-Imagem (1.491294)Em meio à transição de gestões nos municípios, pelo menos seis prefeitos eleitos já determinaram estudos ou sondagens sobre municipalização ou licitação de água e esgoto. Pressionados durante a campanha eleitoral por conta de problemas na prestação do serviço, eles ameaçam romper o contrato com a Saneago, a exemplo de Goiânia, em que Iris Rezende (PMDB) quer reverter lei aprovada este ano de ampliação da concessão à estatal por mais 30 anos. A Saneago, que está presente em 225 dos 246 municípios goianos, usa decisão recente da Justiça determinando a Caldas Novas (Sul goiano) o pagamento de indenização para reforçar o argumento de que a municipalização é desvantajosa aos prefeitos. O valor, com correção e juros calculados pela estatal, é de nada menos que R$ 507 milhões.O governador Marconi Perillo (PSDB) também atua em conversas com parte dos prefeitos eleitos, quando tem garantido investimentos e tenta demovê-los da ideia de romper o contrato.Em geral, os 21 municípios responsáveis pelos serviços também enfrentam dificuldades de atender a demanda, mas cobram tarifas bem mais baixas do que a Saneago. Cidades maiores garantem que as companhias de saneamento municipais dão lucro. Já em municípios menores, há queixa de déficit. A maioria das novas gestões que cogitam mudanças no sistema de saneamento é de prefeitos da oposição - Aparecida de Goiânia, Formosa, Goianésia, além da capital. Mas em Anápolis e Inaciolândia, que terão prefeitos de partidos aliados do governo, o assunto também é estudado. Roberto do Órion (PTB), que venceu as eleições em Anápolis, defendeu durante a campanha a separação dos serviços de água e esgoto, com concessão do segundo e utilização dos recursos para garantir investimentos no abastecimento do primeiro. A falta de água tem sido frequente no período da seca. Em audiência com o governador, o petebista afirma que houve compromisso de que parte dos recursos da venda da Celg será investida no saneamento no município. Ele afirma que a Saneago calcula em R$ 60 milhões a necessidade de aplicação de recursos. “Estou aguardando uma próxima reunião para detalharmos o assunto. Vamos fazer esse investimento de um jeito ou outro.”Prefeito eleito de Formosa, o deputado estadual Ernesto Roller (PMDB) afirma que a tarifa da Saneago é muito alta para o serviço prestado, mas diz que não tomará decisão sem estudos aprofundados. “Há dez anos esperamos a barragem de captação de água, que custaria R$ 30 milhões, e não sai. Todo ano falta água”, critica.“Das consultas que já fiz, todos consideram que municipalizar é positivo para os 50 maiores municípios do Estado. Mas todos os aspectos precisam ser bem avaliados, inclusive possibilidade de ter de pagar indenização. Não é um tema para se discutir politicamente”, afirma Roller.Um outro argumento da Saneago contra a municipalização é o impacto nas tarifas de água e esgoto, já que há o subsídio cruzado, que permite a tarifa única em todos os municípios. Os gestores de grandes cidades alegam que é injusto cobrar caro dos usuários para compensar prejuízos de municípios pequenos.