Paço fará ajuste na LOA com alta de R$ 377 milhões nas receitas

Com a próxima reunião da Comissão Mista, da Câmara Municipal de Goiânia, ainda sem data marcada, o vice-presidente da Casa, Anselmo Pereira (MDB), cobrou nesta quarta-feira (17), sem citar nomes, uma definição em relação ao trâmite dos projetos de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, que precisam ser <a href="https://opopular.com.br/politica/emendas-na-ldo-ainda-ser-o-analisadas-diz-relator-1.3344784" target="_self">analisados pelo colegiado antes da votação pelo plenário</a>.

“Faço apelo que quem está com a LDO e a LOA precisa pensar o que temos que fazer. Há Natal e há Ano Novo. Há do verbo haver. Tem. Precisa otimizar o serviço”, disse Anselmo, segundos depois de encerrar a sessão ordinária, com o plenário da Câmara já praticamente vazio.

O presidente da Comissão Mista, Cabo Senna (PRD), e o relator da LDO, Lucas Vergílio (MDB), não estavam presentes quando da declaração de Anselmo. O colegiado é responsável pela análise das duas propostas orçamentárias, que são de autoria da Prefeitura. Ambas estão paradas na comissão. A LDO chegou à Câmara em 12 de agosto e passou por série de idas e vindas ao longo de todo o semestre, incluindo o envio de um texto substitutivo. Já a LOA chegou ao Legislativo em 31 de outubro.

<ul style="padding-right: 0px; padding-left: 0px; margin: 0px 0px 5.5px 25px; color: rgb(0, 0, 0); font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 11px;">
	<li>Ouça na CBN Goiânia mais detalhes sobre a defesa do texto:&nbsp;<a href="https://www.cbngoiania.com.br/tarde-cbn/tramitac-o-da-ldo-na-camara-de-goiania-tem-divergencias-entre-vereadores-1.3318606" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none;" target="_blank">Tramitação da LDO na Câmara de Goiânia tem divergências entre vereadores</a></li>
</ul>

Em ida à Câmara na terça-feira (16) para a Premiação Transparência dos Municípios Goianos 2025, o prefeito Sandro Mabel (UB) afirmou que houve diálogo sobre a LDO e que o recesso parlamentar não começa antes da votação da matéria e da LOA.

“Ninguém pode sair de férias se não votar a LDO e a LOA. Nós tivemos várias reuniões, alinhamos uma série de coisas nas expectativas para que nós possamos efetivamente poder votar esta semana. Acho que ela está bem clara, bem transparente e não vejo dificuldade para se votar”, disse o prefeito na ocasião.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/paco-fara-ajuste-na-loa-com-alta-de-r-377-milh-es-nas-receitas-1.3345262" target="_self">Paço fará ajuste na LOA com alta de R$ 377 milhões nas receitas</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/emendas-na-ldo-ainda-ser-o-analisadas-diz-relator-1.3344784" target="_self">Emendas na LDO ainda serão analisadas, diz relator</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/mabel-aponta-alinhamento-para-a-aprovac-o-da-ldo-1.3350917" target="_self">Mabel aponta alinhamento para a aprovação da LDO</a></div>

Apesar das falas de Mabel indicarem acertos, nos bastidores da Câmara há incertezas inclusive na cúpula sobre a data da reunião da Mista para votar a LDO. A informação é que Senna não tem feito sinalizações para marcar o encontro, mesmo às vésperas das festividades de fim de ano. É nesse contexto que cresce a possibilidade de a Casa ter de convocar sessões extraordinárias nas últimas semanas do ano para dar andamento às pautas orçamentárias.

O índice de remanejamento de recursos que a Prefeitura poderá fazer em 2026 sem pedir autorização ao Legislativo é o principal impasse entre Câmara e Paço. Os vereadores sugeriram 37 emendas à LDO. Como mostrou o POPULAR, todas as propostas foram analisadas pelo Paço e a ordem é aproveitá-las ao máximo, desde que não sejam vistas pela Prefeitura como prejudiciais para o Orçamento de 2026. O mesmo vale para o relatório de Vergílio, que será apreciado pela Comissão Mista.

