No comando do PL em Goiás, Flávio Canedo diz que o partido se prepara para receber apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, que assinou a ficha de filiação à sigla na terça-feira (30), em ato que marcou o retorno ao Centrão. Canedo conta que participou de reunião com Bolsonaro e recebeu garantia de que continua à frente do PL em Goiás e terá autonomia para tomar decisões. Atualmente, a principal aposta do partido para 2022 é lançar o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), candidato ao Palácio das Esmeraldas. Qual o peso da filiação de Bolsonaro ao PL para o partido em Goiás?Com essa filiação, o partido está se agigantando. E não só em nível estadual, mas em nível nacional também. Já temos várias filiações em andamento aqui. Estamos conversando com vários deputados federais, além de pré-candidatos a deputado federal e estadual, e pré-candidatos ao Senado. O PL tem uma linha de conciliação e vai procurar todos os partidos parceiros e alinhados com o presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, todos os partidos de centro e centro-direita. E talvez, por que não, os partidos de centro-esquerda também. Tem muito partido de centro-esquerda que praticamente tem a mesma de linha daqueles de centro e centro-direita. O diálogo é fundamental neste momento de início de pré-campanha política. O PL vai buscar diálogo com todos os partidos que têm a mesma filosofia, que é o desenvolvimento através do centro e centro-direita. E não deixar o socialismo com viés comunista voltar ao poder. A filiação de Bolsonaro muda os planos do PL goiano para 2022?Não. A filiação de Bolsonaro só melhora o quadro. Estive ontem (quarta-feira, 1º) com o presidente Jair Bolsonaro longamente em Brasília. Eu estava acompanhado do nosso presidente nacional (o ex-deputado Valdemar Costa Neto) e da nossa deputada federal Magda Mofatto. O PL tem total autonomia para conduzir as negociações no Estado de Goiás. Total. Inclusive, hoje temos um pré-candidato (ao governo de Goiás), que é o Gustavo Mendanha (sem partido). Isso é de conhecimento de todos. O presidente Jair Bolsonaro faz questão de recebê-lo. Estamos nessas conversações. Acho que a oposição ao governador Caiado se firmou muito. Hoje vejo que quem tem grandes e sérios problemas é a base de Ronaldo Caiado (DEM). E a oposição cresceu muito com essa filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL. Nesta reunião vocês falaram sobre Gustavo Mendanha, autonomia do partido no Estado e o que mais?A autonomia do partido continua a mesma. A presidência do partido e os rumos do partido permanecem inalterados. Aquela fofoca que Ronaldo Caiado plantou, que algumas pessoas podem ter plantado, sempre falei que nunca existiu. E não vai existir. Gostaria de deixar isso para trás. Passamos a régua. Estamos procurando o Gustavo Mendanha e partidos aliados, como o Republicanos, que é um partido irmão do PL, e é da base de Bolsonaro. Ontem vi um convite do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, ao Gustavo Mendanha para que ele se filie ao Republicanos. Rogério Cruz é mais que um parceiro político, é um amigo. Fico até enciumado. Mas vamos disputar, sim, Gustavo Mendanha. Quer seja ele candidato pelo Republicanos ou, vou lutar muito, pelo PL. Mas essa linha é muito boa. O Republicanos em nível nacional sempre teve o mesmo alinhamento que o PL, é a favor da família. São partidos que tendem a caminhar juntos. Já existem articulações avançadas para novas filiações ao PL?Existe muita procura. Temos conversações nesta semana e na outra com muitos deputados federais e estaduais. Inclusive, quem está em posição de saia justa hoje é o PP. No acordo firmado entre PL e Bolsonaro, a escolha final entre o PP e PL se deu com um pré-acordo. Muito provavelmente, o presidente ficaria em um partido e o outro indicaria o nome para vice. Hoje, o partido mais cotado para indicar um possível vice do presidente Jair Bolsonaro é o PP. Muito dificilmente o PP de Alexandre Baldy poderá ficar com Caiado aqui no Estado de Goiás. É praticamente impossível. Assim como o Delegado Waldir (PSL). O último cruzamento de pesquisa que