Oito das dez áreas estratégicas do Grupo Especial de Planejamento e Inovação (Gepi) do governo de Goiás serão coordenadas por membros do primeiro escalão do Executivo. O colegiado foi criado com o objetivo de trabalhar na “transição” entre o primeiro e o segundo mandatos de Ronaldo Caiado (UB), conforme adiantado pelo Giro. O grupo tem ao todo 74 integrantes que compõem pastas do Executivo em diferentes cargos e será comandado pelo secretário-geral da Governadoria (SGG), Adriano da Rocha Lima.A lista de nomes foi divulgada pelo governo de Goiás nesta segunda-feira (5). Apesar de a gestão ter informado que estes detalhes seriam publicados em suplemento do Diário Oficial do Estado (DOE), o documento ainda não havia sido publicado até o fechamento desta edição.O grupo tem as seguintes áreas estratégicas: Educação, Cultura, Juventude; Ciência e Tecnologia; Combate à Pobreza e Desigualdades; Infraestrutura; Transporte Público e Energia; Orçamento e Finanças; Saúde; Desenvolvimento Econômico e Geração de Emprego; Segurança Pública; e Agricultura e Meio Ambiente. Além disso, também foi criada a área de governança e apoio. Cada um destes setores tem um coordenador, entre dois e oito membros e um representante da SGG.Os titulares Fátima Gavioli (Educação), Marcio Pereira (Desenvolvimento e Inovação), Pedro Sales (Agehab e Goinfra), Cristiane Schmidt (Economia), Sérgio Vêncio (Saúde), Cesar Moura (Retomada), Renato Brum (Segurança Pública) e Andrea Vulcanis (Meio Ambiente) são coordenadores de áreas relacionadas às suas atuais funções no governo.A área de Combate à Pobreza e Desigualdades será coordenada por Alexandre Parrode, que ocupa cargo de coordenador de Políticas Sociais, em gabinete que leva o mesmo nome. Na estrutura do governo, este departamento faz parte da governadoria e é comandado pela primeira-dama, Gracinha Caiado. Já a área de Transporte Público e Energia ficou sob coordenação de Ricardo Souza, superintendente de Políticas para Cidades e Infraestrutura da SGG.Ao todo, 21 secretários ou presidentes de pastas integram o grupo. A primeira reunião do colegiado com Adriano está marcada para esta terça-feira (6), às 10h, no Palácio Pedro Ludovico Teixeira.Leia também:<a href="https://opopular.com.br/noticias/politica/ex%C3%A9rcito-n%C3%A3o-est%C3%A1-fechando-entrada-do-pa%C3%ADs-pelo-mar-v%C3%ADdeo-no-twitter-%C3%A9-de-exerc%C3%ADcio-militar-1.2573874" target="_blank">-&nbsp;Exército não está fechando entrada do país pelo mar; vídeo no Twitter é de exercício militar</a><a href="https://opopular.com.br/noticias/politica/caiado-aciona-stf-e-pede-suspens%C3%A3o-de-reajuste-de-26-na-tarifa-das-passagens-do-entorno-1.2573815" target="_blank">-&nbsp;Caiado aciona STF e pede suspensão de reajuste de 26% na tarifa das passagens do Entorno</a><a href="https://opopular.com.br/noticias/politica/golpismo-bolsonarista-teve-atua%C3%A7%C3%A3o-de-militares-do-in%C3%ADcio-do-governo-ao-%C3%A1pice-eleitoral-1.2573709" target="_blank">-&nbsp;Golpismo bolsonarista teve atuação de militares do início do governo ao ápice eleitoral</a>De acordo com o titular da SGG, a finalidade do grupo é transformar as ações previstas no plano de governo divulgado por Caiado durante a eleição deste ano em planejamento prático para o próximo mandato. “O plano de governo é um documento mais para orientação, ele não entra em muitos detalhes”, afirma o secretário.Adriano também argumenta que já se passaram cerca de seis meses desde a divulgação do plano. Desde então, diz o secretário – que é um dos principais auxiliares de Caiado -, houve eleição para presidente da República com resultado que levou à mudança de governo.Adriano também citou a lei federal que limitou a arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de combustíveis e energia. “Era uma possibilidade quando o plano de governo foi elaborado, e agora já é um impacto concreto na arrecadação. A gente precisa, baseado nisso, pegar as diretrizes do plano de governo, olhar com o olhar de hoje, fazendo detalhe mais executivo e não só de linhas gerais”, disse Adriano.EstruturaO Gepi foi criado em um contexto em que o governo decidiu deixar para 2023 o envio de projetos de reforma administrativa e do pacote de projetos sociais para a Assembleia Legislativa. À coluna, Adriano argumentou que a mudança na estrutura da gestão ainda não está completamente formatada e citou que o governo não quer tomar decisões erradas por precipitação.O Executivo também acumula desgaste na Casa, após o envio e aprovação de projeto de lei que criou a taxa do agro. A proposta enfrentou forte resistência do setor, que tem entre seus principais representantes o presidente da Assembleia, Lissauer Vieira (PSD).Adriano justifica que, por meio do trabalho desenvolvido pelo Gepi, serão criadas ações concretas que podem começar a ser executadas a partir de janeiro. Para o secretário, essa estratégia pode evitar que o governo gaste tempo planejando e mobilizando pessoas a partir de janeiro. A expectativa é de que o grupo termine o documento até 22 de dezembro.Questionado sobre as prioridades da gestão, Adriano citou as áreas social, de educação e de saúde. No caso da última, há destaque para a construção do Hospital do Câncer.Diálogo Os principais objetivos do governo no próximo mandato já foram tema de reuniões de Caiado com membros da bancada federal goiana. Um novo encontro com os parlamentares estava marcado para esta segunda, mas não ocorreu, sob justificativa oficial relacionada ao jogo da seleção brasileira ocorrido no mesmo dia. O encontro deve ser remarcado, com a possibilidade de discutir o orçamento da União e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição do governo federal.

