Os auditores fiscais de Goiânia estão temerosos com a possibilidade da Prefeitura de Goiânia retirar o projeto que dá benefícios à categoria da pauta da Câmara Municipal. A matéria já foi aprovada em primeira votação. No entanto, nos bastidores, há um trabalho no Paço Municipal para incluir no texto benefícios aos Guardas Civis Metropolitanos (GCM) e aos procuradores do município.O POPULAR apurou que a intenção seria de fazer essa movimentação ainda no período em que o presidente da Câmara, Romário Policarpo (Patriota), está como prefeito interino. Ele assumiu porque o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) viajou para Israel. A licença termina nesta sexta-feira (18) e Cruz volta ao cargo na segunda-feira (21).Assim como a carga horária dos auditores é modificada no projeto que tramita na Casa, a proposta alterada traria modificação semelhante para as carreiras dos guardas e procuradores. O objetivo seria fazer com que as duas categorias tenham carga horária de seis horas diárias, mas com subsídio de oito horas, ou seja, teriam a remuneração aumentada.Chegou-se a cogitar fazer isso por meio de uma emenda proposta por algum dos vereadores. No entanto, como implica em aumento de despesa, haveria vício de iniciativa já que só o Executivo tem a permissão de fazer projetos que impliquem mais gastos financeiros. Por esse motivo, a estratégia viável é a de retirar o projeto dos auditores de pauta e reenviá-lo à Câmara com as alterações.A questão é que a proposta já foi até votada em primeira votação. Os auditores, inclusive, já se queixavam de que, dentro do pacote de bondades aos servidores, aprovado na semana passada, o projeto da sua categoria ficou por último.O presidente da Associação dos Auditores de Tributos do Fisco Municipal de Goiânia (Affim), Elísio Gonzaga, afirma que a possibilidade dessa manobra foi recebida pela categoria com muita indignação.Leia também:- Projeto do Paço quase dobra valor do salário de auditores em Goiânia- Projeto que quase dobra o salário de auditores de Goiânia é aprovado em primeira votação- Projetos que beneficiam servidores são aprovados na Câmara Municipal de Goiânia“Nos causou surpresa e estranheza ao mesmo tempo porque o nosso projeto já está na Comissão de Trabalho e Servidores Públicos para ser votado. Isso é muito ruim porque todos os projetos que estavam juntos já foram votados”, diz.Ele afirma que o projeto ficou mais de um ano sendo discutido na Secretaria de Finanças e, portanto, não haveria por que estender. “Isso é um imbróglio. A gente vê isso com tristeza e lamenta muito”, diz.Gonzaga prevê que se a Prefeitura de fato fazer essa movimentação que vai implicar no atraso da aprovação do projeto da categoria, os auditores irão reagir. “Isso não vai ficar dessa forma, se for necessário vamos tomar as providências”, afirma.O POPULAR entrou em contato com a Sefin e a Procuradoria-Geral do Município. A Sefin disse que não recebeu o processo para análise, embora a reportagem tenha tido informações de que o texto já até caminhou por setores da pasta.A PGM respondeu que a assessoria de Policarpo que deveria responder. A comunicação do prefeito em exercício, porém, não confirmou o envio do projeto até o fechamento desta edição.AuditoresO projeto que beneficia os auditores, sozinho, já é alvo de polêmica. Policarpo inclusive teria recebido conselhos de outros vereadores para não fazer alterações, devido à repercussão negativa que pode ter.Caminhando para a segunda votação, o projeto atual aumenta de R$ 14,5 mil para R$ 19,7 mil o salário dos auditores. O valor pode chegar a R$ 28,9 mil no último nível da carreira. São 12 níveis. O impacto financeiro dessa proposta é de R$ 11,4 milhões, considerando ativos e inativos.Auditores também passam a contar com adicionais de titularidade e aperfeiçoamento, adicional de produtividade fiscal e indenização de transporte. O adicional de titularidade, que passa a integrar a remuneração dos auditores para efeito de férias, licenças e afastamentos remunerados, além de ser incorporado aos vencimentos para efeito de aposentadoria, varia de 10% a 40% da remuneração do servidor.Em parecer, a PGM alertou que, da forma como está a redação, o projeto permitirá aos servidores acumularem outros ganhos ao salário, como quinquênio e o próprio adicional de titularidade.Isso ocorre porque os auditores manterão padrão remuneratório de “vencimentos” e não de “subsídios”, como em outras categorias da prefeitura. O segundo tipo veda o acréscimo de vantagem pecuniária de natureza remuneratória, como gratificações, adicionais, abonos, prêmios etc. Dessa forma, o impacto do projeto pode ser ainda maior que o anunciado.