Em meio a um novo período de questionamentos, membros do Fórum das Entidades Empresariais de Goiás (FEE) apontam que o cronograma de investimentos da Equatorial na distribuição de energia elétrica não está conseguindo acompanhar o desenvolvimento do estado, o que coloca barreiras para novos empreendimentos e ampliação daqueles que já estão instalados. Diante disso, a reivindicação é que a companhia acelere a execução de ações. Há interesse também que o estado participe na aplicação de recursos em obras estruturantes.A Equatorial afirma que tem investido na modernização e ampliação da rede, com obras planejadas para atender todos os clientes da área de concessão (leia mais abaixo). Os representantes do fórum avaliam que a companhia tem realizado importantes obras no estado, que estão contribuindo para a melhora do serviço. No entanto, eles apontam que estes investimentos são insuficientes. “A evolução produtiva de novos negócios é muito mais rápida do que o cronograma (de investimentos da companhia) que está aí. Precisamos fazer com que esse cronograma seja antecipado”, afirmou o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti.Para Fileti, no cenário, existe, de um lado, “um orçamento pré-aprovado e planejado por parte da Equatorial” e, de outro, “o setor produtivo com uma demanda muito grande de instalação de novas plantas”. “Quando junta a falta de dinheiro para fazer essa expansão e a vontade de crescer do outro lado… esse é um dos problemas que está acontecendo”, afirmou o presidente. Fileti citou exemplo de indústria de Vianópolis, que tem capacidade para ampliar a produção, mas só não o faz devido à indisponibilidade de energia. A antecipação de cronograma também é defendida pelo presidente do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Célio Eustáquio de Moura. Segundo Moura, a expectativa é de “investimentos mais sólidos”, que sejam suficientes para que o estado tenha energia disponível e de qualidade. O presidente afirmou que os recursos devem ser aplicados de forma estratégica não apenas na estrutura, mas na manutenção da rede, para que o serviço tenha maior estabilidade. Moura também é presidente do Sindicato da Indústria de Energia do Estado de Goiás (Sindienergias-GO). O novo movimento de pressão contra a Equatorial foi revelado pelo Giro. A coluna mostrou que o tema foi discutido, na sexta-feira (12), em reunião do grupo técnico que foi criado para este debate. O primeiro passo é ampliar o diálogo com a Equatorial. Se a medida não tiver efeito, existe disposição para medidas administrativas e acionar o Judiciário. A necessidade de ampliar a oferta de energia também já havia sido mencionada por Heribaldo Egídio, presidente em exercício da Fieg, na semana passada, em artigo publicado no POPULAR. Diferentes entidades do setor produtivo realizaram levantamentos sobre a demanda de energia no estado. Há planos de unificar as informações em apenas um estudo. A reportagem apurou que parte dos dados foi apresentada ao governador Ronaldo Caiado (UB) há cerca de 15 dias. Quanto à participação do governo estadual nas novas tratativas, os representantes do fórum afirmam que há diálogo aberto. O presidente da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial de Goiás (Adial), Edwal Portilho, o Tchequinho citou que o Fundo de Equilíbrio Fiscal (criado neste ano pelo estado), quando tem superávit, pode ser usado para obras estruturantes, e também mencionou o Programa de Crédito para o Desenvolvimento de Goiás, lançado em agosto. Já Moura afirmou que o empenho do governo é importante para pressionar a Equatorial por melhores resultados. Fileti disse que o governo está “muito alinhado com o Fórum Empresarial”. “Não tem como o poder público, a iniciativa privada e a concessão de energia ficarem separados. Se tirar qualquer um desse tripé, acabamos tendo um problema muito sério”, disse o presidente da Acieg. DesafioAs reclamações do setor produtivo quanto ao tema já ocorriam antes de a Equatorial se tornar responsável pela distribuição de energia no estado, há 2 anos e 9 meses (o serviço já passou pelas mãos da estatal Celg-D e da italiana Enel). No entanto, agora, a categoria aponta urgência, diante do fim dos incentivos fiscais, determinado pela reforma tributária. Sem este instrumento, os empresários afirmam que Goiás precisa investir em infraestrutura e mão de obra para se manter atrativo para o setor industrial.Tchequinho lembrou que a dificuldade do estado com energia também está relacionada à transmissão (sistema que abastece as linhas de distribuição), que depende de leilões comandados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No entanto, o presidente da Adial afirmou que as medidas relacionadas à transmissão são demoradas e, diante disso, “nós temos que achar a solução na distribuição”. “Precisamos fazer o dever de casa enquanto empreendedores, governo e concessionária para não deixar travar esse desenvolvimento do estado”, disse Tchequinho. Moura também citou que problemas de transmissão contribuem para os desafios de Goiás, mas afirmou que “grande parte da deficiência é falta de investimento em distribuição”.