'Transição' de mandatos em Goiás tem 74 integrantes da atual gestão

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Tarifaço dos EUA

O presidente Donald Trump parafraseando música de Raul Seixas, transformou-se no “tarifador maluco”. O que poderia parecer piada ganha contornos de crise Insustentável, dado o flagrante desrespeito entre nações. Trump resolveu elevar taxas contra produtos brasileiros, de 10% para 50%, com acréscimo, caso haja retaliação. O posicionamento do mandatário é invasivo, inoportuno e fere de morte o respeito mútuo que deveria reinar entre nações. 
Trump investe em represália aos processos em andamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O assunto deveria se restringir ao ambiente interno do Brasil, não havendo de um mandatário de outro país imiscuir-se nele. Sabe-se que há algum tempo um deputado brasileiro, não por acaso, filho de Bolsonaro, resolveu atuar nos EUA, buscando abertamente incitar o governo daquele país a retaliar o Brasil em favor do pai. No Brasil, de fisiologia política e desfaçatez ideológica, a oposição política age abertamente, com alegação de estarmos com a liberdade cerceada. Avivemos a memória, para lembrar que esses políticos foram formados em fileiras de um governo militar, oriundo de golpe de Estado; o golpe e o governo, de 21 anos, contou com apoio irrestrito dos EUA, não importando o partido de plantão por lá, com sequestros, assassinatos e desaparecimento de corpos. Em agravamento da situação, parlamentares bolsonaristas aprovaram “moção de louvor e regozijo a Trump”, exatamente quem atenta contra a economia e a soberania brasileira. Um acinte à esperada decência mínima da categoria que existe para defender o país, seu povo e sua soberania. Só podemos concluir que vivemos sob a égide de um parlamento sem compromisso com o país e com o povo que o elegeu. Acresçam-se a isso, aplausos vindos da mesma sociedade sobre quem um governante de outra nação e seu próprio parlamento tripudiam e investem pela derrocada do país como nação livre e soberana. De minha parte, concluo que ficamos a mercê de um governante truculento e moleque e de semelhantes molecagens do nosso parlamento.