Na primeira versão da LDO, a Prefeitura propunha remanejar até 50% do Orçamento municipal. Após pressão da Câmara, no substitutivo enviado à Casa no dia 21 de outubro, esse índice caiu para 30%. Além disso, o Executivo também estabeleceu a exclusão de suplementações ao Legislativo. Outra mudança realizada foi nas regras que tratam da reserva para atendimento de emendas impositivas dos vereadores.

<div attr-cid="policy:1.3345314" attr-version="policy:1.3345314:1764841961" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3345314" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3345314', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3345314">Paço fará ajuste na LOA com alta de R$ 377 milhões nas receitas (1.3345314)</a></div>

<a href="https://opopular.com.br/politica/mabel-aponta-alinhamento-para-a-aprovac-o-da-ldo-1.3350917" target="_self">As emendas já apresentadas pelos vereadores à LDO</a> tratam de regras para execução orçamentária, controle fiscal e inclusão de ações específicas nas áreas de Educação, Infraestrutura, Segurança e Assistência Social. Vitor Hugo (PL) apresentou o maior conjunto de emendas, 12, e uma delas propõe mecanismos para controle da despesa de pessoal e redução do limite para abertura de créditos suplementares. Kátia Maria (PT) defende, em emenda, a redução do limite de suplementação de 50% para 20% na despesa fixada na LOA.

Procurados pelo POPULAR, Senna e Vergílio não retornaram aos contatos.

Novo "travamento" de projetos orçamentários gera debate na Câmara

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Legislativo

O governo de Goiás encaminhou projeto de lei complementar à Assembleia Legislativa, aprovado já nesta quarta-feira (17), em que admite não ter R$ 4 bilhões para aporte no Fundo de Estabilização Econômica de Goiás (FEG), criado em maio deste ano e anunciado pelo governador Ronaldo Caiado (UB) como uma <a href="https://opopular.com.br/politica/caiado-ve-medidas-fiscais-como-vitrine-para-o-pais-1.3243543" target="_self">“poupança” para casos de crise</a> e para evitar novo cenário de desequilíbrio nas contas do Estado. O projeto admite a possibilidade de uso de recursos de superávit, mas desobriga qualquer abastecimento do fundo. Até o momento, a previsão é que continue zerado.

Em outubro, o Giro já havia mostrado que o Estado não possuía dinheiro para o FEG. O fundo foi instituído por emenda constitucional de maio deste ano e depois regulamentado por lei complementar de julho. A norma estabelecia reserva de R$ 4 bilhões do superávit alcançado em anos anteriores, que chegava a R$ 15 bilhões, segundo informações do governo. A utilização do FEG só poderia ocorrer em calamidade pública ou queda brusca de arrecadação e o descumprimento das regras previa sanções da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Além do aporte inicial, a lei de julho estabelece que também constituirão receitas do FEG uma parcela de 50% a 70% do superávit financeiro anual; recursos de vendas e concessões; contribuições e doações de entidades públicas e privadas e rendimentos do próprio fundo. No primeiro caso, o repasse ao FEG deveria ocorrer “impreterivelmente” ao final do mês de junho de cada ano.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/caiado-ve-medidas-fiscais-como-vitrine-para-o-pais-1.3243543" style="font-size: 12px;" target="_self">Caiado vê medidas fiscais como 'vitrine' para o país</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/goias-registrou-deficit-12-vezes-em-24-anos-de-lrf-1.3140090" style="font-size: 12px;" target="_self">Goiás registrou déficit 12 vezes em 24 anos de LRF</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/caiado-critica-picuinhas-e-esperteza-ao-falar-sobre-teto-1.3140086" style="font-size: 12px;" target="_self">Caiado critica 'picuinhas' e'esperteza' ao falar sobre teto</a></div>

O projeto acaba com a obrigatoriedade do aporte inicial e reduz a 20% a parcela do superávit que poderá ser repassado ao fundo. No entanto, o texto estabelece que também não há determinação para a transferência: o artigo que falava “impreterivelmente em junho” muda para a condição de “disponibilidade orçamentária e financeira”.

