A menos de dois meses do fim do ano e do mandato, muitos prefeitos estão correndo para equilibrar as contas e não entregar a prefeitura no vermelho para o sucessor. Uma situação que atinge a maioria dos municípios do País, conforme levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Das 3.155 prefeituras analisadas, 77% apresentam déficit. De Goiás, a amostra incluiu 79 municípios. Apenas três não estavam no vermelho quando a pesquisa foi feita, no início de outubro. De acordo com a CNM, as dívidas dos municípios goianos superam os R$ 3 bilhões.Goiânia lidera a lista, mas, segundo o secretário de Finanças da capital, Stenio Nascimento da Silva, a Prefeitura vai fechar as contas até o fim do ano e deve deixar como restos a pagar cerca de R$ 200 milhões, “decorrentes de exercícios anteriores”. “Nós cortamos muitas despesas para chegar nesse ponto: investimentos, custeio da máquina administrativa, como locação de equipamentos e veículos, hora extra dos funcionários”, relata. Além disso, desde o mês de maio, a prefeitura vem reduzindo os empenhos e, a partir de setembro, toda despesa passou a ser autorizada pela Comissão de Controle de Despesas e Orçamento.O prefeito de Caldas Novas, Evandro Magal, também trabalha para fechar o ano sem deixar dívidas para o sucessor. Hoje, o déficit da cidade, que tem cerca de 80 mil habitantes, é de cerca de R$ 12 milhões. Magal ressalta, no entanto, que a grande parte, cerca de R$ 5 milhões, é decorrente da falta de repasses do Estado para a Saúde. Desde o mês passado, a prefeitura vem fazendo cortes nas despesas para equilibrar as contas. Segundo Magal, foram demitidos 400 servidores comissionados. Também houve cortes de gratificações e horas extras. A meta é reduzir a folha em R$ 2 milhões. “Estamos mantendo apenas o básico. A limpeza da cidade, os gastos com saúde e educação”, diz.Tem município que foi obrigado a cortar até os serviços básicos. É o caso de Piracanjuba, cuja população, de cerca de 24 mil habitantes, sofre com a crise financeira da prefeitura. Segundo o prefeito, Amauri Ribeiro, nem a limpeza da cidade vem sendo feita de forma regular. “A varrição é feita apenas no Centro da cidade”, diz. A dívida, que chegou a R$ 3 milhões, obrigou o município a reduzir o número de funcionários, vetar o reajuste de salário dos servidores e cortar os gastos com serviços terceirizados. “Não contratamos nada e aqui só é feito o que a prefeitura consegue fazer”, conta Ribeiro.AnápolisA situação de Anápolis, que tem 370 mil habitantes, não é diferente. Desde 2014, o município convive com déficit mensal de R$ 4 milhões e o jeito foi adotar a austeridade, afirma o prefeito João Gomes, que também cortou despesas.O mesmo ocorreu em Rio Verde, de acordo com o secretário de Administração, Leonardo Gonçalves de Oliveira. Desde julho de 2015, o município deixou de fazer novos investimentos e passou a cortar despesas para economizar cerca de R$ 100 milhões. “O futuro prefeito terá que terminar dez obras iniciadas, a um custo de R$ 25 milhões, mas não herdará dívidas”, diz Oliveira.-Imagem (Image_1.1176977)-Imagem (Image_1.1176975)