O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que não compete à Justiça do Estado de Goiás atuar no âmbito da Operação Parasitas, deflagrada pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) em setembro do ano passado. O STJ definiu a remessa imediata do processo à Justiça Federal, que deverá avaliar se concorda ou não com o que já foi feito no caso. A decisão do tribunal foi tomada por unanimidade na terça-feira (5). Na época em que a operação foi deflagrada, a Polícia Civil divulgou que investigação apontou indícios de esquema criminoso instalado na Organização Social Instituto Brasileiro de Gestão Hospitalar (IBGH), que teria resultado no desvio de cerca de R$ 6 milhões destinados a compra de materiais e insumos hospitalares destinados principalmente ao combate da pandemia.As supostas irregularidades ocorreram em contratos de gestão relacionados à administração do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP) e dos hospitais estaduais de Pirenópolis, Jaraguá e de Urgências da Região Sudoeste, em Santa Helena de Goiás (Hurso). Também são investigados casos de centros médicos voltados para tratamento de pacientes com Covid-19 localizados no Amapá.A decisão do STJ foi tomada em um contexto em que o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (Patriota) fez declarações afirmando que recebeu informações de que, após deixar o comando da cidade, poderia ser alvo de operações policiais.Mendanha é pré-candidato ao governo de Goiás e disse, no dia 31 de março deste ano, que pode sofrer perseguições. O ex-prefeito chegou a afirmar que iria procurar o Ministério Público para se colocar à disposição para qualquer esclarecimento. Em resposta à declaração, o secretário estadual de Segurança Pública, Rodney Miranda, disse que Mendanha tenta criar “factoide eleitoral”. Segundo a investigação da Polícia Civil, em manobra de direcionamento de contratos, empresas de fachada registradas em nomes de laranjas foram contratadas em regime de urgência para o fornecimento de materiais hospitalares. No entanto, após o pagamento de despesas, informou a Polícia Civil, foi detectado que parte do dinheiro teria retornado a pessoas ligadas aos gestores da OS. Também foram encontrados indícios de emissão de notas fiscais falsas para justificar o recebimento de recursos públicos e de materiais que não foram entregues.Advogado do IBGH e de Eliude Bento da Silva, ex-presidente do instituto, Demóstenes Torres argumenta que o processo deve ser analisado pela Justiça Federal porque a maior parte dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) tem origem na União. “Os contratos dizem que a fiscalização é do Tribunal de Contas da União. A competência não era da Justiça goiana”, disse Demóstenes.O advogado disse também que especulações foram criadas por causa da declaração recente de Mendanha. “Se ele tinha algum temor em relação a esse processo, foi afastado. Os órgãos estaduais não podem fazer mais nada em relação a isso. E os atos estaduais poderão ser anulados, o que vou pleitear”, disse.