Os gastos com verba indenizatória dos deputados estaduais de Goiás sofreram redução em 2020 e 2021, anos marcados pela pandemia de Covid-19, quando comparados a 2019. Foram 9,30% menos despesas no ano passado em relação a 2019, e 1,89% de redução sobre 2020.Considerando valores corrigidos pela inflação do período, em 2019, os deputados gastaram R$ 12,9 milhões; em 2020, foram R$ 11,9 milhões. Já em 2021, as despesas somaram R$ 11,7 milhões.Verba indenizatória diz respeito às despesas custeadas pela Assembleia Legislativa como forma de manutenção dos mandatos dos parlamentares.Cada um dos 41 deputados têm direito a R$ 26,3 mil mensais para custear, entre outras coisas, aluguel de escritório de representação (e seus custos, como IPTU), alimentação, locação de veículos ou aeronaves, combustível, passagens, hospedagem, consultorias técnicas e jurídicas, e divulgação do mandato.O levantamento foi feito pelo POPULAR no Portal da Transparência da Assembleia. Contudo, se o gasto foi menor em 2021 do que nos dois anos anteriores (o mandato atual começou em 2019), a soma das despesas voltou a crescer, em comparação a 2020.Naquele ano, o custo com verba indenizatória foi 7,56% menor que o anterior; em 2021, apenas 1,89%. Uma diferença de mais de cinco pontos porcentuais.Uma explicação pode estar no fato de que 2020 foi marcado pelo fechamento de várias atividades no Estado como forma de combate à Covid-19, e a própria Assembleia passou boa parte do ano fechada e funcionando apenas de maneira remota.Tipo de despesaAnalisando por tipo de despesa, o maior gasto dos deputados foi com apoio técnico (veja quadro ao lado): quase R$ 3 milhões.É seguido por locação ou fretamento de veículos ou aeronaves (R$ 2,9 milhões), custeio de manutenção de veículos e combustível (R$ 2,5 milhões), divulgação de atividade parlamentar (R$ 1,6 milhão) e apoio à atividade parlamentar (R$ 1,1 milhão). Neste item entram gastos de aluguel de imóveis, assim como pagamento de impostos referentes a eles, como IPTU.Três aumentaram despesas em 2021Três deputados estaduais de Goiás apresentaram aumento de gastos com verba indenizatória em 2021, na comparação com 2019, ano não atingido pela pandemia de Covid-19. O líder do governo na Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (MDB), foi o que teve maior variação de despesas: 41,7%. É seguido por Lêda Borges (PSDB), com 32,6%, e Humberto Teófilo (PSL), com 26,4%.Os demais parlamentares declararam gastos menores, variando de 1,8% a 39,7%, considerando apenas os deputados que estiveram no cumprimento do mandato ao longo de todos os 12 meses de 2021 e que já exerciam mandato antes do ano passado.Júlio Pina (PRTB) se licenciou do mandato de julho a outubro para tratamento de saúde, o que explica a redução de suas despesas em 42% na comparação com 2019; foi substituído pelo suplente Maycllyn Carreiro (PRTB). (veja quadro)Os dois, inclusive, receberam indenização pelas despesas de mandato em outubro. Em resposta ao POPULAR, a Assembleia explica que Júlio Pina reassumiu o mandato no dia 15 daquele mês, sendo indenizado com R$ 10,6 mil.Até este dia, Maycllyn Carreiro teve direito a receber a indenização referente ao período em que esteve na Casa (R$ 6,3 mil referente a outubro). De acordo com a Assembleia, os dois se mantiveram abaixo do valor que seria dentro da divisão proporcional do mês.Já Francisco Oliveira (PSDB) e Sérgio Bravo (PROS) assumiram os mandatos em 2021. O primeiro entrou no lugar de Diego Sorgatto (DEM), que renunciou para assumir a prefeitura de Luziânia em janeiro de 2021.O segundo assumiu a cadeira no fim de setembro, depois que Vinícius Cirqueira teve o diploma cassado pela Justiça Eleitoral acusado de captação e gasto ilícito de recursos durante a campanha de 2018.MaioresOs dados foram levantados pelo POPULAR no Portal da Transparência da Assembleia e tiveram os valores de 2019 e 2020 atualizados pela inflação do período. Bruno Peixoto declarou gastos de R$ 251,9 mil com verba indenizatória em 2021. Há dois anos, o custo foi de R$ 177,8 mil.Lêda Borges teve gastos de R$ 315 mil no ano passado e R$ 237,5 mil, em 2019. Já Humberto Teófilo, R$ 302,9 mil em 2021 ante R$ 239,5 mil há dois anos.Os três foram os que apresentaram a maior variação de uso da verba indenizatória em 2021, na comparação com 2019.Dos três, porém, apenas Lêda está entre os dez deputados que mais gastaram no ano passado — ela lidera o ranking com a maior despesa de verba indenizatória declarada entre janeiro e dezembro.À reportagem, Lêda diz que a variação ocorreu porque, a partir de 2021, precisou atender às suas bases e que faz isso de carro. “Goiás é um dos Estados que tiveram maior alta de combustível, e a verba indenizatória é um recurso fixo. Além disso, temos que prestar contas do mandato por meio de informativos, outdoors, comunicação visual.”A maior despesa de Lêda no ano passado foi com divulgação de atividade parlamentar: R$ 89 mil. Despesas com locação de veículos e combustível somaram R$ 93,5 mil. “Uso a verba na medida que preciso”, continua a deputada. “Hoje, gasto mais porque minhas atividades como parlamentar aumentaram muito. Atendo as bases viajando, então, é natural.”Ela, porém, ressalta: “Mas o mais importante é que, no ano da eleição municipal, tive um gasto pequeno. Tenho respeito ao recurso público”. Em 2020, ela foi candidata a prefeita de Valparaíso de Goiás. Naquele ano, teve o quinto menor gasto da verba entre os deputados estaduais.Bruno Peixoto ressalta que teve a maior variação na comparação com 2019, porque foi o deputado que menos gastou recursos da verba naquele ano.“Eu fui o deputado que menos gastou em 2019. De igual modo, em 2020 (em 2020, quem menos declarou uso da verba foi o presidente Lissauer Vieira (PSB); Bruno foi o segundo que menos gastou). Em 2021, nós tivemos ampliação da divulgação do nosso trabalho parlamentar e também ampliação das visitas aos municípios, pós-vacinação”, relata Bruno.Já Humberto Teófilo afirma que a maior despesa se deu “em razão das inúmeras manifestações feitas em favor do Projeto de Lei que propõe a redução do ICMS dos combustíveis em Goiás”. “Como visitei 35 municípios, e fizemos divulgação buscando apoio popular, houve realmente um gasto maior.”O parlamentar é autor do projeto que prevê a diminuição das alíquotas da gasolina, etanol e diesel. A matéria chegou a ser aprovada nas comissões, mas recebeu emendas em plenário, e está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) desde setembro. Há resistência do governo pela sua aprovação.Abaixo de R$ 1 milhão a maior despesa foi com alimentação (R$ 261,4 mil).-Imagem (1.2401766)