativas de negociação têm condições ruins, com esses juros altos. Quebra qualquer um. Fizemos essa reunião maior hoje (segunda-feira) com os sindicatos, para buscar soluções, discutindo com os agentes financeiros e os projetos de lei no Congresso.”

José Mário tem repetido aos produtores que o governo Lula não cumpre a tarefa de casa de cortar gastos nem respeitar teto orçamentário. “Isso tudo leva um desarranjo econômico. Qual é a previsão de crescimento do PIB ano que vem? 2%. Isso vai representar uma melhoria de renda para a família brasileira? Não. Não aumentando a renda, não melhora o consumo. Então é uma roda”, diz.

Outros nomes

Há pelo menos outros três nomes mais cotados para a vaga de vice de Daniel: o ex-senador Luiz Carlos do Carmo (Podemos); o secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima; e o ex-prefeito de Rio Verde Paulo do Vale (UB). Também há especulações sobre a possibilidade de um representante do Entorno do Distrito Federal.

No grupo de aliados próximos de Daniel, há defesa pelo nome de Luiz do Carmo, por atrair o eleitorado evangélico. Ele é irmão do bispo Oídes do Carmo, da Assembleia de Deus Ministério Madureira, Campo Campinas. “O agro representa 5%, 7% do eleitorado. Os evangélicos são cerca de 30%. Então um representante deles agregaria mais politicamente”, afirma um governista.

Ao Giro na semana passada, o ex-senador também deixou claro o interesse em compor a chapa, ao afirmar que também representa o agro, que se considera qualificado e que teria condição de dividir bolsonaristas, levando apoio ao candidato do governo.

Apesar de ainda aparecer entre cotados, Adriano da Rocha Lima é quem teria menos chances hoje de ser vice, segundo representantes do grupo governista. Mesmo considerado braço direito do governador, ele não agregaria nem partido nem segmentos, além de ter baixo grau de conhecimento entre o eleitorado.

Movimentação de Schreiner volta a destacar disputa por vaga na vice

Política

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Matéria - Política

Eleições 2026

A cerca de cinco meses da data prevista para a renúncia de Ronaldo Caiado (UB), no começo de abril de 2026, integrantes da base do governo estadual já colocaram prognósticos sobre a futura gestão do vice-governador Daniel Vilela (MDB) na ordem do dia.

Uma das principais apostas é a de que o emedebista olhará com mais “carinho” para as demandas políticas dos aliados.

A avaliação é a de que, assim que se tornar governador, o emedebista terá de fazer gestos para garantir a coesão do grupo de sustentação formado por Caiado, além do engajamento no seu projeto de reeleição. Mas não para por aí.

“Ele tem um perfil muito diferente do Caiado, que é um craque e joga muito bem nas eleições, mas não faz política nos quatro anos (de mandato). O Caiado sempre se impôs pelo tamanho e a força dele como governador. A expectativa com Daniel é de um carinho e atenção maiores”, resume um dos dirigentes partidários ouvidos pela coluna.

<h2>Fim de papo</h2>

Transitou em julgado a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) favorável à primeira-dama Gracinha Caiado (UB) na representação eleitoral que apontava uso da estrutura do governo estadual para sua suposta promoção pessoal e para o fortalecimento da pré-candidatura a senadora. A ação foi movida pela federação PSDB-Cidadania.

<h2>Não subiu</h2>

O TRE julgou o caso no dia 16 de setembro. A federação PSDB-Cidadania e o Ministério Público Eleitoral (MPE) não recorreram. O prazo se esgotou e o caso foi encerrado.

<h2>Outra ação</h2>

O ministro André Mendonça, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rejeitou, no início de outubro, representação do mesmo PSDB-Cidadania contra o governador Ronaldo Caiado, por suposta propaganda eleitoral antecipada. Em seguida, o magistrado intimou o MPE a se manifestar.