A criação do FEG foi anunciada por Caiado em entrevista coletiva no Palácio das Esmeraldas em 20 de março, quando falou em “vacina contra vírus do governo Lula”, “vitrine para o Brasil” e que Goiás era “referência fiscal no País”. Pré-candidato à Presidência da República, o governador dizia que o fundo representava mais uma inovação de seu governo e “iniciativa inédita” para evitar desestabilização financeira em caso de crise econômica.

Ele disse na ocasião que a iniciativa representava “vacina” contra irresponsabilidade fiscal no governo estadual, com referências a gestões anteriores, do PSDB, e do governo federal, fazendo críticas diretas à gestão Lula, a quem acusou de descumprir metas fiscais.

No projeto enviado agora à Alego, o governador admite não haver sobra dos recursos e justifica que o objetivo é “adequar o regramento à decisão estratégica fiscal adotada pelo Estado de Goiás e às condições efetivas de disponibilidade financeira do Tesouro Estadual”. Ele aponta que os argumentos para a iniciativa foram apresentados pelas Secretaria da Economia e da Secretaria-Geral de Governo, que elaboraram a proposta do fundo no primeiro semestre. O titular da SGG, Adriano da Rocha Lima, seria o presidente do Comitê Gestor do FEG (CGFEG), segundo a lei de julho.

“Parte significativa da poupança financeira originalmente prevista para capitalizar o FEG foi mobilizada para a quitação de passivos históricos relevantes, como a recomposição do fundo de reserva de depósitos judiciais, o reforço no pagamento de precatórios, as restituições do Bolsa Garantia, além da aceleração de investimentos estratégicos e estruturantes em saúde, educação, segurança pública, assistência social e infraestrutura”, afirma Caiado, ainda na justificativa.

Ele também diz que, até o quinto bimestre (outubro) de 2025, o volume de investimentos dobrou em relação ao mesmo período de 2024, passando de R$ 2,14 bilhões para R$ 4,12 bilhões. “0 volume é mais de três vezes superior ao dos investimentos liquidados em todo o ano de 2018 (R$ 1,13 bilhão). Esse incremento evidencia a aplicação eficiente e estratégica dos recursos públicos, orientada ao robustecimento das políticas de saúde, educação, assistência social, segurança pública, transporte coletivo e infraestrutura”, diz no texto, que traz ainda outros detalhamentos de gastos registrados este ano.

“A Economia e a SGG acrescentaram que, diante dessa mobilização expressiva de recursos, com uso prioritário, torna-se necessário ajustar o valor do aporte inaugural e calibrar o percentual anual de transferência do superávit para o fundo”, finaliza o governador.

<h2>Facultativo</h2>

O projeto também traz parecer da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), que aponta que “a intenção de substituir a obrigatoriedade por faculdade e a redução do teto de aporte anual não desnaturam a função estabilizadora do FEG; verdadeiramente, otimizam a gestão do Tesouro Estadual e permitem que a administração pública exerça discricionariedade técnica na alocação da diferença do superávit, para canalizá-lo às finalidades macrofiscais urgentes que justificam o projeto como um todo”.

Em outra alteração da atual lei do FEG, há retirada da vinculação de receitas de alienações, concessões e permissões para o fundo. O governo justificou que são recursos de “natureza eventual e não recorrente, incompatível com a lógica de um fundo de estabilização que depende de fontes previsíveis e estáveis”.

Nas últimas prestações de contas na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), o secretário da Economia, Francisco Sérvulo, já vinha afirmando que mais da metade dos R$ 15 bilhões que o governo acumulou de superávits de anos anteriores tinha destinação vinculada, como Fundeinfra e Protege, e que o restante havia sido bastante comprometido com gastos e investimentos deste ano.

