Apesar da cautela ao falar do tema, há deputados que assumem a insatisfação com a permanência no governo de secretários que devem se candidatar nas eleições proporcionais deste ano. Por outro lado, aliados do governador Ronaldo Caiado (DEM) dizem que o democrata ainda não fala do tema abertamente e que, se há pressão de alguns parlamentares da base na Assembleia Legislativa de Goiás, ela é feita por meio de um jogo mais indireto.A coluna Giro revelou, no fim de semana, que o debate sobre as candidaturas de auxiliares do governo, previsto para este mês, deve ser adiado por conta dos estragos provocados pela chuva no Nordeste goiano. Há, porém, uma ansiedade por parte de parlamentares para que a desincompatibilização dos secretários que querem ser candidatos ocorra o quanto antes.O freio no diálogo para que o governo possa se dedicar à crise no Nordeste goiano é algo compreendido pelos deputados, apesar da pressão pela troca dos auxiliares que caminham para a política. Para o deputado estadual Coronel Adailton (PP), a concorrência com secretários e presidentes de agências do governo na eleição proporcional seria desleal.“É um pouco desleal a concorrência com uma pessoa que está com a máquina do governo na mão, fazendo pré-campanha com os objetos do governo. Afinal, já estamos no ano eleitoral”, diz o parlamentar. Para ele, o governador age corretamente ao priorizar a ação nas chuvas do Nordeste goiano. “Mas essas prioridades são sazonais, não podemos ficar reféns de novidades que aparecem no governo. É claro que o nosso povo é a prioridade, não tenho dúvidas disso, mas o governo tem que ter nomes com competência para substituir os que serão candidatos”, acrescenta.Adailton ainda afirma que abril, que é o mês limite para a desincompatibilização, de acordo com a lei eleitoral, é tarde para a saída desses auxiliares. “Abril já está no último momento. Aí já não seria uma ação do governo, mas uma ação da lei. Não seria uma atitude do governo, em respeito a quem passou três anos o defendendo na Assembleia”, diz Adailton, ao lembrar dos desgastes sofridos pela base ao votar projetos polêmicos na Casa. EsfriouVirmondes Cruvinel (Cidadania) era um dos deputados mais atuantes na articulação para que a troca de secretários ocorresse na virada do ano, como mostrou a coluna Giro ainda em agosto. Nesta segunda-feira (3), porém, o deputado afirma que a situação foi amenizada, devido a um aumento do diálogo do governador e até dos secretários com a Assembleia. “É claro que o maior propósito é atender bem as pessoas e não, às vezes, usar isso como fruto eleitoral. É por isso que a gente entende que, respeitando as regras eleitorais, o governador tenha a sensibilidade para continuar tendo uma execução de qualidade do serviço das secretarias, mas que também evite qualquer transtorno de alguém que esteja extrapolando as suas atividades”, diz.O deputado Lucas Calil (PSD), que também elogia a ação do governo no Nordeste goiano, diz que a gestão precisa apenas ter cuidado “para não existir, em uma ação de solidariedade, o proselitismo político”. Ele defende que o governo evite que algum auxiliar, que pretenda ser candidato, tente usufruir de um “momento triste do estado”.Apesar disso, Calil diz não se intimidar pelas candidaturas dos auxiliares. “Eu já fui candidato duas vezes contra muita gente, então eu acho que quem tem muito serviço prestado não precisa se preocupar com o adversário”. Cairo Salim (PROS) tem o mesmo discurso. “Esse assunto esfriou bastante e para mim é indiferente se eles forem sair agora ou em abril”, diz.O presidente da Assembleia, Lissauer Vieira (PSB), afirma que o assunto está só na especulação por enquanto. “Eu nunca conversei com o governador sobre isso e, com certeza, se tiver algo nesse sentido, ele vai me chamar para conversar”, diz. O líder do governo, Bruno Peixoto (MDB), também desconversa e prevê que o diálogo sobre isso seja retomado na volta das atividades legislativas, em fevereiro. Os cotados para saírem candidatos para a Assembleia ou para a Câmara dos Deputados são Ernesto Roller (Governo), Ismael Alexandrino (Saúde), Pedro Sales (Agehab e Goinfra), Renato de Castro (Codego) e Lineu Olímpio (Ceasa). Roller diz que ainda não decidiu se vai disputar mandato e que qualquer afirmação agora seria mera especulação.Aliados do governador afirmam que Caiado ainda não fala disso abertamente e que a pressão dos deputados é mais indireta. No entanto, confirmam que a definição começa a ser feita neste mês, mas não se sabe se seria de imediato a desincompatibilização.