A Prefeitura de Goiânia retirou do Legislativo, nesta quarta-feira (10), o projeto de lei que previa o reajuste da data-base dos servidores municipais. O Paço alegou “reparos técnicos” no texto, mas, nos bastidores, a movimentação é atribuída ao risco de derrota em plenário.A proposta enviada pelo Executivo previa reajuste de 4,83%, índice calculado pelo IPCA no período considerado pela Prefeitura. O Fórum Sindical de Goiânia, que reúne nove sindicatos e quatro associações, contestou a base de cálculo e defendeu que o índice correto seria de 5,53%. Em reunião com o relator do texto, Pedro Azulão Júnior (MDB), no último dia 5, representantes sindicais reforçaram a divergência. “Explicamos que o índice proposto pela prefeitura está incorreto: o correto é o IPCA, referente ao período de maio de 2024 a abril de 2025, que resulta em reajuste de 5,43% e não em 4,83%”, disse o diretor do Sindsaúde e da Fenacsaúde Ricardo Manzi.Além da pressão sindical, outro obstáculo foi uma emenda de Denício Trindade (UB), que propõe retroagir o pagamento para maio, em vias de ser apresentada. A medida, vista pelo Paço como gesto “politiqueiro” ampliaria o impacto financeiro na folha, já considerado elevado pelo Executivo. “Nós nem podíamos dar a data-base, nós estamos fazendo um sacrifício. O funcionário não tem culpa da administração. Enxugamos, fizemos o máximo”, afirmou o prefeito Sandro Mabel (UB) em julho, quando anunciou o índice de 4,83%, com impacto estimado em R$ 300 milhões por ano. Na ocasião, como mostrou o POPULAR, Mabel disse que o porcentual poderia chegar a 5,25%, mas reforçou que a Prefeitura só teria condições de bancar os 4,83%.No Paço, a avaliação é que manter o projeto em tramitação significaria risco certo de derrota, em meio à pressão do Fórum e à falta de consenso entre os vereadores. Por isso, a matéria foi retirada com a expectativa de ser reenviada após um acerto político na Casa. A interpretação é de que o retorno do texto dependerá de “pacificação entre os vereadores”.Em julho, a data-base já havia sido retirada de pauta, junto a outros projetos do Executivo, por falta de parecer jurídico da Procuradoria-Geral do Município (PGM). O texto voltou à Câmara no mês seguinte.