Um dos mais ferrenhos defensores do agora governador Ronaldo Caiado (DEM) durante a campanha, o deputado federal Delegado Waldir Soares (PSL) manifestou ontem, em entrevista ao POPULAR, transmitida pelo Facebook e site do jornal, sua insatisfação com “a postura” do democrata em relação a seu partido. Taxando a relação com o governador de “formal”, o presidente estadual do PSL disse que sua sigla “se mostrou fiel” e que, agora, “cabe a Caiado reconhecer se ele quer que o PSL ajude a governar”.O parlamentar lembrou a eleição para a presidência da Assembleia Legislativa, vencida por Lissauer Vieira (PSB), que desbancou o então candidato de Caiado, Álvaro Guimarães (DEM). “Nossos dois deputados (Humberto Teófilo e Paulo Trabalho) foram os únicos que se mantiveram fiéis ao governador Caiado e ao candidato dele. E, por isso, inclusive, tiveram prejuízos políticos dentro da Assembleia. Acho que todos devem saber do papel que o PSL teve”, criticou.“Não vamos colocar a faca no pescoço do governador. O PSL não quer esmolas, quer apenas o espaço que ele conquistou nas urnas. Sou o federal mais votado. Elegemos dois federais e dois estaduais e fomos muito fiéis e leais ao governador”, ressaltou ele, que teve 274 mil votos no pleito do ano passado.Apesar da insatisfação com a falta de espaço na administração, Waldir defendeu Caiado em relação ao imbróglio envolvendo a folha de dezembro dos servidores públicos. Segundo o deputado, o governador “sem dúvida deve priorizar o pagamento”, mas ressalvou: “Sou testemunha que ele tem ido a Brasília buscar recursos. O governo não tem possibilidade de buscar crédito com bancos e a culpa é do governo passado, que deixou o caixa arrebentado. A gente sabe que o governador tem feito o possível e impossível através desses recursos”.Reforma da PrevidênciaO líder da bancada do PSL na Câmara também defendeu a proposta de reforma da Previdência e disse que “ela será fundamental para que o cidadão receba serviços públicos de qualidade na saúde, educação e segurança pública”. “Hoje, o comprometimento dos Estados, dos municípios e da União é com salário de servidores e Previdência”, destacou.Como já vinha defendendo publicamente, Waldir reforçou o entendimento de que a reforma da Previdência dos militares deve ser enviada ao Congresso para tramitar juntamente das mudanças das regras para os demais servidores, e endossou o discurso do governo de Jair Bolsonaro (PSL), de que o objetivo é “combater privilégios”. “Queremos ela igualitária. Os líderes partidários, e o próprio Rodrigo Maia (presidente da Câmara Federal, do DEM), também se manifestaram desta forma. Enquanto não chegar a dos militares, não tramita a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos demais. Vamos acabar com privilégios de políticos, juízes, promotores, delegados, todos estarão no mesmo balaio”, garantiu ele.O deputado, contudo, admite que militares terão “tratamento diferenciado”, bem como as professores, mulheres, trabalhadores rurais e quem recebe o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) - cujas regras devem mudar. “O governo está disposto a dialogar e a gente quer aprovar o texto mais adequado, mas a prerrogativa é acabar com privilégios. Hoje, o trabalhador da iniciativa privada sustenta aqueles que estão na atividade pública, militares e políticos.”Quanto ao clima no Congresso a respeito da polêmica medida, Waldir pontuou que os pontos mais controversos são o BPC e a aposentadoria rural. “Em relação ao restante, os parlamentares estão muito conscientes. Ela é indispensável, os governadores e prefeitos não conseguem governar. Nós não temos uma árvore de dinheiro.”Bancada do PSLO deputado também comentou como vem avaliando a missão de liderar a bancada de 55 deputados do PSL, que ele próprio chamou de “polêmica”. Para Waldir, será possível “dar protagonismo para cada um deles” e conciliar a busca por espaço entre os parlamentares. Classificando a bancada como “diferenciada, competente e capacitada”, o líder do partido afirmou que as divergências entre eles são normais e que a diferença é que o PSL “lava roupa suja ao vivo e a cores”. “Nosso debate é nas redes sociais. Sabemos da nossa responsabilidade e não queremos esconder aquilo que acontece entre nós.”