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Já era- Isso é o que restou do túnel formado por árvores que cobria trecho da pista de caminhada da Praça Teresa Santana da Costa, no Residencial Eldorado, em Goiânia. (Foto do leitor)

<h2>Recuo</h2>

A lei do Programa de Recuperação Fiscal deve ser sancionada nesta segunda-feira (3). A Prefeitura decidiu vetar trecho de sua própria autoria que proíbe os contribuintes que aderirem à edição de 2025 de participarem do Refis nos próximos três anos. A Secretaria Municipal da Fazenda considerou a medida “excessivamente punitiva”.

<h2>Relativo</h2>

Apesar de o trecho ter sido vetado, auxiliares de Sandro Mabel (UB) apontam que, ao menos no momento, ele não demonstra interesse em propor novas edições do Refis em 2026 e 2027. O prefeito tem dito internamente que a tendência é de retomar o programa em 2028. O cronograma coincide com o fechamento das contas do seu último ano de mandato.

<h2>Parte dois</h2>

O senador Vanderlan Cardoso não descarta tirar nova licença em 2026, para se dedicar à pré-campanha de reeleição. Se o fizer, abrirá espaço para o suplente Pedro Chaves (MDB) assumir mandato pela segunda vez.

<h2>Pergunta para:</h2>

Vanderlan Cardoso -&nbsp;Senador pelo PSD

<img attr-cid="policy:1.3331590" attr-version="policy:1.3331590:1762137409" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3331590/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Senador pelo PSD, Vanderlan Cardoso ()

O sr. acaba de voltar ao Senado. Qual o clima em relação à PEC da Segurança Pública?

Acho que agora, com o que aconteceu no Rio de Janeiro, o governo (federal) tem um discurso em cima disso, mas a maioria dos governadores vai ser contra. Comecei a analisar essa PEC em detalhes agora. Vou procurar ouvir o governador (Ronaldo Caiado), que já fez um levantamento. Tanto é que ele tem se posicionado contra.

<h2>Arremate:</h2>

Dia de Jackson - A convidada do Jackson Abrão Entrevista desta segunda-feira (3) é a secretária estadual de Meio Ambiente, Andréa Vulcanis. O programa tem transmissão ao vivo no portal do POPULAR, a partir das 10 horas.

Pauta -&nbsp;O principal tema da conversa de Jackson Abrão com Vulcanis será o aterro sanitário de Goiânia, incluindo a polêmica recente envolvendoo prefeito Sandro Mabel.

Em Goiás -&nbsp;A cidade de Goiás receberá, entre terça (4) e quinta-feira (6), o Congresso Conviver 2025. O evento, que discute habitações populares e patrimônio cultural, terá presença de professores e alunos de universidades e institutos federais de todo o Brasil.

Expectativa da base em relação a Daniel é de maior atenção às demandas

Opinião

Matéria - Coluna Giro

Giro

Uma das frases mais conhecidas sobre o funcionamento da política, atribuída ao mineiro Magalhães Pinto, a compara a uma nuvem. “Você olha e ela está de um jeito. Você olha de novo e ela já mudou”. O fenômeno se revelou nesta semana, desta feita provocado por instabilidades na temperatura do debate nacional em consequência da operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro em dois complexos de favelas ocupadas pelo Comando Vermelho (CV).

Em 11 de outubro mostrei nesta coluna o ambiente desafiador para os pré-candidatos da direita, em especial para o governador Ronaldo Caiado (UB). E por uma série de razões, entre elas a recuperação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) graças às sanções dos Estados Unidos contra o Brasil articuladas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL/SP); pela falta de apoio popular à anistia dos golpistas; pela fragmentação da direita, que ficou sem discurso e líderes para sua reorganização após a prisão domiciliar e a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.&nbsp;

Caiado ainda entrou em rota de colisão com o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, quando este defendeu a candidatura a presidente do governador Tarcísio de Freitas (SP) ou de Ratinho Júnior (PR), o que inviabilizaria o projeto eleitoral do goiano pelo União Brasil e o forçaria a procurar alternativa partidária. A massa de ar quente que subiu dos morros cariocas movimentou essas nuvens.

