O policial rodoviário federal Fabrício Rosa, que concorre ao cargo de senador nas eleições deste ano pelo PSOL, foi intimado pela corregedoria da corporação para prestar depoimento na próxima sexta-feira (24) em um processo por supostas “falta de lealdade” e “imoralidade administrativa”. O procedimento diz respeito a uma denúncia anônima que destaca a atuação do agente em campanhas pela legalização das drogas e também deixa implícito um questionamento sobre o fato de ele ser assumidamente gay.Um memorando da PRF do dia 6 de agosto aponta que Fabrício estaria “descumprindo deveres da lei 8112/90”, que trata dos direitos e deveres dos servidores públicos, e supostamente “agindo com falta de lealdade ao órgão PRF e agindo com falta imoralidade administrativa” [SIC]. “Em vários site de internet ele tem criticado a ação da PRF no combate ao tráfico de drogas. Isso é um atentado contra a própria PRF, contra a segurança pública e contra a sociedade brasileira”, diz o documento.Como supostas evidências das práticas do policial, foram anexados dois links: um que leva à página da Agentes da Lei Contra a Proibição (Leap Brasil) que o evidencia como porta-voz do movimento, formado por policiais que buscam “informar sobre a falência e os danos provocados pela ‘guerra às drogas’”, e outro de uma matéria jornalística de março deste ano que traça seu perfil, destacando o fato de ele ser um policial assumidamente gay que, naquele momento, era pré-candidato ao governo do Estado.Para Fabrício, o procedimento aberto contra ele é parte de uma perseguição que tem sofrido dentro da PRF por sua atuação política. “Faço parte da organização da parada LGBT e da Marcha da Maconha e esses fatos têm gerado constrangimentos. Por conta disso já fui vítima de ofensas e indiretas tanto dentro como fora do meio policial”, disse.Segundo o psolista, amigos dentro da PRF já o haviam alertado que alguns servidores cogitavam a possibilidade de abrir um procedimento administrativo contra ele. “Hoje isso se cumpriu”, frisou.O senadoreável atribui o fato ao “momento de conservadorismo” e considera que está tendo que se explicar simplesmente por conta de seus posicionamentos. “Liberdade de expressão é falar o que você pensa e ser quem você é. Esse tipo de perseguição seria grave fora de um momento de campanha, mas agora é mais grave. Ninguém deveria depor por seu ponto de vista sobre o mundo”, comentou.Fabrício ponderou que expor sua defesa pela legalização da maconha encontra respaldo, inclusive, em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2011 liberou a realização das Marchas da Maconha pelo entendimento de que elas se respaldam nos direitos constitucionais de reunião e de livre expressão do pensamento. “Eles têm me acusado de apologia, mas não é bem isso. Estamos defendendo uma política pública”, justificou-se o policial.Questionado sobre as medidas que deve tomar sobre o caso, Fabrício salientou que vai comparecer à audiência e “ver o que vai acontecer”. “Tenho amigos advogados que vão comigo e é isso”, pontuou.O POPULAR procurou a assessoria de imprensa da PRF em Goiás para obter um posicionamento, mas o órgão declarou que não tem conhecimento sobre o caso e que deve se manifestar apenas nesta quinta-feira (23).