O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), mandou quebrar o heliponto localizado no Paço Municipal, na tarde desta sexta-feira (28). As máquinas começaram a agir algumas horas depois que um helicóptero pousou no local, tentou decolar, e acabou fazendo um pouso de emergência na mata que fica ao lado, depois de uma instabilidade. Segundo a Prefeitura, o prefeito decidiu desativar o espaço, porque, segundo ele, não é utilizado pela administração e, ainda, haveria um movimento suspeito de aeronaves na pista, que não é homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).O heliponto foi construído, segundo informações da Prefeitura, em 2000, na gestão do ex-prefeito Nion Albernaz, que morreu em 2017. A atual gestão não soube informar quanto foi gasto na época. Embora o Paço Municipal afirme que é um espaço sem utilização pela Prefeitura, a pista já foi usada para o pouso de aeronaves que trouxeram ex-presidentes da República para visitar a capital.Em 2004, o helicóptero que trazia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à capital pousou no heliponto da Prefeitura. Em 2015, foi a vez da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) desembarcar na pista da Prefeitura, em um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB). Além disso, a atual gestão realizou a pintura da estrutura de concreto em março do ano passado.Para o advogado Juscimar Ribeiro, que é presidente do Instituto de Direito Administrativo de Goiás, a destruição significa o desmonte de uma construção pública. O especialista explica que, se houve a construção do heliponto, é porque havia uma demanda e, pelo menos, uma justificativa técnica para tal. “Agora vem o prefeito e manda, sem análise, sem avaliação técnica, sem processo administrativo, destruir uma obra construída com recursos públicos”, pontua.Para Juscimar, esse ato do prefeito pode até justificar uma ação de improbidade administrativa contra a sua gestão. “Um patrimônio público, construído com recursos da sociedade, destruído por decisão unipessoal, imotivada”, argumenta.JustificativasA Prefeitura, porém, afirma que decidiu pela destruição, também, porque se trata de um heliponto sem homologação da Anac. O chefe de gabinete do prefeito, José Alves Firmino, explica que a atual gestão não teve interesse pela tentativa de regularização no órgão federal porque não há função para a Prefeitura que justifique o pedido. Ele afirma que, na atual gestão, a pista nunca foi utilizada pela administração.Segundo Firmino, outro principal motivo para a destruição foi um aumento da descida de helicópteros no local nos últimos meses, com movimentações consideradas suspeitas. “O problema é quantidade de aeronave que baixa lá, nem sempre deixando ou pegando passageiro. Às vezes aparecem pessoas que entregam determinados pacotes e a aeronave já sai de imediato. E como não é homologado, a Anac não tem controle”, afirma.Ele diz que foi uma medida de segurança a decisão de destruir. Firmino conta que, só na quinta-feira (27), cinco helicópteros pousaram no heliponto da Prefeitura. Nesta sexta, foi a vez de uma aeronave que pousou no heliponto, tentou decolar, mas acabou fazendo um pouso de emergência na mata que fica logo ao lado. Não houve feridos. Ainda não se sabe quem estava sendo transportado, mas, segundo a Prefeitura, nem a partida nem o destino eram o Paço Municipal.Ainda não foi identificado quem estava no helicóptero ou quem era o dono. Pela inscrição, é possível ver que a aeronave não tinha autorização para fazer tráfego aéreo. No entanto, não se sabe se era esse o serviço realizado quando o veículo pousou no Paço. A reportagem conseguiu falar com o piloto, que só foi identificado com o nome Humberto, e alegou que tinha autorização da Prefeitura para fazer o tal pouso. Ele desligou quando o POPULAR pediu que nos enviasse a autorização e não atendeu mais.“Desde que nós assumimos, nós pedimos para a guarda abordar, mas eles não têm autorização, pousam por conta própria”, diz Firmino. Ele ainda afirma que desconhece o episódio da pintura do heliponto em 2021, e que já havia uma discussão para destruir a pista por questão de segurança.O auxiliar ainda informa que a Prefeitura tem a intenção de construir uma central de monitoramento da Guarda Civil Metropolitana (GCM) no espaço onde, até esta sexta, estava o heliponto.Confira o vídeo Ver esta publicação no Instagram Uma publicação partilhada por O Popular (@jornal_opopular)-Imagem (Image_1.2394484)-Imagem (Image_1.2394485)