Lenoar Santos Macedo 
Silvânia-GO

Viaduto Leste-Oeste&nbsp;

É um absurdo a obra inacabada do Viaduto da Avenida Leste-Oeste com a Avenida Castelo Branco. A mesma encontra-se parada há meses, se deteriorando, causando enormes transtornos aos motoristas que utilizam esta via que é uma das principais avenidas de Goiânia. O início da construção ocorreu em maio de 2023 e foi paralisada em dezembro de 2024. A população aguarda uma posição e retomada dos trabalhos por parte da Prefeitura de Goiânia.&nbsp;

Hamilton Rossi 
Setor Jaó - Goiânia

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Representantes do setor produtivo e líderes do Fórum das Entidades Empresariais de Goiás reagiram ao tarifaço imposto ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defenderam a “despolitização” do tema pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de se posicionarem contra a aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica. Estimativa da Federação das Indústrias do Estado (FIEG) aponta redução de 15% no fluxo comercial entre o estado e o país norte-americano, com a <a href="https://opopular.com.br/economia/goias-deve-ter-saldo-positivo-com-guerra-tarifaria-de-trump-1.3254525" target="_self">nova taxa sobre os produtos brasileiros</a>.

O pacote de tarifas anunciado pelo governo dos Estados Unidos estabelece uma nova alíquota de 50% sobre uma série de produtos brasileiros, com vigência a partir de 1º de agosto e se soma às tarifas já aplicadas desde março, de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. Nota técnica da FIEG aponta que Goiás, como exportador de commodities agrícolas e produtos manufaturados, pode sofrer “efeitos significativos”.

A entidade cita que setores como agroindústria, mineração e autopeças tendem a enfrentar perda de competitividade nos mercados internacionais, além das estimativas preliminares que apontam possível retração das vendas aos Estados Unidos.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/goias-deve-ter-saldo-positivo-com-guerra-tarifaria-de-trump-1.3254525" style="font-size: 12px;" target="_self">Goiás deve ter saldo positivo com guerra tarifária de Trump</a> 
<a href="https://opopular.com.br/mundo/entenda-o-tarifaco-de-trump-sobre-brasil-e-o-que-acontece-a-partir-de-agora-1.3286612" style="font-size: 12px;" target="_self">Entenda o tarifaço de Trump sobre Brasil e o que acontece a partir de agora</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/caiado-critica-posic-o-de-lula-ao-tarifaco-de-trump-e-diz-que-presidente-afronta-gratuitamente-o-governo-americano-1.3286691" style="font-size: 12px;" target="_self">Caiado critica posição de Lula ao tarifaço de Trump e diz que presidente afronta 'gratuitamente o governo americano'</a></div>

Além do impacto direto na economia goiana, a Fieg apresenta “recomendações” ao governo federal para que realize “negociação técnica e cooperativa, evitando medidas de confronto que possam agravar o cenário”. A despolitização também passa, segundo a Federação, pelo estabelecimento de “fóruns específicos para discussão setorial com empresas impactadas” e “articulação conjunta com outros países também afetados pelas medidas, visando a construção de estratégias multilaterais”.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, apontou em resposta ao POPULAR que recebeu o tarifaço “com preocupação” e aponta que a taxação terá “reflexos diretos” às exportações do agronegócio goiano. Segundo o presidente, a principal consequência será o aumento nos custos de insumos importados, com impacto direto na competitividade das exportações.

Schreiner ainda apontou que o governo federal reagiu com críticas à imposição das tarifas, com a possibilidade de ativar a Lei de Reciprocidade Econômica e a suspensão de acordos de comércio, investimentos e propriedade intelectual.

“Entendemos que este momento é de cautela e diplomacia, onde é importante o Brasil ter presença ativa na mesa de negociações com os EUA. É fundamental, fazer tratativas no sentido de fortalecer a relação bilateral e não isolar ainda mais o país. A diplomacia e a negociação são o melhor remédio”, defendeu o ex-deputado federal.

A defesa pela despolitização também é apresentada pelo presidente da Organização das Cooperativas em Goiás (OCB), Luis Alberto Pereira, que teme a possibilidade de “descontrole geral” na economia brasileira.

“A gente recebe, como todo o empresariado, com preocupação, porque questões geopolíticas estão interferindo na economia, que é muito sensível a todas essas nuances. O maior temor é sobre o custo dos insumos para as cooperativas, que estão centradas, basicamente, no agronegócio. Implementos e defensivos podem ter o custo elevado, caso o Brasil resolva aplicar a reciprocidade em relação às tarifas americanas”, aponta.

Luis Alberto afirma, no entanto, que concorda com as respostas de Lula a Donald Trump no que se refere à “questão da soberania nacional para tratar assuntos internos”, ao caracterizar a carta do petista como “ponderada”. Mas faz ressalvas: “Nessa questão da reciprocidade, não deveria ser assim. É preciso haver negociação, sentar à mesa e deixar a parte política de lado. Defendo equilíbrio nas ações, foco nos interesses comerciais dos dois países e despolitização da questão”, afirmou ao POPULAR.

