O Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) rejeitou na terça-feira (30) pedido de liminar para suspender o leilão de participações acionárias da Companhia Celg de Participações (CelgPar), marcado para as 14 horas desta sexta-feira (3), na sede da B3, em São Paulo. A representação foi protocolada pelo deputado estadual Mauro Rubem (PT), sob argumento de que relatório técnico preliminar do TCE-GO havia apontado indícios de subavaliação dos ativos, como revelou o POPULAR na semana passada.O conselheiro Celmar Rech, relator do processo de acompanhamento da venda da CelgPar, afirmou que a venda já vem sendo acompanhada pelo tribunal e que as providências adotadas até o momento são consideradas suficientes. Segundo o relator, a equipe técnica do TCE-GO ainda não concluiu os trabalhos, após esclarecimentos apresentados pelo governo goiano, nem apresentou “qualquer proposta de medida de urgência, o que fragiliza o argumento de perigo da demora” - requisito para concessão de liminar.Celmar Rech também alegou que a representação do parlamentar foi “fundamentada em matérias jornalísticas que exploram fatos alheios às questões técnicas da alienação, não havendo (na peça) elementos que possam indicar a efetiva existência dos alegados indícios de irregularidade”.No processo próprio de acompanhamento do tribunal, não houve registro de movimentação desde o dia 19 de setembro, quando a Secretaria-Geral de Governo e a CelgPar apresentaram defesa sobre a recomendação de revisão dos preços dos ativos. A reportagem apurou que representantes do TCE-GO e do governo tiveram reuniões na quarta e quinta-feira. Na primeira, houve pedido por parte do tribunal de documentos complementares. Na segunda, procuradores do Estado e da companhia buscavam garantir que não haverá medida cautelar que impeça o leilão desta sexta.Comitiva de 24 pessoas da gestão estadual vai a São Paulo, incluindo o governador Ronaldo Caiado (UB), o vice-governador Daniel Vilela (MDB), quatro secretários e dois diretores da CelgPar.Como mostrou o POPULAR, o relatório parcial de auditoria, assinado por cinco técnicos, aponta subavaliação que varia de R$ 44 milhões a R$ 198,9 milhões, a depender da metodologia de cálculo. Os ativos da companhia, divididos em quatro lotes, têm lance mínimo de R$ 194 milhões, enquanto o relatório do TCE-GO avalia que os preços deveriam ser de pelo menos R$ 238,3 milhões, podendo chegar a R$ 392 milhões.As divergências sobre a suspensão do leilão, após o relatório do TCE-GO, geraram crise entre a direção da companhia e o governo estadual, culminando com a exoneração de dois integrantes da cúpula da empresa: Fernando Navarrete da presidência e Anita Belchior da Diretoria de Gestão Corporativa.O relatório do tribunal foi encaminhado ao governo em 11 de setembro, com pedidos de esclarecimentos e recomendação de “revisão criteriosa dos valores atribuídos aos lotes, considerando as premissas mais vantajosas ao Tesouro Estadual, a fim de assegurar uma venda mais favorável ao Estado, sem comprometer a razoabilidade dos valores e a competitividade/atratividade”.O governo apresentou respostas em audiência no tribunal e em ofício, nos dias 18 e 19. Desde então, não houve registro de andamento do processo, que corre em sigilo no TCE-GO. No fim da tarde de quinta, o gabinete de Celmar Rech informou que a equipe técnica ainda estava analisando os esclarecimentos apresentados pela SGG e CelgPar sobre a metodologia de avaliação dos ativos e que não havia proposto qualquer medida de intervenção do tribunal. Sem solicitação de medidas, o gabinete informou que a equipe “seguirá com o regular acompanhamento do processo, que envolve outros aspectos de conformidade e ainda se encontra em fase de instrução inicial”.Além da representação no TCE-GO, Mauro Rubem e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (Stiueg) protocolaram ação popular no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e representação no Ministério Público de Goiás (MP-GO) contra o leilão. Até o fechamento da edição, a Justiça não havia apresentado decisão sobre o pedido de liminar. A Procuradoria-Geral do Estado se manifestou na ação, buscando impedir a suspensão.A CelgPar venderá duas empresas de transmissão, da qual é a única proprietária, e a participação em outras duas empresas de geração e uma de transmissão, totalizando cinco ativos. Os lotes incluem 25% das ações ordinárias e 50% das ações preferenciais da Energética Corumbá III; 100% das empresas Firminópolis Transmissão e Lago Azul Transmissão; 49% das ações da Pantanal Transmissão; e 20% das ações da Energética Fazenda Velha.O titular da SGG, Adriano da Rocha Lima, que assumirá o comando da CelgPar nesta sexta-feira, defendeu a metodologia utilizada para a avaliação e diz que há equívocos no relatório parcial do TCE-GO. Ele afirma que foram apresentados ao tribunal todos os detalhes técnicos e especificidades do edital do leilão.