Segurança pública será o principal tema da campanha de 2026. Pesquisa Quaest, divulgada em 8 de outubro, revelou que a violência preocupa 30% dos brasileiros, à frente de problemas sociais (18%), economia (16%), corrupção (14%) e saúde (11%). Acrescente-se a isso, a posição ideológica da direita de fazer o enfrentamento de criminosos com táticas de guerra – “mirar na cabecinha e... fogo!...”, frase do ex-governador do Rio Wilson Witzel, ele próprio abatido do governo por denúncias de corrupção, é o sonho de verão da maioria dos líderes políticos autoritários.

Eis que aconteceu a operação nos complexos cariocas, percebida por Caiado e pelo governador de Santa Catarina, o “marqueteiro” Jorginho Melo, como ocasião de ouro para esse campo recuperar a proeminência perdida. Uma explicação necessária, antes de continuar o raciocínio: foi o governador Cláudio Castro (RJ) quem apresentou Jorginho Melo como “marqueteiro” dos governadores. A operação de Castro, que seus colegas parabenizaram em visita de solidariedade ao Palácio da Guanabara, na quinta-feira (30), e que consideraram um sucesso – ainda que se desconheça o resultado efetivo no desmantelamento do CV – pode estar para a recuperação de espaços da direita como a campanha de Eduardo Bolsonaro contra o Brasil esteve para Lula.&nbsp;

Ainda é cedo para se ter essa certeza, mas ao menos por enquanto o marketing de Jorginho Melo deu resultado, em especial para Caiado, que se tornou nos últimos dias a voz mais ouvida em veículos da mídia nacional, desde programas populares, como Pânico, a canais exclusivos de informação, como GloboNews. O mês de outubro terminou melhor para Caiado do que começou.&nbsp;

De candidato preterido pelo Centrão, com risco de ficar sem legenda, ele agora recupera visibilidade nacional e a esperança de que a federação PP/UB vai fracassar. Outro fator importante para Caiado é a percepção no meio político de que Tarcísio de Freitas ficará mesmo fora da eleição presidencial, favorecendo o lançamento de mais de um nome da direita, estratégia defendida pelo goiano.&nbsp;

Ah, e a discussão e elaboração de políticas públicas eficientes para enfrentar a violência urbana tão reclamadas pela população brasileira? Ficará em segundo plano à direita e à esquerda, muito ocupadas com estratégias midiáticas de curto prazo para a sobrevivência eleitoral. A polarização ideológica interditou o necessário debate, porque políticas públicas de Estado de médio e longo prazos não vencem eleições. Ações populistas, sim, pois enganam o eleitor com sua falsa eficácia. Infelizmente, esta é a marca em comum entre todos os partidos brasileiros.

Segurança como disputa eleitoral

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Cileide Alves

Discurso sobre segurança une direita, mas apresenta riscos

O imediato efeito político em torno de <a href="https://opopular.com.br/politica/governadores-se-reunem-no-rio-e-anunciam-consorcio-da-paz-1.3330749" target="_self">governadores e pré-candidatos da direita à Presidência da República</a>, a partir da politização da megaoperação realizada contra traficantes no Rio de Janeiro, tem capacidade limitada para fortalecer o discurso de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo especialistas ouvidos pelo POPULAR, o tema da segurança pública deve ser central no debate nacional em 2026, mas o potencial para os direitistas pode se esgotar com a falta de resultados concretos.

Além disso, os cientistas políticos consideram que a transformação da ação policial mais letal da história do estado carioca em <a href="https://opopular.com.br/politica/direita-utiliza-operac-o-contra-traficantes-no-rio-para-ataques-1.3330256" target="_self">palanque eleitoral apresenta ônus e bônus aos opositores</a>. Ao mesmo tempo em que podem alcançar o público mais radical ligado a Jair Bolsonaro (PL), sem precisar da indicação direta do ex-presidente, os governadores correm o risco de encontrarem desgastes com eleitores de perfil moderado.