“O mercado americano é muito importante para o nosso país e o Brasil não tem tanta relevância assim para os Estados Unidos. Então, na questão da reciprocidade, é preciso dar um tempo e procurar a via diplomática primeiro. É preciso ter cautela e muita conversa na negociação”, defendeu o presidente da OCB.

<a href="https://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; outline: 0px; outline-offset: -2px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>&nbsp;

<h2>Retaliações</h2>

Ao avaliar a preocupação para cenário econômico em Goiás e no Brasil, Luis Alberto afirma que o tarifaço “pode provocar um descontrole geral”. “Inclusive aumento da inflação, se houver maiores retaliações. Essa questão não pode escalar, porque podemos perder investimentos e isso afeta o país todo”, disse o presidente.

“Se houver mesmo um recrudescimento nessa tensão, a situação pode ser muito ruim em todas as áreas e não sabemos onde poder terminar. Enquanto isso, nossos problemas internos acabam escanteados. O grande problema do déficit fiscal, por exemplo, fica esquecido, o que agrava ainda mais a situação”, finalizou Luis Alberto.

De acordo com a Faeg, entre os produtos que podem ser mais afetados estão os do segmento de carne bovina, que representou 61,8% das exportações de Goiás para os Estados Unidos em 2024. A entidade ainda cita o setor de açúcar de cana, que exportou US$ 32,3 milhões, representando 9,6% do total de exportações para o país norte-americano. Para a entidade, outros produtos que também podem sofrer os impactos da taxação, são frutas, milho, peixes, café e produtos hortícolas.

Já quanto às importações brasileiras de produtos norte-americanos, os negócios mais afetados deverão incluir máquinas agrícolas, que representaram 25,5% do total das compras, e adubos e fertilizantes, que representaram 6% das importações.

Entidades goianas pedem 'despolitização'

Tarifaço dos EUA

Sempre existirão pessoas mais ricas do que outras. Mesmo em países mais desenvolvidos, existe pobreza. Nos Estados Unidos, a linha de pobreza para uma família de 4 pessoas é de US$ 2,6 mil por mês. Com essa faixa, as pessoas têm onde morar, possuem automóveis e acesso a comida, mesmo sendo pobres.

Sendo assim, o problema reside no fato dos mais pobres não possuírem acesso a bens indispensáveis à sua sobrevivência. O problema, portanto, é a pobreza absoluta, não a pobreza relativa, como tenta narrar o governo federal após a derrota na taxação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

A sensibilidade em relação à pobreza norteia o ideal da igualdade, ou da justiça distributiva. A norma de justiça, frequentemente adotada pelo discurso público, é a igualdade plena. Seria o equivalente a cada brasileiro receber o mesmo salário, digamos R$ 3 mil por mês (renda média do Brasil), independente do que ele faça.

Não dependeria do esforço, do nível de educação, da capacidade de empreender, entre outras coisas. Essa situação inibiria o ato de inovar e/ou gerar riqueza. Por conta disso, mesmo igualitários modernos, como o filósofo norte americano Ronald Dworkin, não creem na igualdade plena como norma de justiça.

Ademais, isso poderia gerar uma situação inversa. No índice Gini, o zero ocorre quando todos possuírem a mesma renda. Mas imagine um governo que chega ao poder buscando promover a igualdade plena. No entanto, suas ações culminam em tirania e restrição das liberdades, conduzindo a população à miséria. É garantido o acesso à uma ração mensal a todos, enquanto os membros do partido único vivam no luxo. Nesse caso, o índice de Gini será muito próximo a 1 – situação onde toda a renda está na mão de uma única pessoa, com o resto da população vivendo em condições precárias.

Com isso, reforço a ideia de que as políticas redistributivas não constituem um jogo de “soma zero”. Ou seja, o ganho de um corresponde a perda do outro. Devemos adotar medidas de mobilidade qualificada. Onde a promoção do bem-estar dos mais pobres não se dá a partir da piora da vida dos extratos superiores da distribuição. Afinal, quem gera emprego e renda não é o estado e sim os pequenos empreendedores e os grandes empresários.