Como já informado pelo POPULAR, dados da execução orçamentária da gestão estadual do 4º bimestre deste ano apontam déficits primário de R$ 2,46 bilhões e nominal de R$ 2,23 bilhões. Em novembro, a Alego aprovou projeto de lei do governo que modificou as metas fiscais fixadas para este ano. Da projeção de superávit de R$ 695 milhões, a gestão estadual alterou o resultado para déficit de R$ 4,96 bilhões.

Na justificativa do projeto do FEG, o governo apontou destaques de “despesas mais pontuais e extraordinárias” realizadas este ano: aquisição de helicópteros para a segurança pública; cofinanciamento da assistência social para os programas e os benefícios socioassistenciais destinados ao fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas); as adequações do Autódromo de Goiânia para o MotoGP; e a aquisição de imóvel da Caixa Econômica Federal na Avenida Anhanguera, onde o governo pretende estruturar um novo centro administrativo estadual.

<h3>Tramitação a jato</h3>

O projeto de lei complementar chegou à Alego às 11h18 desta quarta-feira e foi aprovado em definitivo menos de três horas depois, passando pela Comissão Mista e por duas votações em plenário. Foram 22 votos favoráveis, sem qualquer contrário. Deputados da oposição afirmaram que não pediram vistas porque trata-se de projeto que comprova que o anúncio do fundo foi “apenas peça de marketing” e que há dificuldades financeiras no Estado.

A reportagem questionou à Secretaria da Economia se haverá algum aporte para o FEG e a resposta foi de que ainda não há valores definidos. “O fundo permanece vigente, agora com novos critérios, e deverá receber aportes futuros, cujos valores ainda serão definidos, como parte da estratégia de equilíbrio fiscal do Estado”, disse.

A pasta também afirma que Goiás foi o primeiro estado do País a cumprir os requisitos para aderir ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), “o que comprova a solidez fiscal e a recuperação financeira promovidas pela atual gestão”.

“Com o Propag, a saúde financeira de Goiás passa a estar assegurada de forma mais robusta e consistente do que pelo FEG de maneira isolada”, completa a nota da Economia.

Sobre o fato de o FEG ter sido anunciado como símbolo de responsabilidade fiscal e de preocupação do governo com a continuidade do equilíbrio nos próximos anos, a Economia afirma que “o Estado utilizou de forma planejada a poupança acumulada para quitar passivos e ampliar investimentos, sem aumento de riscos fiscais, o que impacta o volume de recursos passíveis de destinação ao Fundo”.

Governo de Goiás admite que fundo de estabilização não terá recursos

Crise fiscal

O Mercado Municipal da Vila Nova suspendeu as atividades culturais no espaço, por causa de problemas de infraestrutura e necessidade de reparos. O local sofre com goteiras, fios expostos, paredes e tetos mofados, infiltração, falta de iluminação e banheiros pequenos. A Secretaria Municipal de Gestão de Negócios e Parcerias (Segenp), responsável pela administração dos mercados na capital, diz que já fez manutenções emergenciais. Em novembro, o Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC) visitou o mercado da Vila Nova e outros da cidade para começar o estudo de viabilidade da concessão.

Comerciantes ouvidos pela reportagem contam que o local, nas imediações da Praça Boaventura, na 5ª Avenida, foi fundado em 1957, mas só passou por reforma em 1998. Na ocasião, teriam sido realizados pintura e reparos pontuais. Após 28 anos, nada mais foi feito. Em abril do ano passado, a gestão anterior, de Rogério Cruz (SD), anunciou que reformaria todos os mercados, ao custo de R$2,5 milhões. O projeto não saiu do papel. Em agosto de 2024, POPULAR mostrou que as obras estavam atrasadas.

A extinta Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec), que cuidava dos mercados naquele momento, justificou que os trâmites do processo para adesão à ata e contratação da empresa responsável pelas obras ainda estavam sendo finalizados. A atual gestão conta que não tem conhecimento deste contrato nem soube confirmar se houve repasse. Pelo apurado pela reportagem, a licitação não avançou e o projeto foi arquivado.