Apesar da intenção de demonstrar força contra a criminalidade e contrapor as ideias apresentadas pelo governo federal, a operação no Rio pode representar símbolo da defesa por uma atuação violenta, ineficaz e contrária a conceitos de direitos humanos. A megaoperação deixou pelo menos 121 mortos, sendo quatro policiais.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/direita-utiliza-operac-o-contra-traficantes-no-rio-para-ataques-1.3330256" target="_self">Direita utiliza operação contra traficantes no Rio para ataques</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/lula-envia-peritos-ao-rio-e-acelera-projeto-antifacc-o-1.3330751" target="_self">Lula envia peritos ao Rio e acelera projeto antifacção</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/governadores-se-reunem-no-rio-e-anunciam-consorcio-da-paz-1.3330749" target="_self">Governadores se reúnem no Rio e anunciam 'consórcio da paz'</a></div>

Logo depois da ação, gestores estaduais de direita anunciaram apoio à gestão de Cláudio Castro (PL) e o governador goiano, Ronaldo Caiado (UB), passou a apontar que as demandas de segurança pública representam um “divisor de águas” para a disputa ao Palácio do Planalto no próximo ano.

“Cabe à população escolher o que deseja. As pessoas querem optar lá na frente, no dia da eleição em 2026, pela continuidade desse tema, que está destruindo a sociedade brasileira, ou querem um governo que realmente respeita a vontade popular e saiba devolver o Brasil aos brasileiros de bem. Esse é o divisor de águas”, afirmou Caiado, que mantém esforços para viabilizar a própria candidatura.

“Essa pauta não é criada por nós. Ela é definida pela população brasileira, que é ameaçada e grita para que as autoridades tenham coragem para enfrentar o crime”, completou Caiado nesta sexta-feira (31), em entrevista ao portal Metrópoles.

Para o pesquisador do Observatório da Extrema Direita no Brasil e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fábio Gentile, a agenda levantada pela operação policial “não é suficiente” para a estruturação do discurso da direita. “Falta um ano para a eleição e o eleitorado, tradicionalmente, não tem memória e transita muito. Então, essa não pode ser a única pauta, mas os governadores vão apostar nessa temática”, considera.

Para o estudioso, a questão para os governadores a partir de agora é definir como o assunto deve ser utilizado para consolidar campanha efetiva contra o governo Lula. Segundo ele, um ponto fundamental seria a prisão de Edgar Alves em novas operações sem violência e falta de respeito aos direitos humanos. “É provável que sejam utilizadas estratégias mais sofisticadas e com inteligência para tentar alcançar o chefe do Comando Vermelho e utilizar isso na campanha eleitoral”, aponta.

O professor italiano, radicado no Brasil, aponta que a segurança pública é sempre uma questão delicada, porque envolve violência e mortes. “Em meio ao discurso extremo de que bandido bom é bandido morto, que foi muito explorado nas eleições de 2018, o perigo é ser estigmatizado por defender um modelo de sociedade muito excludente, agressivo, dominado pela violência”, afirma Gentile.

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<h2>Riscos</h2>

Com o discurso de “tolerância zero” com o narcotráfico, o grupo de seis governadores da oposição se reorganizou e lançou na quinta-feira a formação do “Consórcio da Paz”, focado na integração de forças de inteligência e estruturas operacionais. Ao longo dos últimos meses, a direita se dividiu e perdeu força no debate nacional sobre com a tentativa de anistiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e e assistiram à <a href="https://opopular.com.br/cidades/lula-envia-peritos-ao-rio-e-acelera-projeto-antifacc-o-1.3330751" target="_self">recuperação de avaliação positiva de Lula</a>.

