Embora a proposta de reforma da previdência estadual a ser enviada à Assembleia Legislativa neste ano tenha previsão de atingir apenas inativos e pensionistas do Estado, o governo goiano também deve apresentar modificações nas carreiras dos servidores ativos. A intenção é reduzir o tamanho da folha, sobretudo em relação àquilo que se incorpora aos ganhos dos servidores quando estes se aposentam.De acordo com o economista e especialista em Previdência, Paulo Tafner (leia mais na página 5), que presta consultoria para Goiás em relação à proposta de reforma estadual, o Estado deve atacar “tudo aquilo que vai onerando a folha”. “A evolução (na carreira) tem que ser em função de sua dedicação, competência, produtividade. Não faz sentido o servidor ser promovido só porque está aqui há dois anos ou porque ficou durante dois anos chefiando o setor e passa a receber aquele adicional para o resto da vida”, diz.O presidente da Goiasprev, Gilvan Cândido, explica que modificações nas carreiras dos ativos devem ocorrer porque apenas mudanças no sistema previdenciário não serão suficientes. “Precisamos ir além do que apresentar um conjunto de medidas (em relação à previdência). O Estado precisa refletir sobre outras formas para tentar minimizar o impacto no orçamento público.”Uma das questões a serem “atacadas” pelo Estado diz respeito a pagamentos extras, como gratificações, abonos, indenizações e vantagens eventuais e pessoais que são incorporadas à carreira dos servidores públicos ao longo dos anos e acabam incidindo nos gastos com previdência, quando estes se aposentam - o que depois pode, inclusive, virar pensão.Como mostrou O POPULAR no fim de agosto, de janeiro a junho deste ano, o Estado gastou R$ 83,47 milhões em pagamentos extras para aposentados e pensionistas. O valor, porém, não considera Executivo e Assembleia Legislativa, que não disponibilizam as informações em seus portais da transparência. A Secretaria de Economia estima que os gastos sejam de aproximadamente R$ 500 milhões.“O Estado tem uma despesa alta com salários”, relata o presidente da Goiasprev. “Então, precisamos refletir sobre o valor dos salários, pensar em novos redesenhos de carreira para que o servidor público não chegue ao teto de sua carreira muito rápido, e tirar gratificações que têm impacto direto na previdência.”Segundo ele, será necessário apresentar um conjunto de medidas para que isso ocorra “porque daqui a dez anos, a gente pode ter 40% da força de trabalho já migrada para a inatividade”.limiteAlém disso, há a necessidade de o Estado (Executivo, demais Poderes e órgãos autônomos) se adequar imediatamente à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), dada a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a reinclusão de inativos e pensionistas no cálculo de gastos com pessoal, o que elevou acima do limite esse tipo de despesa. “Efetivamente, precisamos nos adequar à LRF e isso demanda tempo. Não é algo que se resolve do dia para noite.”