Ele rejeita o termo “coach”, mas se apresenta com frases de efeito e o bordão “o destravar da Nação” ao falar da pré-candidatura à Presidência da República. O empresário e consultor goiano Pablo Marçal filiou-se ao Pros no mês passado com a intenção de disputar o Planalto. Com milhões de seguidores nas redes sociais, ele afirma que o País precisa de um nome fora da polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Por que decidiu disputar a Presidência da República?Os dois candidatos da polarização não têm uma direção para o País. Estão querendo se livrar um do outro. Criou-se um extremismo nunca visto na história do Brasil. E 60% da população não quer votar em nenhum dos dois, com a esperança de alguém novo se levantar. Eu me coloquei à disposição para mostrar alguém jovem, com mentalidade aberta para pacificar o País. Alguém que já gera renda no País, postos de trabalho, milhões de reais em impostos. Alguém que ama a base do País, que é a família. Sou estudante, sou um amante do direito e já escrevi mais de 30 livros. Tenho produzido algumas transformações relevantes no País e então me coloco à disposição, não para ser a terceira via, porque a terceira via morreu. Nós somos a via que vai destravar a Nação. E não vamos combater nenhum dos dois. Porque quem é ante alguma coisa não edifica e não coloca um propósito no País. O propósito que eu tenho no meu coração, e eu vou fazer a Nação se apaixonar por isso, que é um chamado do Brasil enquanto Nação é, até 2032, se tornar a Nação mais próspera da Terra.O sr. é de Goiânia e hoje mora em São Paulo. Mantém vínculos aqui, vem com frequência?Em 2019 eu me mudei para São Paulo. Eu liderei o marketing digital no País, e tenho empresas de automobilismo, de construção civil, do setor imobiliário, loteamento, de tecnologia, beleza, de investimento. Temos 26 empresas em São Paulo e temos dominado alguns mercados. Tive um crescimento avassalador. Meus pais, meus familiares, moram em Goiânia. E eu moro em São Paulo com minha esposa e meus quatro filhos. Costumo ir uma vez por mês a Goiânia.Em 2018, votou em quem?O voto é secreto, né. Estou brincando, pode colocar que eu votei no Jair.Então se coloca como uma outra via, contrária aos dois que polarizam atualmente, mas tem posição ideológica mais próxima à do presidente? Não. Eu proponho a unidade do País, a pacificação, e não é o que ele propõe. E o Lula propõe cuidado social e esse é um negócio forte, inclusive eu estou ajudando a construir uma cidade na África, eu sou muito forte nisso, com filantropia. Então não existe ser de um lado ou de outro. A posição política de esquerda ou direita é da Revolução Francesa. Tem 200 anos. A gente vai parar com isso. Eu lancei no dia 1º de maio, com 20 mil pessoas, um novo modelo de governo, um novo modelo social, que é chamado de governalismo. Não é nem o socialismo, nem o capitalismo. É um modelo em que a gente não é guiado por posse e nem por tentar ser igual uns aos outros porque todo mundo é diferente e, para governar, a gente tem de respeitar as diferenças e potencializá-las.Se arrepende de ter votado em Bolsonaro?Não, não me arrependo, mas ele já não é a solução para o futuro. Ele precisava fazer o que fez. Ele poderia ter tido diálogo, ter feito ações diferentes, mas não me arrependo de ter votado. Agora ele já não representa o futuro. O Brasil não tem uma direção com ele. O Brasil vai ter uma ruptura institucional com ele se continuar assim.E o Lula, que tem experiência de dois mandatos, também não indica uma direção?Ele está quase com 80 anos. Se ele respeitar o idoso, por exemplo, ele vai para casa descansar. O Brasil, um País jovem, pujante, não precisa de ter pessoas que deveriam estar numa cadeira descansando, desfrutando dos familiares. Acho que ele já deu toda energia. Dá para ver nitidamente que ele não tem energia mais pessoal para tocar esse País, com dimensão continental. A gente agradece o Luiz por tudo que ele já fez pela Nação, já tem um serviço prestado e já bateu o limite. E nem precisa explicar o que aconteceu com a quadrilha dele inteira, o que de fato reverberou mundialmente como o maior assalto público da história do mundo. A gente já não quer ele mais como solução do País. Ele quer vender a solução do passado. O Brasil nos últimos 10 anos cresceu