Integrante da base governista em Goiás desde 1998, o ex-deputado federal Vilmar Rocha, presidente do PSD estadual, defende uma nova aliança e um nome de fora do governo para disputar as eleições de 2018. Ele aponta esgotamento do ciclo do grupo governista e o sentimento do eleitorado pró-Ronaldo Caiado, senador do DEM. O caminho para vencer o democrata, avalia, é buscar um “candidato da sociedade”, que não integre a atual gestão.Se antes apenas repetia que era cedo para falar em candidaturas, resistindo a declarar apoio ao pré-candidato da base, o vice-governador José Eliton (PSDB), agora Vilmar deixa clara a posição em favor de uma alternativa. “As pessoas até aceitam um nível de continuidade, mas não querem continuísmo”, avalia.Em festa de confraternização com tom de despedida da Secretaria de Cidades e Meio Ambiente (Secima), na sexta-feira (8), o titular da pasta falou ao POPULAR sobre a sucessão nacional e local. O governo quer a desincompatibilização antecipada de todos os auxiliares que são pré-candidatos. Com planos de disputar o Senado, ele é um dos nomes de saída. Que avaliação o sr. faz do cenário para 2018 em Goiás?Eu venho conversando com todos os líderes importantes do Estado. Esta semana (semana passada), tive longa conversa com a senadora Lúcia Vânia (PSB), com os deputados federais Daniel Vilela (PMDB), Thiago Peixoto e Heuler Cruvinel (ambos do PSD). Já combinei também uma conversa com os deputados Jovair Arantes (PTB) e Roberto Balestra (PP). Com exceção do Daniel, são nomes que estão desde 1998 dando sustentação política a essa base. Falamos do cenário e das alternativas políticas que temos para 2018. A conclusão é que o quadro político, tanto nacional quanto local, está em aberto. Não há nenhuma decisão definitiva. As decisões serão tomadas a partir de março. Havia uma expectativa por parte da base governista de que o vice-governador, José Eliton (PSDB), chegasse ao fim do ano mais conhecido da população e com crescimento nas pesquisas de intenção de voto, algo que parece não ter ocorrido. O que acha?As pesquisas atuais têm pouco valor de análise política. E as pesquisas que estão sendo divulgadas são fake news. Não se sabe a autoria, quem mandou fazer. Me parecem fictícias, plantadas para atender interesses de determinados grupos. Mas o PSD não tem feito pesquisas internas?Temos feito, para o nosso controle e sem divulgação. É claro que elas dão indicações. E nem precisaria de pesquisa. Nós que nos relacionamos com a população temos condições de ver qual é o sentimento. É inegável que, hoje, o que sentimos é que o nome à frente é do senador Ronaldo Caiado (DEM). Isso é claro. Pode mudar, mas é o que se ouve. Mas ainda está muito cedo. A rejeição ao governo apontada nas pesquisas internas e o desgaste de 20 anos no poder vão atrapalhar muito o candidato da base?Há claramente um esgotamento político do ciclo. Eu o integro e tenho autoridade para dizer que há esgotamento. É um ciclo de 20 anos. Eu participei diretamente dele, o construí, ou melhor, ajudei a construir seus pilares e é certo: é o fim de um ciclo. Nós temos de apresentar à sociedade goiana uma nova alternativa para um novo ciclo. Essa é a verdade. É preciso uma renovação de mensagem e de propostas. É preciso novas lideranças. Quer pelas pesquisas quer por nossas próprias análises, reconhecemos isso. José Eliton não consegue representar esse novo?Não. A minha proposta política é que o nosso candidato a governador deveria ser um nome da sociedade, não do governo, e eu me incluo (na exclusão). Deveria ser um nome da sociedade que pudesse liderar esse novo ciclo. As pessoas até aceitam determinado nível de continuidade, já que há muita coisa boa que deve continuar, mas também há muita coisa que deve ser mudada. Ou seja, as pessoas aceitam um nível de continuidade, mas não querem continuísmo. Não quero fulanizar, porque empobrece a minha análise, mas tenho essa tese. Temos de formular propostas para um novo ciclo, que não seja de continuísmo. Isso pode representar a saída do PSD da base? Por isso a conversa com o PMDB?2018 está aberto para conversarmos com todos para fazer uma nova aliança, diferente daquela que fizemos todos esses anos. Tem de haver uma mudança dessa aliança. E ela vai depender um pouco também - não muito, mas um pouco - da aliança nacional, que ainda está em aberto. De certa forma vai condicionar, formatar aqui também. A postura do PSD é de conversar com todos para definir qual a nova aliança que vamos fazer. No plano nacional, acha que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pode ser candidato do PSD?Eu integro um grupo de políticos nacionais, de diferentes partidos, que está ajudando a viabilizar politicamente a candidatura do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP). Queremos construir uma aliança forte em torno dele. Achamos que, no atual quadro, ele é o mais experiente, comanda uma economia grande, é equilibrado, um político de centro, austero, com nome limpo. O nome do Meirelles surgiu, mas não foi encampado pelo PSD. O partido não o lançou. E se depender de mim, o candidato de centro vai ser o Alckmin. Por que não Meirelles?Acho que ele teria grande dificuldade política para liderar essa aliança. Reconhecemos que ele faz um grande trabalho como ministro, mas presidente da República é mais do que isso. Tem de ser um político com capacidade de articular, coordenar um amplo quadro de forças políticas. Alckmin é o nome mais adequado. O PTB tem dito que não abre mão de vaga na chapa majoritária em Goiás. O PP diz o mesmo e fala em candidatura avulsa ao Senado se não tiver espaço. O PSD pensa nessa possibilidade?Acho que é uma alternativa. Em vários Estados, nas eleições anteriores, houve candidaturas avulsas. É uma candidatura difícil porque fica só, sem estrutura político-partidária, mas é possível. Agora, esses que falam é porque sentem dificuldade nas alianças, mas é preciso esperar. É muito cedo. Que vai haver mudança nas alianças, eu não tenho dúvidas. A aliança que sustentou a base não será a mesma em 2018. Qual mudança ainda não sabemos, mas vai haver. É natural. Vamos viver outro momento, outra realidade, outro ciclo. Qual será a estratégia para vencer Ronaldo Caiado, já que o sr. admite que o sentimento hoje do eleitorado é favorável a ele?A estratégia é fazer uma aliança nova e lançar um candidato da sociedade. O candidato da sociedade é alguém que não seja do atual governo, que não integre o atual governo. Um candidato diferente, que possa causar um impacto no eleitorado e gerar uma expectativa política nova e diferente para 2018. É isso. Mas existem nomes com disposição e poder para isso? Consegue vislumbrar uma opção?Eu não tenho este nome e ele não é visível ainda, mas existe. Vou dar um exemplo. Em 1998, até o dia da convenção, não tínhamos o nome. O candidato era o (Roberto) Balestra (PP). Decidimos o candidato novo no dia da convenção - o Marconi. E ele ganhou a eleição. Então é preciso traçar um perfil e há tempo para se chegar a este nome. As definições começarão em março, como eu já disse. Até lá, vamos chegar a um nome novo. Não é possível que, em um Estado com 7 milhões de pessoas, não tenhamos outras alternativas, outras opções para o governo. Eu acho que existem e há tempo para a construção de uma aliança e para a definição desse nome para vencer as eleições.