Mesmo a “força-tarefa” de vereadores, a pedido do prefeito Sandro Mabel (UB), para concluir as votações da pauta orçamentária antes do encerramento do ano, não se consolidou como uma “trégua” nos embates em Goiânia entre Executivo e Legislativo, que marcaram 2025. Apesar de sinalizar a amenização do clima, até as pautas finais, como a aprovação da própria Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 exigiram que o Paço cedesse em negociações.A aprovação da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2026, que chegou à Câmara em 12 de agosto e teve idas e vindas na tramitação durante todo o semestre, só ocorreu após desgastes. Para ser aprovada, houve a redução para 23% do porcentual de remanejamento da Prefeitura, o qual na versão inicial era de 50% e depois diminuiu para 30%. Mas foram mantidas as exclusões de suplementações ao Legislativo.A Prefeitura de Goiânia aponta que o desempenho positivo de tributos como o Imposto Sobre Serviços (ISS) garantiu um novo cenário fiscal. Mas foi a questão tributária um dos grandes pontos de rusgas no relacionamento, principalmente com a Taxa de Limpeza Pública (TLP) - a chamada taxa do lixo, que começou a ser cobrada em julho pelo município. A TLP entrou na mira da oposição e a revogação da taxa, de autoria de Lucas Vergílio (MDB), foi aprovada, também na última sessão do ano, após a inclusão de uma “trava” que condiciona a validade da lei e a torna, na prática, sem resultado.A aprovação de uma emenda apresentada por Thialu Guiotti (Avante) vinculou o fim do tributo à apresentação de um estudo de impacto financeiro, à indicação de medidas de compensação da renúncia de receita e à manifestação favorável da Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz). Com isso, mesmo os vereadores da base foram favoráveis ao projeto que revoga a taxa do lixo.Ao fim do ano, a atuação do novo líder do governo, Wellington Bessa (DC), foi apontada como decisiva pelo prefeito e pelo presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRD), para que os projetos do Paço pudessem avançar. Levantamento do POPULAR mostrou que, a um mês do fim do ano, mais da metade dos projetos de lei enviados pela Prefeitura de Goiânia estavam parados na Câmara Municipal. Das 31 propostas encaminhadas este ano, 17 estavam travadas em alguma comissão permanente na Casa ou mesmo na Presidência do Legislativo.Os diversos impasses ao longo de 2025 entre Mabel e os vereadores relacionados ao atendimento de demandas dos parlamentares, como a indicação para cargos, reclamações do “desprestígio” em relação ao Executivo e falta de pagamento das emendas impositivas, fizeram com que o Paço conseguisse a aprovação definitiva de apenas sete matérias até o final de novembro - o que correspondia a menos de um projeto por mês.Mesmo com alguns encontros entre o prefeito e os vereadores, a base aliada seguiu oscilante e o engajamento nas votações de propostas do Executivo exigiu sempre uma atuação maior do Paço. Inclusive pouco antes da virada do ano, nos projetos orçamentários.