nós fizemos mostrou que o eleitorado dele é formado por 95% de bolsonaristas. Como ele vai ficar no partido União Brasil, que é contra Bolsonaro? Ele vai se desintegrar politicamente. Tive oportunidade de mostrar isso a ele ontem em Brasília. Acho que, hoje, quem tem sérios problemas de composição de base é o governador Ronaldo Caiado. O que o PL planeja em relação às chapas proporcionais?As chapas de deputado estadual e federal estão praticamente completas. Nós vamos ter de cortar nomes. Podemos lançar 42 candidatos a deputado estadual e 18 candidatos a deputado federal. Acho que somente o União Brasil e o PL conseguirão montar chapas completas e competitivas. Tem projeção de eleição?É só olhar a história política. Como a eleição já está polarizada entre Gustavo Mendanha e Ronaldo Caiado, creio que de sete a oito deputados estaduais serão eleitos pelo PL. Em relação a deputados federais, devem ser de cinco a sete. Isso não é suposição. É só olhar a história e as chapas quando a eleição é polarizada. Cada chapa que tem candidato a governador que está disputando de igual para igual, como é o caso hoje, vai fazer de cinco a sete, no mínimo, deputados federais. E de sete a nove deputados estaduais. Gustavo Mendanha disse em entrevista ao POPULAR que quer fugir da polarização entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Se ele se filiar ao PL ou a um partido aliado, estará na base de Bolsonaro. Vocês já conversaram com ele depois dessa declaração? Como está esse diálogo direto do PL com ele?Todos os candidatos vão ter que sair de cima do muro. Vai ter que ter um posicionamento. Creio que a posição mais confortável para um candidato a governador seria fugir dessa polarização. Existem eleitores dos dois lados. Mas, infelizmente, na política, é praticamente impossível. Você vai ter de tomar um lado. Com certeza, como presidente estadual do PL, partido do nosso presidente da República, creio que o lado do Gustavo é o nosso e de Bolsonaro. Não é o que eu quero, mas se ele escolher o Republicanos, este também é fielmente e umbilicalmente ligado a Bolsonaro. A maior parte do eleitorado do Gustavo Mendanha é Bolsonaro. Não vamos ter radicalismos aqui. Vamos ter conversa, diálogo com todos os partidos, como eu falei no início da entrevista. Temos de ter diálogo para o bem de Goiás. Radicalismo não leva ninguém a lugar nenhum. Temos pregado o diálogo amplo com os partidos que vão compor essa futura base do nosso próximo governador Gustavo Mendanha. O deputado federal Vitor Hugo (PSL) também é um possível candidato ao governo de Goiás. Ele sempre declarou que iria se filiar ao mesmo partido que Bolsonaro. Como é a relação do PL com Vitor Hugo? Existe a possibilidade de ele ser candidato ao Palácio das Esmeraldas pelo partido?O PL recebe de braços abertos o deputado major Vitor Hugo. É legítima, sim, a intenção dele de ser um pré-candidato ao governo do Estado de Goiás. Mas, o PL e todo esse bloco, que estamos montando de base de apoio ao presidente Bolsonaro e para que tenhamos o próximo governador do Estado, não pode se aventurar em uma candidatura majoritária que não tenha musculatura política, que não tenha voto. Ele tem direito, sim, de ser pré-candidato, mas, lógico, temos de avaliar o que é melhor, aquele que tem maior chance de ser vitorioso no pleito do ano que vem. Hoje, é Gustavo Mendanha. Acho que major Vitor Hugo, assim como a Magda e como qualquer outro, tem o direito de querer ser pré-candidato ao governo do Estado. Mas nós vamos afunilar e conversar. Ainda temos que dialogar muito com o deputado. É uma pessoa que tem trabalho brilhante no Estado e tem todo direito de ser pré-candidato ao governo. Vitor Hugo foi citado na conversa com Bolsonaro?Prefiro que o Vitor Hugo fale sobre isso. Ele é muito bem-vindo no PL. Esperamos ele com festa e braços abertos. Ele tem todo direito de pleitear candidatura ao Senado ou ao governo do Estado. Mas nosso bloco de oposição ao governador Ronaldo Caiado e de apoio ao presidente Jair Bolsonaro procurará sempre um candidato ao governo competitivo e que tenha chances reais de enfrentar de igual para igual o atual governo.