Para o doutor em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), Josimar Gonçalves, a politização da operação é um movimento calculado e potencialmente viável como estratégia de rearticulação da direita. Segundo ele, o grupo busca, desde 2022, um “novo eixo de coesão”, após a derrota de Jair Bolsonaro e a fragmentação do campo conservador. “A segurança pública sempre foi um ponto de convergência entre os governadores de direita e agora aparece como uma narrativa capaz de substituir o discurso moralista e antissistêmico do bolsonarismo por um discurso de ordem e eficiência”, considera.

O especialista aponta, no entanto, que a viabilidade do discurso depende da capacidade dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), que tiveram posturas mais discretas, além de Caiado, transformarem o tema em um projeto nacional, além de ações regionais ou reações ao governo Lula. “Se ficar restrito à crítica, sem apresentar um modelo de política de segurança que mostre resultados concretos, o tema pode se esgotar rapidamente, especialmente se houver denúncias de abusos, letalidade excessiva ou ineficiência das operações”, afirma.

Josimar avalia que as “controvérsias” da megaoperação no Rio de Janeiro representam o principal “risco político” da direita, já que a operação pode ser interpretada tanto como demonstração de força quanto como exemplo de improviso e brutalidade policial. “Se o debate público migrar do combate ao crime para a crítica à violência do Estado, a oposição corre o risco de perder o controle narrativo”, define.

A frustração do grupo de oposição, segundo o professor, pode ocorrer especialmente caso o governo federal consiga se posicionar como defensor de uma segurança pública com inteligência e respeito aos direitos humanos. “Essa mensagem ressoa bem junto ao eleitorado de centro”, diz. O cientista também confirma a necessidade de apresentação de êxitos efetivos, como a captura do principal alvo da operação.

“A ausência disso enfraquece a narrativa de eficiência e reforça a percepção de que ações espetaculares muitas vezes têm efeito mais midiático do que estratégico. Assim, há um dilema para os governadores: manter o tema em alta pode mobilizar suas bases, mas também os expõe a questionamentos sobre resultados concretos”, afirma.

<h3>Contraponto</h3>

Por outro lado, a repercussão política da megaoperação e o potencial reagrupamento da direita cria novos desafios para o governo e a pré-candidatura de Lula. Na avaliação da professora de ciência política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart, o campo progressista tem dificuldade com o tema da segurança pública, por conta de uma “incapacidade de oferecer respostas com o mesmo grau de concretude imediatista que o discurso da força proporciona”.

A especialista carioca considera que “as soluções do governo petista, baseadas em prevenção, tecnologia, integração institucional e políticas sociais, não produzem efeitos perceptíveis de forma imediata”. Segundo ela, a ausência ocorre sobretudo entre as pessoas que vivem “sob medo e violência cotidiana”, que enxergam na ação imediata um argumento “mais convincente do que projetos de longo prazo”.

O cientista político Murilo Medeiros, também da UnB, considera que a segurança é o tema de maior apelo transversal no eleitorado brasileiro e a associação política a uma operação de impacto amplia o capital político. Especialmente para Caiado, o especialista aponta que o consórcio de governadores pode se tornar vitrine para que o governador se projete além das fronteiras estaduais.

“Porém, como tática eleitoral, isso também traz riscos. A retórica da “guerra ao crime” tem alto apelo inicial, mas tende a desgastar-se sem resultados estruturais, podendo gerar fadiga no eleitorado”, analisa.

O governador Ronaldo Caiado tem tratado com otimismo a possibilidade de o União Brasil não levar adiante a federação com o PP, que ainda não foi homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O pré-candidato a presidente da República relatou a aliados que a aliança perdeu força nos últimos dias, principalmente por conta de divergências em palanques estaduais.

No entanto, a percepção é a de que o embate público travado no início de outubro com o presidente do PP, Ciro Nogueira, também teria ajudado a azedar o clima. É que, apesar de ter levado a público a desconfiança em relação à viabilidade do projeto de Caiado, a leitura é a de que o dirigente pepista trocou os pés pelas mãos ao dizer à CNN que o comando da federação é seu. O episódio teria respingado no presidente nacional da sigla, Antônio Rueda, que já não alimentaria o mesmo entusiasmo com a união paritária.