O presidente da Associação do Mercado da Vila Nova, Marcus Vinícius Abdulhak, contou que a decisão de encerrar as atividades artísticas se deu pela falta de estrutura do local. Ele destaca que o ambiente está com rachaduras na laje e banheiros precários. Além de não ter alvará sanitário e dos Bombeiros. “Não temos a estrutura mínima condizente para comportar eventos que a comunidade da Vila Nova e que gosta do samba exige.”

Ciente desse problema, o secretário José Neto, chefe da pasta de Gestão de Negócios e Parcerias (Segenp), contou que a situação se reflete em outros mercados municipais e que tem aplicado medidas paliativas. Neto explicou que a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) fez um levantamento de matérias do que seria necessário para recuperar os mercados. Ele destacou a questão da chuva, já que os mercados do Setor Pedro Ludovico e Popular também têm problemas no telhado. “Uma equipe vai para lá amanhã (quinta) de manhã para ver o que consegue fazer de reparo lá”, explica.

A Prefeitura também trabalha com a possibilidade de concessão dos mercados municipais. Como revelado pelo Giro em agosto, foram assinadas ordens de serviços para realização de estudos sobre modelo de concessão ou parcerias público-privadas (PPPs) em oito mercados municipais. José Neto conta que, em 18 de novembro, técnicos do IPGC estiveram em todos os locais coletando fotos, estudos e documentos para avaliar a viabilidade da concessão.

A concessão de três mercados – Central, na Rua 3; da Rua 74; e Centro Comercial Popular, na Rua 4-A – já era plano da gestão anterior. A atual ampliou a ordem de estudos para Pedro Ludovico, Aberto (Avenida Paranaíba), Centro-Oeste, Campinas e Vila Nova. O secretário diz que os estudos apontarão a modalidade a ser usada na parceria, assim como se o projeto é sustentável, ajustes necessários e a recomendação. A partir daí, o município “resolve se vai tocar para frente ou não”.

O Mercado da Vila Nova conta atualmente com 37 permissionários. Desses, cerca de 20 seguem trabalhando no local. Apesar disso, chama atenção a quantidade de portas fechadas. Inaugurado no final da década de 50, já recebe a terceira geração de comerciantes. Também viu, ao longo do tempo, mudar os produtos e serviços nas prateleiras. Inicialmente, o local era utilizado como uma feira de frutas e verduras. Hoje, o comércio de produtos naturais tem mais espaço.

As atrações culturais também fazem a história do mercado. Marcus Vinicius conta que o ambiente é conhecido na região pelas rodas de samba: “Fizemos um carnaval maravilhoso, vários dias de samba, a história do bairro já é cultural, né?”, raciocina. Junto com a música e dança, foi se construindo ao redor do mercado uma relação afetiva. “Tem essa nostalgia. O mercado era um espaço em que tínhamos atrações nacionais. Escolas de samba tivemos várias. Foram dias incríveis.”

Além do fim das rodas e dos eventos, os comerciantes também se preocupam com o início da cobrança integral do consumo de água, em janeiro. Até então, os custos eram bancados pela Prefeitura. Marcus argumenta que a associação não tem condições de arcar com a conta de água e, “futuramente, de luz, de limpeza, de manutenção preventiva, preditiva”. José Neto, chefe da Segenp, explica que a cobrança faz parte do Código de Posturas de Goiânia e foi estabelecido pelo decreto 2.208, de 2003, que estabelece normas para funcionamento dos mercados municipais.

Marcus Vinicius ainda contou da preocupação com os comerciantes particulares. O Mercado da Vila Nova vive uma situação única na capital: tem comerciantes permissionários e particulares. Cerca de cem estabelecimentos circundam o mercado. Em outubro, os mercados municipais passaram a ser Patrimônio Cultural Imaterial de Goiânia: “Tornando-se cultural e imaterial, a gente não sabe como os particulares vão se comportar perante esse espaço, porque muitos deles alugam para terceiros trabalharem, então tem muita gente que trabalha no local na forma de locatário”, conta o presidente da associação.

