Ao menos 13 Câmaras Municipais de cidades goianas confirmam interesse em aumentar o número de vereadores para as próximas eleições. Sete delas dão como certa a apreciação do tema em plenário em 2023 ou já têm projetos neste sentido tramitando, enquanto outras seis afirmam que existe a intenção, mas que a discussão ainda é prematura ou que aguardam o censo do IBGE para pautar o debate sobre o assunto.No total, são 19 as cidades de Goiás com autorização legal para aumentar a quantidade de vereadores (veja quadro). Isso ocorre porque o número de parlamentares é definido pela Constituição Federal, de acordo com faixas de habitantes, que vão de nove (municípios até 15 mil moradores) a 55 (municípios com mais de 8 milhões). No país, apenas São Paulo tem 55 parlamentares.No estado, a única cidade com mais de 30 vereadores é Goiânia, que passou de 1,5 milhão de habitantes, de acordo com o IBGE, e já pode ter 39 cadeiras no Legislativo. Tanto que a Câmara da capital, que atualmente tem 35 parlamentares, aprovou em primeira votação a criação de mais quatro vagas na sessão da terça-feira (6), justamente com este argumento, mas a votação foi criticada pela ausência de debate público e pela possibilidade de vícios na tramitação.Além de Goiânia, apenas a Câmara de Bela Vista também tem projeto tramitando com o objetivo de criar mais vagas. O presidente da Casa, Dione do Cará (PP), diz que isso está sendo feito porque “a Constituição permite”. A cidade de 31 mil habitantes passará dos atuais 11 vereadores para 13 e, segundo Dione, a Câmara “tem estrutura de sobra para suportar dois novos parlamentares”.Em outras cinco Câmaras, mesmo não tendo projetos para aumentar vagas tramitando ainda, os presidentes confirmam ao POPULAR que isso deve ocorrer até 2024, ano da eleição municipal. É o caso de Aparecida de Goiânia, cuja Câmara tem 25 cadeiras atualmente, e pode ter 27.Segundo o presidente André Fortaleza (MDB), a Casa tem até 2024 para aprovar a mudança. “Vamos aumentar”, diz. Questionado sobre o impacto da medida, Fortaleza afirma que “a saúde financeira da Câmara é excelente”. “Estamos com R$ 9 milhões de economia, então, temos receita para isso.”As presidentes das Câmaras de Novo Gama e Jataí também confirmam a intenção de aumentar a quantidade de cadeiras. “Queremos colocar isso em votação no próximo ano. A população é bem extensa e vemos que é necessário”, relata Cleia Maria (PL), de Novo Gama, que deve passar de 15 para 17.Ela diz que o duodécimo atual da Casa não comportaria dois novos vereadores, mas que o montante deve aumentar a partir de 2023, o que criará espaço orçamentário. “Mas vamos analisar tudo (antes de aumentar)”, diz.Em Jataí, por sua vez, a presidente Marina Silveira (Cidadania) ressalta que a criação de novas vagas será discutida com a população. “A gente quer fazer essa discussão com a sociedade, porque sempre gera muita polêmica, e temos uma portaria que prevê audiência pública. Dez (vereadores) é muito pouco, o que compromete as discussões.”Também confirmam a possibilidade de mais vereadores os presidentes das Câmaras de Inhumas e Itumbiara, Suair Teles (PP) e Neto Karfan (SD), respectivamente. “Existe essa discussão e devemos aumentar para a próxima legislatura a fim de adequar ao número de habitantes”, diz o primeiro. Inhumas tem 13 e pode ir a 15.Já em Itumbiara, a discussão é para acrescer três ou cinco novas vagas. O município tem 12 vereadores, mas pode ter 17. “Reiniciamos esse diálogo: ou 15 ou 17. Hoje temos recursos que sobram e podem ser aplicados”, argumenta Karfan.À ESPERAEm três Câmaras, os presidentes dizem que a intenção é aumentar o número de vagas, mas que as Casas vão esperar a publicação do censo do IBGE, cuja coleta de dados começou neste ano. São os casos de Indiara, Jaraguá e Nerópolis. “A pressão é grande por aumentar. Se houver possibilidade, vamos fazer”, diz Vantuir Rodrigues (UB), de Indiara.Para Odair da Vizzado (PP), de Jaraguá, como o acréscimo de cadeiras na Câmara é constitucional, “não há problemas”. Já Júnior do Bida (PSD), de Nerópolis, diz que a Casa tem interesse em aumentar o número de parlamentares, mas vai esperar o censo. “Se sair no próximo ano, vamos fazer”, diz.Bida argumenta que é importante esperar para ter segurança jurídica. Porém, como explica o advogado constitucionalista Clodoaldo Moreira, legalmente, a ampliação pode ser feita com base na estimativa de população do IBGE, divulgada todos os anos. “Porém, seria interessante ouvir a população se ela teria interesse no aumento”, ressalta.Já os presidentes das Câmaras de Cristalina, Jean Eustáquio (MDB); Goiás, Sidnei Rosa (SD); e Senador Canedo, Carpegiane Silvestre (UB), dizem que há discussões internas para ampliar as vagas, mas ainda sem definição clara. Em Cristalina, a legislatura passada chegou a subir de 13 para 15, mas houve repercussão negativa e reduziram para 11.Negam interesse em ter mais cadeiras nas Câmaras os presidentes do Legislativo em Caçu, Walter Júnior (MDB); Quirinópolis, Fernando Novais (SD); e Valparaíso, Plácido Cunha (Avante). “Conseguimos atender a cidade e, aumentando vagas, cresce o custo da Câmara. Hoje, já é o suficiente”, diz Fernando Novais.O POPULAR não conseguiu contato com presidentes e vice-presidentes das Câmaras de Flores de Goiás, Goianira e Orizona.IMPACTOConsiderando apenas os salários dos vereadores das 13 cidades em que deve haver aumento da quantidade de cadeiras, o impacto financeiro das novas vagas deve ser de aproximadamente R$ 1,6 milhão por ano. O montante, porém, será maior.A reportagem usou como parâmetro apenas os salários dos vereadores, porque é difícil estipular o impacto total dos aumentos pelo fato de que muitas Câmaras não disponibilizam em seus portais de transparência, com clareza, quantos servidores trabalham nos gabinetes dos parlamentares, ou mesmo o quanto de recursos são utilizados para manter cada um dos mandatos.Leia também:- Lei que determina reajuste salarial de 12% a servidores é sancionada em Goiânia- Novandir questiona uso de sua assinatura em aprovação de novas vagas para vereadores-Imagem (1.2576256)-Imagem (1.2576260)