A lista de nomes para a disputa ao governo de Goiás na eleição de 2026 ganhou forma com novas movimentações de pré-candidatos a pouco mais de um ano para a votação em primeiro turno, marcada para dia 4 de outubro do próximo ano. O cenário da disputa já era antecipado pela estruturação dos projetos do vice-governador, Daniel Vilela (MDB), e do senador Wilder Morais (PL), mas passou a ter novas definições com o avanço de partidos que mantinham indecisão sobre o lançamento de projeto próprio.Os últimos movimentos foram realizados pelo ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que passou a tratar abertamente da possibilidade de quinta candidatura ao Palácio das Esmeraldas, e pela deputada federal Adriana Accorsi (PT), que incluiu a disputa pelo Executivo entre as opções, além da eventual busca pela reeleição. Além deles, os partidos Novo e PSol também avançaram em deliberações para terem pleitos próprios, com os nomes de Telêmaco Brandão e Cíntia Dias, respectivamente.Cientistas políticos ouvidos pelo POPULAR analisam que o caráter “plebiscitário” da próxima eleição ao governo será inevitável. Apesar de considerarem que Daniel Vilela larga na frente, com apoio direto do governador Ronaldo Caiado (UB) e a avaliação positiva da gestão, os especialistas indicam chances de ampliação da força de campanhas de oposição, principalmente a partir da possível nacionalização da disputa.Professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), o cientista político Francisco Tavares analisa que, dos pré-candidatos apresentados, Marconi Perillo tem os maiores desafios para pavimentar caminho até o segundo turno. “A tendência, seguindo alguma normalidade em 2026, é que o processo eleitoral se constitua dentro de uma lógica plebiscitária entre o apoio ou a rejeição do governo de Ronaldo Caiado. Neste sentido, seria Daniel Vilela contra os outros candidatos, ainda que tenhamos diferentes espectros como Wilder na extrema-direita, Adriana Accorsi na esquerda, e uma centro-direita do Marconi”, considera.O doutor em ciência política avalia que todos os outros nomes, além do vice-governador, seriam entendidos pelo eleitorado como oposição e teriam que disputar entre si por um “mercado eleitoral que atualmente não é tão significativo”. Para Tavares, o cenário garantiria favoritismo a Daniel Vilela, por conta da dificuldade de união de forças entre nomes da esquerda e da direita no estado. A possibilidade de alteração do cenário de julgamento sobre o governo Caiado reside no próprio projeto nacional do governador, segundo Tavares. “Se Caiado estiver em uma chapa que destoe da extrema-direita, pode ser que esse eleitorado muito significativo decida marchar com um nome da família Bolsonaro ou com Tarcísio de Freitas. Isso pode causar um voto coerente entre o pleito nacional e o pleito estadual que potencializaria Wilder Morais.”A mesma situação, em espectro inverso, deve ser considerada sobre a chance de nacionalização da disputa pela esquerda. “Então, Adriana Accorsi, no caso do presidente Lula crescer e ficar mais forte em Goiás do que tem sido, poderia chegar ao segundo turno”, avalia Tavares.“O caso de Marconi Perillo é mais complicado porque, embora ele tenha uma base eleitoral mostrada pelas pesquisas, para ampliar essa base ele terá de compor com a centro-esquerda ou com a centro-direita. Só com a máquina partidária do PSDB e o discurso que não é Lula nem Bolsonaro, ele vai ficar sem lugar e posicionamento para ampliar as intenções de voto que ele tem agora”, considera o professor. “A história brasileira só nos promete emoções, mas neste momento, Daniel Vilela se revela um candidato um pouco mais competitivo do que seus concorrentes”, entende.MovimentosA pré-campanha para 2026 foi aberta ainda na disputa das eleições municipais, marcada por concorrência direta entre o grupo governista e a base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se dedicou presencialmente nas principais candidaturas do partido. O grupo liderado por Caiado e Daniel Vilela alcançou ampla maioria de prefeitos eleitos e, neste ano, passou a executar estratégias em busca de confirmar a transição