Vale salientar que quando falamos dos mais ricos, imaginamos milionários em seus jatos ou suas lanchas, mas para fazer parte dos 10% mais ricos no Brasil basta possuir uma renda superior a R$ 8 mil. Em 2016, a professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Ana Annegues e eu testamos a hipótese da mobilidade qualificada no Brasil: “Mobilidade intergeracional qualificada”, Economia Aplicada, USP.”

Nossa conclusão foi que, historicamente, no Brasil, os ganhos obtidos na parte de baixo (cima) se dão a partir da piora na parte de cima (baixo) da distribuição. Temos que ter redução de impostos para todos. Mas o que assistimos hoje é uma narrativa que só serve para que o governo federal arrecade mais e continue com a sua política irresponsável de aumento de gastos com fins eleitoreiros. A guerra do “nós contra eles” não contribui para uma melhora expressiva na vida das pessoas.

Erik Figueiredo, economista. Diretor Executivo do Instituto mauro Borges (IMB)&nbsp;

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

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A ineficiência do 'nós contra eles'

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Erik Figueiredo

Em 1722, europeus que navegavam a dias pelo oceano pacífico encontraram a isolada ilha de Páscoa. A paisagem sem árvores com seus poucos nativos malnutridos não chamou a atenção. Mas por pouco tempo. Conforme adentraram a ilha, centenas e centenas de gigantescas estátuas de pedra com rostos humanos foram encontradas pelo caminho. Estátuas com até 20 metros e 270 toneladas. Logo se perguntaram: cadê a civilização que construiu essas obras extraordinárias?

O biólogo Jared Diamond responde a essa pergunta no livro “Colapso: como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso”. Baseado em estudos científicos, ele propõe que diferentes sociedades colapsam devido à forma desordenada com que consomem os recursos naturais para se sustentarem ao longo do tempo.

Páscoa é uma ilha situada a milhares de quilômetros do continente mais próximo. Antes da chegada dos primeiros habitantes, ela não era nem de longe um ambiente árido e desolado. Com frondosas florestas, sua paisagem possuía diversas espécies de árvores e plantas, além de aves, tartarugas e focas.

Com a chegada dos primeiros habitantes a mais de mil anos atrás, esse cenário começou a mudar. As árvores foram sendo cortadas para a construção e aquecimento das casas, fabricação de canoas e transporte das imensas estátuas. As áreas abertas, convertidas em plantações de banana, batata e cana-de-açúcar. E os animais, caçados um a um.

Esse processo trouxe desenvolvimento para os habitantes da ilha. A população cresceu. Surgiu uma elite. Sacerdotes incentivaram a população a construir as famosas estátuas em agradecimento a deus. As estátuas aumentaram em quantidade. Aumentaram em tamanho. Até que “algo deu ruim”.

Com a ausência da vegetação nativa, os ventos e as chuvas começaram a erodir o solo frágil da ilha. Essa rápida perda de nutrientes e ressecamento do solo e riachos tornaram a agricultura impraticável ao longo do tempo. Além disso, com a falta de madeira, não foi mais possível fabricar canoas para pescar ou, até mesmo, pedir ajuda em ilhas distantes.

O resultado foi uma guerra civil. Em resumo, as pessoas se digladiaram pelas últimas aves ou terras férteis, até não sobrar mais nada. Exceto: ratos e... carne humana. Sim, o canibalismo teve que ser adotado para lidar com a fome.

Voltando à pergunta inicial, a civilização que construiu as famosas estátuas da ilha de Páscoa não foi a lugar algum. Aqueles nativos malnutridos eram os filhos daqueles que não respeitaram a fragilidade do meio ambiente. Que acharam que as leis ambientais “travavam” o desenvolvimento. Que selaram o futuro.

Já, por aqui, caro leitor, o congresso está indo pelo mesmo caminho tentando aprovar uma lei que retirará a obrigação de cerca de 90% de todos os empreendimentos realizados no país de avaliarem o seu impacto ambiental. Ou seja, não saberemos mais como o meio ambiente responderá às nossas intervenções. Preciso lhe contar o fim da história? Pois é, sugiro se informar mais sobre a PL 2159/21. Seus filhos agradecerão.

Davi Mello Cunha Alves, biólogo, mestre e doutor em Ecologia e Evolução (UFG).

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

As florestas da ilha de Páscoa

Davi Mello Cunha Alves

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