A cúpula do UB deve se reunir para debater o tema na semana que vem, quando Rueda e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto retornarem da China, onde participam de missão da Fundação Índigo, vinculada ao partido.

Quer ficar

Após confirmar conversas em busca de alternativas partidárias, o fim da federação PP-UB passou a ser a aposta de Caiado para permanecer no UB e tocar sua pré-candidatura por um grande partido.

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Íntimo

Segundo caiadistas, o principal defensor da posição contrária à do governador na cúpula do UB é ACM Neto, considerado um grande aliado. O ex-prefeito quer apoio do PP, que flerta com o PT, para disputar o governo da Bahia.

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Cético

Presidente do PP em Goiás, Alexandre Baldy nunca acreditou na viabilidade da federação. Pelo que tem dito a interlocutores, segue com a mesma leitura.

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Quando?

Caiado avisou a deputados estaduais do UB, ansiosos com os efeitos do imbróglio na formação de chapas, que são grandes as chances de recuo na federação. Ficou de chamá-los para conversar quando o debate avançar.

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É cada uma -Placa de venda de imóvel fixada no guardrail do Viaduto Latif Sebba, no Setor Oeste, em Goiânia. (Wesley Costa / O Popular)

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Freio I

A leitura de Caiado, e de outros governadores de direita, é a de que a operação contra o Comando Vermelho pode interromper o “voo livre” que o presidente Lula (PT) iniciou do ponto de vista eleitoral. O tema segurança pública é espinhoso para o governo federal e tem aparecido em pesquisas no topo das principais preocupações dos brasileiros.

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Freio II

A percepção dos mesmos governadores de direita é a de que o governo Lula agiu logo “para jogar a crise no colo” do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Saiu daí a ideia da comitiva que vai à capital fluminense nesta quinta para demonstrar apoio ao bolsonarista. Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, não vai.

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Queimou largada?

O presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (UB), iniciou conversa com o vice-governador Daniel Vilela (MDB) sobre a destinação dos R$ 600 milhões em sobras do duodécimo, mas não tratou do assunto com Caiado (UB) ou seus auxiliares. O resultado foi a negativa mostrada ontem pelo POPULAR.

Pergunta para:

<img attr-cid="policy:1.3330205" attr-version="policy:1.3330205:1761785386" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3330205/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Cerimônia que celebrou os seis anos do Batalhão Rural, na sede da Assembleia Legislativa, em Goiânia. A sessão solene também marcou a conclusão do cadastramento de 142 mil propriedades rurais do estado. Na foto, a vice-prefeita de Goiânia, Coronel Cláudia (Avante). (Diomício Gomes / O Popular)

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Cláudia Lira (Avante)

Prefeita em exercício

A sra. pediu para usar a tribuna da Câmara de Goiânia nesta quinta-feira (30). Qual o objetivo?

Pedi para usar a tribuna livre, que tinha usado antes de entrar para a política, como coronel da PM, para pedir emendas. Vou usar esse momento para convidar os vereadores para a Feira da Agricultura Familiar, no dia 6 de novembro, no Paço, e para conhecer nossos projetos na Secretaria de Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Agricultura e Serviços.

Arremate:

No Entorno - O PSD Mulher de Goiás promove encontro nesta quinta-feira (30), em Águas Lindas. Serão empossadas 19 presidentes municipais, que cuidarão das atividades da ala feminina da sigla no Entorno do Distrito Federal. A ex-senadora Ana Amélia será palestrante.

Rumo… -&nbsp;O governo estadual abre as portas nesta quinta da primeira unidade do Hub Goiás no interior. O espaço foi instalado em Rio Verde.

...ao interior -&nbsp;O investimento inicial é R$ 1,5 milhão e foi realizado em parceria com a prefeitura de Rio Verde. Segundo a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação o volume total de recursos aplicados no Hub Goiás passa dos R$ 30 milhões desde sua criação, em 2023.