de governo e de imagem.O emedebista ampliou a presença como a principal figura da administração estadual em eventos do governo estadual e, ao mesmo tempo em que o vice assumiu maior protagonismo, o Palácio das Esmeraldas reagiu com alerta e convocação de aliados para engajamento na pré-campanha a partir do resultado da pesquisa Genial/Quaest, divulgada em 22 de agosto, que apontou empate técnico com Marconi e crescimento do senador Wilder Morais.Logo depois da publicação da pesquisa, o ex-governador se animou e lançou mão de movimentos mais intensos na agenda externa, em preparação para a disputa, pela quinta vez, ao governo. Desde maio, quando considerou a possibilidade de quinta candidatura pela primeira vez, em entrevista ao podcast Giro 360, o tucano aumentou as reuniões no escritório político, mas na última semana levou a pré-campanha para encontros com vereadores e deputados estaduais em Goiânia.Na próxima semana, Marconi fará nova visita política, destra vez à Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia, na terça-feira (16). Além disso, ex-prefeitos e aliados organizam comemoração aos 30 anos de filiação de Perillo ao PSDB e convocação para que ele assuma publicamente a pré-candidatura. O evento ocorre no auditório da Assembleia Legislativa (Alego), no próximo dia 27.Para o cientista político e professor da UFG Guilherme Carvalho, a próxima eleição estadual mantém alternativas abertas para a oposição, apesar do favorecimento a Daniel Vilela. “Não considero que a próxima eleição seja plebiscitária. O Caiado continua dando reiteradas exibições de força política no estado, haja vista a alta popularidade que seria muito suficiente para uma reeleição no primeiro turno, só que ele não é o candidato”, diz.Segundo Carvalho, Daniel Vilela precisa de um trabalho contínuo e antecipado para conseguir fazer a transição, principalmente no interior do estado, apesar de ter um bom início de pré-campanha, a partir dos números nas pesquisas. “A eleição ainda está distante e, enquanto isso, Marconi Perillo dispara por ter recall. Nesse momento, significa muito mais a memória do eleitor do que a intenção de voto. Se a transferência fosse automática, o Daniel estaria com eleição ganha e não parece ser esse o caso. O jogo precisa ser jogado e o vice-governador deve ganhar pontos importantes quando a estrutura do estado começar a agir”, avalia.AlternativasAdriana Accorsi passou a considerar, pela primeira vez, entrar na disputa ao Palácio das Esmeraldas, ao comemorar as intenções de voto recebidas na pesquisa Genial/Quaest. A nova presidente estadual do PT - ela tomou posse oficial como presidenta da legenda, neste sábado (13), durante o 17º Encontro Estadual do PT, na Câmara Municipal de Goiânia - reforçou o plano para candidatura à reeleição, mas admitiu o diálogo sobre o Executivo. Apesar de considerar o pleito, a parlamentar voltou a cogitar a possibilidade de o PT não ter candidatura própria ao governo e decida apoiar eventual nome de outra sigla aliada, com base na busca por composições com partidos que integram a base do presidente Lula. A presença de partidos diversos no grupo do governo federal, no entanto, levou o PSol a deliberar pelo lançamento de candidatura própria, com preferência para a presidente estadual, Cíntia Dias, que buscou o governo em 2022. “Tudo indica que a gente deve sair sozinho, porque está difícil o diálogo e os apoios do PT estão muito à direita. Assim, até agora a discussão interna é de que saia uma candidatura próprio e meu nome está aí para essa disputa”, diz Cíntia. “É importante termos aqui uma voz, um palanque para a defesa do presidente Lula, da sua reeleição, das políticas que nós acreditamos. Nós teremos, sendo o Partido dos Trabalhadores cabeça de chapa ou não”, apontou a dirigente. O Psol ainda considera os nomes de Weslei Garcia e Barbara Bombom.Já o Novo decidiu pelo lançamento da pré-candidatura do advogado e empresário Telêmaco Brandão, apesar do contato próximo de lideranças da sigla com a cúpula do PL no estado. “O projeto não tem plano B, queremos governar Goiás”, confirma o presidente estadual da legenda, Alano Queiroz.