José Neto explica que a atuação da Prefeitura será apenas na área pública: “O local tem aquele halo externo, que é privado, e tem o interior, que é público. Então, quando a gente for fazer alguma intervenção, será apenas na área pública”, finaliza.

<h2>Concessão de parques e cemitérios segue em estudo pelo Paço&nbsp;</h2>

Parques e cemitérios da capital seguem em estudos de viabilidade para concessão. O titular da Segenp, José Neto, contou que a viabilidade referente aos cemitérios chegou a ser entregue, mas retornou, “porque tem muita coisa não elucidada e pedimos novos estudos”. “Ontem houve uma reunião para marcar novas diretrizes desses aprofundar esses estudos.”

José Neto contou que a análise dos parques precisará de mais tempo para averiguar a peculiaridade de cada parque. “O Vaca Brava é totalmente diferente do Botânico, do Lago das Rosas; são características diferentes. Então vai ter de ser um estudo para cada parte, apesar de o pedido ter sido em conjunto.”

Em relação aos parques, estão em estudo Lago das Rosas (Setor Oeste), Bernardo Élis (Celina Park) e Botafogo (Centro). O modelo de concessão, no entanto, ainda não foi definido. Os parques de que já se tinha conhecimento são Areião (Pedro Ludovico), Vaca Brava (Bueno), Jardim Botânico (Pedro Ludovico), Cascavel (Jardim Atlântico), Flamboyant (Jardim Goiás), Bosque dos Buritis (Centro), Carmo Bernardes (Parque Atheneu), Lagoa (Parque Industrial João Braz), Beija-Flor (Jaó), Bosque Boa Vista (Boa Vista) e Fonte Nova (Jardim Fonte Nova). A gestão alega que a iniciativa privada possui “maior capacidade e menor engessamento para melhorar os equipamentos e mantê-los com mais eficiência”.

Atualmente, Goiânia conta com quatro cemitérios públicos administrados pela Secretaria Municipal de Gestão de Negócios e Parcerias (Segenp): Vale da Paz, na Fazenda Vau das Pombas (GO-020); Parque, (Gentil Meireles); Santana (Setor dos Funcionários); e Jardim da Saudade, na Fazenda São José (saída para Trindade). Cada unidade apresenta características próprias que influenciam diretamente na possibilidade de concessão.

Sem manutenção, mercados municipais agonizam em Goiânia

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Comércio popular

Webstories - Ingressos para a MotoGP em Goiânia

O processo de homologação do Autódromo de Goiânia será concluído apenas em 2026 após a Federação Internacional de Motociclismo (FIM), uma comissão médica e a Dorna Sports terem solicitado adequações ao Governo de Goiás na reforma do equipamento esportivo que será o <a href="https://opopular.com.br/esporte/reforma-vai-mudar-cara-e-status-do-autodromo-de-goiania-1.3309035" target="_self">palco da MotoGP no Brasil a partir do ano que vem</a>.

Vistorias foram feitas no autódromo, em novembro, e adequações foram solicitadas posteriormente. A informação foi divulgada primeiro pelo Grande Prêmio e confirmada pelo POPULAR.

As obras no autódromo estão sendo feitas pela Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra). A agência já iniciou as adequações solicitadas por FIM, uma comissão médica e a Dorna Sports. A Federação Internacional do Automóvel (FIA), que também participou da vistoria em novembro, não fez nenhum pedido de adequação.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/esporte/reforma-vai-mudar-cara-e-status-do-autodromo-de-goiania-1.3309035" target="_self">Reforma vai mudar cara e status do Autódromo de Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/esporte/federac-es-internacionais-iniciam-nesta-terca-18-vistoria-para-homologar-autodromo-de-goiania-1.3338080" target="_self">Federações internacionais iniciam nesta terça (18) vistoria para homologar Autódromo de Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/esporte/construc-o-do-centro-aquatico-no-autodromo-esta-prevista-para-abril-de-2026-1.3309857" target="_self">Construção do Centro Aquático, no autódromo, está prevista para abril de 2026</a></div>