nada em PIB. Ele é um dos responsáveis por isso.Votou nele alguma vez?Eu estudei em escola pública a maior parte da minha vida e já fui encantado por ele na juventude. Achava muito interessante tudo que ele falava, mas não tive oportunidade de votar nele.Sobre a sua falta de experiência em gestão pública, não pesa numa candidatura à Presidência?Pergunta para o povo: você prefere alguém que tem 30 anos de vício, de roubo, de desvio, de esquema na gestão pública, ou alguém novo, que sabe gerir negócio, que sabe aumentar renda, que sabe destravar gente, que sabe colocar energia em gente pra crescer, que entende de infraestrutura? A única coisa que as pessoas não entendem é que ninguém está fora da política. Eu já faço política privada, eu gero renda no País sem precisar de usar dinheiro público. Eu uso energia minha, energia das pessoas. O muito tempo fazendo alguma coisa errada não credencia a pessoa como experiente. Ela só é viciada.Pode mudar de ideia e disputar eleição para a Câmara?Não. Eu não estou procurando carreira política. Eu sou contra a reeleição. Eu acredito que a Nação tem de perder esse nojo de política e pessoas têm que se posicionar. Eu estava com expectativa muito grande em relação ao apresentador Luciano Huck, e ele acabou vendo que é um chumbo muito grosso e acabou saindo fora do jogo. Todo mundo muito normal não mexe com isso, né? Por causa dos ataques e tudo. Mas eu não sou carreirista. Não quero mexer com isso. Eu quero dar um norte para o País e treinar pessoas para assumir. Desde o primeiro dia quando eu assumir a Presidência do Brasil, eu já vou treinar pelo menos 100 pessoas que têm um chamado claro. Homens e mulheres para colocar o Brasil numa rota não de planos de governo eleitoreiro, mas um plano de crescimento do País.Quem são essas 100 pessoas?De todos os partidos políticos. Vou abrir o convite aos 33 partidos políticos. Estou me inspirando bastante num livro do Fernando Henrique Cardoso, que é o Diários da Presidência. É um livro gigantesco em que ele relata todos os dias enquanto presidente. A gente tem de treinar pessoas para elas chegarem a ter a paixão pela Nação. Tem gente que tem muito traquejo político, mas não é apaixonado pelo povo, pela bandeira, pela história. É isso que vou treinar.O sr. falou que gente normal não encara a política. O sr. não é normal?Não. Jamais. É só você olhar pra todo mundo. Por exemplo, uma pessoa normal não gosta de ser ofendida, não suporta. Só o anormal para suportar. Pessoa normal depende da aprovação dos outros. Eu não dependo. Uma pessoa normal fica uma vida inteira na mesma situação que ela desenhou na cabeça dela. Não é normal um indignado, um obstinado, que força um crescimento, põe as pessoas para frente, quer aumentar a produção. E o maior desafio do Brasil é pegar a quantidade de gente improdutiva, que são dezenas de milhões de pessoas, e fazer com que entrem na linha da produtividade.O sr. atuou no Direito? Eu estou escrevendo a Constituição para o povo, para você ter uma noção. Eu digo que sou estudante porque não parei de estudar direito. Me formei na Unip, em Goiânia, em 2010, mas não cheguei a atuar.O que é Constituição para o povo?É um livro da Constituição comentada na linguagem do povo. As pessoas não têm acesso à Constituição ou não entendem, tem muito juridiquês. Eu comento alguns termos, algumas questões jurídicas, que o cidadão comum, que não estudou direito, não consegue entender de jeito nenhum.Como começou a carreira de empresário, consultor, coach?Eu não sou coach, não. Nem escreve essa palavra aí. Isso é coisa de quem fica pegando no meu pé porque coach é desmoralizado no País, né. Eu comecei a minha carreira como operador de áudio quando eu tinha 16 anos e aos 18 entrei na Brasil Telecom como atendente de call center. Fui um dos melhores alunos do direito, mas também comecei a crescer na Brasil Telecom. Eu entendia o jogo da empresa. Me tornei o executivo mais novo do grupo na época, aos 22 anos. E aí eu também comecei a promover eventos e shows, fui promoter. E aí eu percebi o empreendedorismo. Então fiquei fazendo três coisas paralelas: estudar, trabalhar e empreender. Aí eu diminuí um pouco o desejo de ser delegado federal, diminuiu o interesse em seguir uma carreira jurídica e depositei energia no crescimento