Em meio à frustração com a aproximação entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (ex-tucano, sem partido), lideranças do PSOL dizem ter se animado com a discussão que o PT tem feito internamente e publicamente a respeito da revogação da reforma trabalhista no Brasil.O PSOL tende a apoiar Lula em 2022, mas enfatiza que o programa de governo do PT precisa mostrar compromisso com bandeiras da sigla de Guilherme Boulos. Uma alternativa seria lançar um nome próprio, o que hoje é considerado improvável.“Vi com bons olhos esse passo. É fundamental revogar a reforma. Ela é um desastre, não gerou empregos e precarizou o trabalho. Temos um nível de informalidade que é recorde no Brasil e isso é resultado da reforma. A Espanha mostrou que é possível, e é importante que a revogação esteja no programa de reconstrução nacional”, diz Boulos, que é pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSOL.“O que o PSOL quer é discutir é justamente um programa que revogue os retrocessos feitos no Brasil nos últimos anos. A reforma trabalhista e também o teto de gastos, um tema-chave para retomar o investimento público no Brasil: no SUS, em Educação, Ciência”, completa.O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) destaca que, na Espanha, onde a revisão da reforma trabalhista tem inspirado Lula e outras lideranças petistas, o acordo saiu de compromisso entre PSOE, do presidente do governo Pedro Sánchez, com Unidas Podemos, “que está mais à esquerda”.Ele também cita a chamada “Geringonça”, que uniu as esquerdas em Portugal, como exemplo.“A aliança precisa se dar por compromissos programáticos. A discussão não pode ser só de ganhar as eleições. Precisamos ganhar e convencer a população de um programa para reconstruir o Brasil. Não é só derrotar Bolsonaro. É derrotar a agenda dele. Vi como um excelente começo a sinalização pela revogação da reforma trabalhista”, conclui Boulos.“Para tirar o Brasil da crise, interesses poderosos terão de ser contrariados. Não há mais espaço para que todos ganhem. E para fazer esse omelete será necessário quebrar ovos. Isso começa revendo as maldades que foram promovidas por Michel Temer e Jair Bolsonaro”, afirma Juliano Medeiros, presidente do PSOL.Ivan Valente (SP), deputado federal pela sigla, argumenta no mesmo sentido. “O PT, como partido do Lula, que tem as melhores chances de chegar à Presidência, tem que fazer sinalizações para a esmagadora maioria dos trabalhadores. Isso significa também estar ao lado daqueles que sempre defenderam a não retirada de direitos. Temos tido uma saraivada de retirada de direitos no Brasil. É uma sinalização muito positiva”, afirma o parlamentar. Kassab busca ser vice, afirmam lideranças emedebistas e petistas Líderes de PT e MDB dizem que Kassab faz jogo duro porque quer ser vice de LulaLideranças do MDB e do PT dizem que Gilberto Kassab, presidente do PSD, está fazendo jogo duro ao declarar que a sigla levará até o final sua candidatura presidencial porque ele mesmo quer ser o vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Em entrevistas, o ex-ministro de Dilma Rousseff (PT) e de Michel Temer (MDB) tem dito que não apoiará o ex-presidente ou qualquer outro concorrente no primeiro turno. Kassab afirma à reportagem que não haverá mudança de rota e que o PSD terá, sim, candidato próprio.Em 21 de dezembro, Kassab disse ao jornal Folha de S.Paulo que já informou a Lula que não o apoiará no 1º turno e reafirmou sua escolha pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG).“Um partido que se apresenta como moderno e de centro não pode neste momento cometer o equívoco de pender para um lado. Somos centro. Essa diretriz é fruto de muita conversa, com uns querendo pender mais para a esquerda, outros mais para a direita”, disse o dirigente na entrevista.A líderes partidários que têm perguntado sobre o tema, Kassab tem dito, inclusive, que seria desmoralizador para ele e para o partido se ele desse uma guinada depois de negativas tão categóricas a aliados e em entrevistas.