As adequações são o acréscimo de uma cobertura no ponto de entrada da ambulância no centro médico, que foi reconstruído, para dar maior privacidade; o alargamento das portas dos boxes em 1,5 metro - são 30 boxes, já contabilizando os oito novos que foram construídos; e uma correção na maneira como as zebras estavam sendo montadas.

Um dos pontos mais importantes na reforma, a pista não teve nenhum pedido profundo de adequação, além das zebras. Toda a camada asfáltica foi trocada, conforme obrigatoriedade para que a praça esportiva seja homologada, e o piso está em fase final do processo de cura.

A Goinfra iniciou as adequações, mas o Estado não tem feito previsões sobre qualquer conclusão relacionada ao autódromo, por isso não há perspectiva de quando as correções serão concluídas.

<div attr-cid="policy:1.3322513" attr-version="policy:1.3322513:1760101727" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3322513" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3322513', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3322513">Webstories - Ingressos para a MotoGP em Goiânia (1.3322513)</a></div>

O que é certo é que o processo de homologação será concluído apenas em 2026. Além das adequações, que voltarão a ser vistoriadas no ano que vem, o Estado terá de realizar um evento-teste antes da finalização do processo para homologação.

Esse evento não tem data definida, mas vai ocorrer entre janeiro e fevereiro. Será uma corrida de moto, fora do calendário oficial de competições e fechada para o público em geral. A intenção será fazer um teste com comissários, resgate, médicos, pilotos e todos profissionais que estarão envolvidos na realização do GP do Brasil, em Goiânia.

A MotoGP vai desembarcar em Goiânia no final de março, entre os dias 20 a 22, para a segunda etapa da temporada de 2026 da categoria. O contrato entre Governo de Goiás e Dorna Sports prevê cinco etapas da modalidade no Autódromo de Goiânia.

O investimento na reforma do autódromo é de pouco mais de R$ 200 milhões e promete mudar o status do equipamento esportivo.

FIM pede adequações, e autódromo de Goiânia só será homologado em 2026

Esporte

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Motovelocidade

Entre lonas, formação artística e atuação social, o Circo Laheto completa 30 anos como um dos projetos culturais mais consistentes de Goiânia. Fundado nos anos 1990, o espaço transformou o circo em ferramenta de educação, inclusão e construção de políticas públicas, formando gerações de artistas e educadores e influenciando diretamente a cena cultural da capital.

Criado por Valdemir de Souza, o palhaço Maneco Maracá, e Seluta Rodrigues, o Circo Laheto surgiu em um cenário marcado pela escassez de políticas públicas para a infância, juventude e cultura. Vindos de contextos de pobreza e sem acesso à formação artística formal, os fundadores encontraram no circo uma linguagem capaz de abrir caminhos. “A gente queria criar um espaço que desse oportunidades para crianças e jovens que, como nós, nunca tiveram acesso à arte”, afirma Seluta.

A celebração das três décadas, no entanto, acontece em meio a um impasse. Localizado no Complexo do Serra Dourada, o espaço do Circo Laheto ficou fora do projeto de requalificação anunciado pelo Governo de Goiás. “Em audiência pública, foi dito que o circo faria parte do complexo, mas o projeto lançado não nos inclui”, diz Maneco. Com a construção de cercas no entorno do estádio, o futuro do espaço segue indefinido, e o coletivo tenta abrir diálogo com o poder público.