na BRT. Aí eu comecei a empreender, fui trabalhar na empresa da família (de confecção), e depois saí para prestar consultoria a diversas empresas. Quando veio o meu segundo filho, houve uma reviravolta e eu não quis mais trabalhar para ninguém. Comecei a dar consultoria e treinamento, criei o método IP, de inteligência emocional e isso começou a explodir e transformou muita gente no País. Eu sou o número 1 hoje de pessoa que mais faturou com infoproduto na América Latina. Foi aí que tivemos uma guinada, uma grande ascensão no País.Em vídeos o sr. faz críticas à mídia. O que acha que tem de mudar? A mídia no País é bem concentrada e acho que precisa de mais investimentos para ter mais veículos e diminuir essa desconfiança da população. Normalmente jornalista não pergunta direito e sai soltando o que quer, pega release de não sei onde e sai soltando doideira. E aí outro site fica replicando, um atrás do outro, a conversa fiada do outro.Sobre a pauta de costumes que foi muito forte em 2018, o que vai defender numa possível campanha?Possível, não. Já estou em pré-campanha e vai ter campanha. Eu tenho vídeo do presidente do partido me dando respaldo como o pré-candidato. Eu estou conquistando todo mundo no partido. Então não é uma possível, é real. Para mim, a família é a base de tudo. O núcleo da Nação é uma família. Quando se tem uma família forte se tem uma Nação forte. Eu quero que as famílias tenham empresas, e aí elas prosperam a Nação e a família é uma forma de governar esse País. Então minha centralização de costume é na família, só que eu sou pautado na liberdade. A pessoa faz o que quer, dentro do limite da lei e do pacto social. Eu não quero que ninguém pense igual a mim, mas quero que todo mundo use a Constituição como base. E não tem teto de crescimento. Eu quero que todo mundo prospere. Vai ser um tempo de prosperidade. E família é o quê? Por exemplo, 43% dos lares são liderados por mulheres. A mulher e os filhos são família. A família é o que a pessoa decide lá como núcleo dela e por isso fala na questão de liberdade. Costume meu pessoal não é imposto para a Nação.Isso inclui casais homossexuais?Claro, claro, claro.O que diz sobre a condenação que sofreu aqui em Goiás por furto qualificado?Eu tinha 18 anos e trabalhei para um pastor, consertava computador para ele e entrei na maior treta da minha vida. Fiquei 13 anos processado e o processo correu à revelia porque nem dinheiro para advogado eu tinha. Logo depois disso eu fui atendente de call center. Não tive nenhuma vantagem financeira com isso, pelo contrário fui ‘amassetado’ por 13 longos anos. E fui o único que não cumpriu pena, foi extinta a punibilidade. Eu tenho um vídeo no YouTube em que contei a história, teve quase 400 mil visualizações. O vídeo chama as prisões da vida.Houve prescrição, mas havia o esquema. O sr. não tinha conhecimento?Não tinha, eu só consertava computador. Eu não sabia nada de desvio, de quadrilha. Claro que eu fui enquadrado, não vou negar isso, e foi o maior aprendizado da minha vida. Fui muito inocente de ter me envolvido com essa pessoa. Eu ia aos lugares onde tinha os computadores, arrumava e saía, não trabalhava para ele. Só que eu fui colocado como alguém que participava de esquema. Tive um prejuízo de vida assustador. O sr tinha estudado, se especializado, para consertar computadores?Desde os 9 anos eu tenho computador em casa, né. Consertar computador é muito simples. Às vezes um computador para, você pega uma borracha, tira lá a memória, limpa a borracha e ele volta a funcionar. Você tá com problema no Windows, você vai lá e reinstala. É coisa que criança dá conta de fazer hoje. E quanto ao episódio de levar um grupo à montanha, e depois foi necessário resgate?Não houve resgate. Foi uma escolta e eu pedi de precaução. Foi uma encheção de saco na época, saiu em todos os jornais, mas ninguém se machucou, não teve um arranhão, o bombeiro não pegou na mão de ninguém. Ninguém estava perdido, eu tenho as filmagens, tudo. É mentira que nos perdemos. Um dos bombeiros me reconheceu porque eu sou famoso na internet e pediu pra tirar uma foto minha. Eu falei que não ia tirar. Aí porque eu não tirei a foto ele quis vender a informação e aí começaram a algazarra com o meu nome. E ninguém veio me perguntar nada. Só