Apesar de abrigar o circo desde 2002, somente em 2016 foi acertada a regularização da área utilizada atualmente pelo Laheto pelo Governo de Goiás. O Termo de Permissão de Uso, sem data limite, foi assinado pelos então secretários Joaquim Mesquita (Gestão e Planejamento), Tayrone Di Martino (Governo) e pelo diretor geral do circo, Valdemir de Souza, o Palhaço Maneco Maracá. “Estamos tentando marcar uma reunião com o vice-governador para ver como ficará a nossa situação”, reitera Seluta.

Ao longo de sua trajetória, o Laheto atravessou mudanças sociais e estéticas profundas. Participou da criação das primeiras políticas públicas voltadas ao circo em Goiás e esteve presente nos debates sobre leis de incentivo à cultura. “No início, o circo nem era reconhecido como linguagem artística nos editais”, lembra Maneco, que atuou em conselhos culturais e de direitos da criança e do adolescente.

A metodologia desenvolvida pelo Circo Laheto tornou-se uma de suas principais marcas. O projeto articula o circo com a cultura popular brasileira, teatro, música e danças tradicionais, como capoeira, catira e maculelê. “A arte, para nós, é ferramenta de educação, pertencimento e consciência social”, explica Seluta. A proposta pedagógica está em constante transformação, acompanhando as mudanças da sociedade.

O impacto do Circo Laheto extrapola Goiânia. Ao longo dos anos, o projeto contribuiu para a formação de artistas, educadores e criadores que hoje atuam em diferentes regiões do Brasil e do mundo. “Tem gente formada aqui criando núcleos de circo, dando aulas e trabalhando fora do País”, afirma Maneco, ao citar experiências na Europa e em outros estados brasileiros.

Entre os momentos emblemáticos dessa trajetória está o espetáculo História de Goiás no Picadeiro, vencedor do Festival Internacional Goiânia Em Cena, em 2009. A montagem colocou adolescentes de escolas públicas no centro da narrativa histórica do Estado. “Foi um trabalho que revelou histórias pouco contadas e deu protagonismo a jovens periféricos”, destaca Seluta.

A sustentação do projeto, no entanto, sempre exigiu criatividade e articulação. Parte dos recursos vem de apresentações, aluguel do espaço, doações e parcerias privadas, além de editais públicos e leis de incentivo à cultura. “Nunca foi simples garantir a continuidade, mas o compromisso com a formação e com a arte sempre falou mais alto”, diz Maneco.

Ao completar 30 anos, o Circo Laheto projeta o futuro com a mesma disposição que marcou seu início. A expansão para outras regiões de Goiânia já está em andamento, ampliando o acesso de crianças e adolescentes à arte e à cultura. “Nosso desafio agora é formar pessoas que deem continuidade a essa história”, conclui Maneco. “O Laheto segue vivo porque continua fazendo sentido para a cidade”, completa Seluta.

“O que está em jogo não é só um espaço físico”

Além da atuação artística, o Circo Laheto consolidou-se como espaço de participação política e incidência cultural em Goiânia. Ao longo dos anos, o coletivo esteve presente em fóruns, conferências, conselhos e debates públicos, contribuindo diretamente para o reconhecimento do circo como linguagem artística e prática educativa. “Sempre entendemos que fazer arte também é disputar políticas públicas”, afirma Maneco.

O trabalho cotidiano desenvolvido sob a lona também produziu impactos menos visíveis, mas igualmente estruturantes. Para muitas crianças e adolescentes, o Circo Laheto foi o primeiro espaço de escuta, acolhimento e pertencimento fora do ambiente familiar e escolar. “O circo cria vínculo, disciplina e afeto ao mesmo tempo”, observa Seluta. “É um lugar onde o erro vira aprendizado e o corpo ganha voz.”

Em uma cidade marcada por ciclos rápidos de crescimento urbano e apagamentos culturais, a permanência do Circo Laheto por três décadas assume um valor simbólico. Mais do que celebrar um aniversário, o projeto reafirma a necessidade de políticas culturais de longo prazo e de reconhecimento da arte como direito. “O que está em jogo não é só um espaço físico”, diz Maneco. “É a continuidade de uma experiência que já faz parte da história cultural de Goiânia.”