soltaram e criaram o terror. O guia que falou que não podia subir, eu o paguei para subir e me contaram depois que era um período que não podia subir, mas o guia recebeu. Aí começou a chover forte e ele falou ‘não vou subir’. Eu falei: ‘Quem não quer subir, desce. Eu estou subindo’. Cheguei em cada um falei que era responsabilidade de cada um. Eu não me tornei guia. Eu não sou guia de escalada. Mas foi um completo exagero o assunto. Foi até cômico para mim esse exagero, mas foi muito importante porque, como eu fui amplamente divulgado, agora as pessoas estão lembrando do Pablo da montanha. Isso ajuda a saber que é alguém que já foi noticiado e agora vamos converter em energia. Mas voltará a fazer esses passeios?Não, não. Não fiz mais. Eu sou piloto de corrida, sou paraquedista, estou treinando para pilotar avião, helicóptero, minhas próprias aeronaves. Não é meu lifestyle ficar subindo montanha.Mas se o guia recomendou não subir, por que subiu?Ele não quis subir por causa da chuva e falou que seria difícil montar barraca. Ele não falou assim: ‘é inviável, não pode, tem risco de morrer’, nada disso. Aí eu falei: ‘tá tudo bem, pode descer quem quiser e vamos embora’.Mas não achou que seria arriscado?No Brasil morre uma pessoa por dia mexendo no celular. É mais arriscado mexer no celular do que essa subida, já que ninguém arranhou nem a unha. Eram dois grupos. Eu estava no pico e tinha um outro grupo que a gente não conseguia falar no rádio. Eu pedi por precaução. Ninguém ficou perdido. A gente desceu junto com os bombeiros e só, não teve corda, nem ajuda, nada. Foi um grande exagero e um grande aprendizado.Qual a sua religião?Nenhuma. Sou cristão e cristianismo não é religião, é um lifestyle. Não vou à igreja e não tenho religião.E vai buscar apoio de outros partidos?Tem 12 partidos aguardando o meu crescimento nas pesquisas. Meu partido vai oficializar nacionalmente na segunda-feira minha pré-candidatura. Quem vai financiar sua campanha e quanto pretende gastar?Serei o único presidenciável que não vai usar fundo eleitoral. Vou fazer vaquinha. Vou usar meu dinheiro dentro do limite de pessoa física. Não criei mecanismo para tirar dinheiro das minhas empresas e não vai ter caixa dois. O povo que vai ajudar. Pretende gastar quanto?Nem faço ideia. Vou aguardar a definição do limite do TSE.O Novo também diz que não vai usar fundo eleitoral?Ah, ele não vai ter nem 500 mil votos, nem precisa usar mesmo.Quantos votos acha que vai ter?O suficiente para vencer eleição, uns 60 milhões.E só com a vaquinha vai dar pra fazer uma campanha de 60 milhões de votos?A gente tem mais de 40 movimentos que eu vou apresentar para a Nação. Na internet tenho 400 mil alunos e sou assistido por 10 milhões de pessoas todos os meses. As pessoas vão ficar assombradas na hora que começar a pontuar aí, vai ser um processo bem forte. Todo mundo que tem aula sua, vota no sr?A família dele que viu o resultado vota junto, a comunidade vota junto.Já tivemos outros exemplos de quem tem sucesso na mídia não conseguir sucesso nas eleições. Não há uma resistência do eleitor a esse tipo de perfilÉ, o povo gosta é de ladrão. É o estilo do Brasil. O povo gosta de quem faz rachadinha, que faz rachadura de trilhão. Realmente o gosto do povo é um pouco ruim, mas nós vamos ensinar o Brasil a gostar do futuro, aceitar a riqueza. Vai ter resistência, mas estou estudando aviação e a resistência é boa. Para decolar, você precisa ter vento contrário. Se você quer avançar na vida, você precisa de gente resistente mesmo. Isso vai ajudar bastante.Esse bordão de “o destravar da nação” significa o quê?Quando a pessoa, por exemplo, ela trabalha numa empresa e não passa na cabeça dela a possibilidade de empreender, eu a ajudo a destravar de fase. Se destravar como pessoa, acreditar, não ter medo. É isso que é destravar.Com episódios como da montanha e quem considera seu trabalho coach, tem receio de ter uma candidatura caricata?O Luiz ficou 580 dias preso lá na República de Curitiba e está em primeiro lugar. Não importa isso, não. Não faz muita diferença. As pessoas querem ver se você está pronto para ajudá-las. Temos uma massa crítica que não produz nada, só fica criticando. Não vou ter o voto deles mesmo, então não importo com crítica, não. Crítica não constrói nada.