Mapa partidário

O União Brasil é o partido com mais prefeitos filiados hoje, de acordo com levantamento feito pelo POPULAR até o dia 24 de março. São 104 mandatários pelo Estado de Goiás, o equivalente a 42% dos municípios goianos.

O segundo partido com mais filiados é o MDB, com 39 prefeitos, o que não é nem a metade do que tem a sigla do governador Ronaldo Caiado (UB).

O partido de Caiado é fruto da fusão do Democratas com o PSL, aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022. Se forem considerados os números de prefeitos eleitos pelas duas siglas no último pleito municipal, em 2020, o União Brasil ganhou 39 prefeitos. Um crescimento de 60% na quantidade de filiados.

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Presidente do União Brasil em Goiânia, Marcos Roberto afirma que o partido tem 180 pré-candidatos a prefeito no estado. Ele acredita que a sigla estará na chapa majoritária de 95% das cidades, seja como candidato a prefeito ou a vice-prefeito. Segundo Roberto, todas as cidades são importantes, mas a maior preocupação do partido é garantir a eleição, principalmente, nos municípios com maior densidade eleitoral.

Ele afirma que a eleição de prefeitos é uma das metas importantes para a construção da pré-candidatura de Caiado a presidente da República em 2026. “Se você tem o prefeito eleito na cidade, você já tem, naturalmente, o cabo eleitoral para pedir o voto para você”, explica.

Para o cientista político Guilherme Carvalho, o fato de o União Brasil ser a sigla do governador é a principal explicação para sua grandeza nos municípios em relação a outros partidos. Carvalho acredita que o início desse movimento de atratividade de Caiado para sua sigla se deu em 2020, quando o governador se aproximou mais dos prefeitos por conta da pandemia da Covid-19, fossem eles da base ou da oposição.

“Ele teve a oportunidade de se aproximar, com a integração do sistema de saúde, uma ligação direta de políticas públicas e a criação de uma base dos executivos municipais. Sem dúvida nenhuma o União Brasil tem esse tamanho todo hoje por conta do Ronaldo Caiado”, afirma. Para Carvalho, ainda é uma questão se o União Brasil abrirá mão dessa estrutura para fortalecer o MDB do vice-governador Daniel Vilela, que deve ser o candidato de Caiado ao governo do estado em 2026.

MDB

O partido do vice-governador superou o número de prefeitos do PP, partido que havia feito o segundo maior número de eleitos para as chefias de Executivos municipais em 2020. O MDB tinha 31 prefeitos e ganhou 8, enquanto o PP tinha 32 e perdeu 2. Daniel Vilela, que também preside o diretório goiano da sigla, afirma que até o prazo final das filiações, no dia 5 de abril, já serão 40 prefeitos filiados. “Nos próximos dias vamos anunciar os nomes dos novos filiados”, diz.

Daniel lembra que o MDB é o partido com o maior número de filiados no estado. “E também o mais organizado nas cidades goianas. Isso representa uma vantagem estratégica para as disputas eleitorais. Sempre tivemos protagonismo nas eleições municipais e esse é um forte atrativo para filiações”, afirma.

O intuito é repetir nos municípios a aliança com o União Brasil, com a meta de fazer mais de 50 prefeitos. “Queremos ter candidatos do MDB e do União Brasil em todas as cidades do estado”, diz. Ele não quis citar cidades, mas disse que há candidatos que estão à frente nas pesquisas em todas as regiões do estado. “O partido vai chegar muito forte às eleições deste ano”, arremata.

Para Daniel, não há disputa com o União Brasil de quem fará mais ou menos prefeitos: “Naturalmente o partido que é liderado pelo governador Ronaldo Caiado terá um número maior de candidatos a prefeito e não há dúvidas de que terá a maioria absoluta de eleitos. Nós, do MDB, estamos fazendo nossa parte e nosso trabalho para reforçar as candidaturas. Estamos satisfeitos com o que tem sido construído”, acrescenta.

Na visão do cientista político, o fato de o PP ter ultrapassado a legenda do vice-governador na eleição municipal passada se explica pela conjuntura recente do MDB. Ele lembra que Daniel se tornou presidente da sigla no estado em 2018, e foi o candidato a governador do MDB, em um contexto em que uma parte dos filiados apoiava a candidatura de Caiado. Isso resultou até em expulsão de prefeitos considerados dissidentes por terem deixado de apoiar o candidato do partido.

“Alguns dos nomes que eram tradicionais no partido acabaram indo para outras legendas e agora estão voltando”, afirma. Este é o caso do prefeito de Catalão, Adib Elias (MDB), por exemplo, que, expulso do MDB em 2019, foi reeleito em 2020 filiado ao Podemos. Em 2021, Daniel se aliou a Caiado, deixando a rixa para trás. Foi assim que o emedebista compôs a chapa majoritária do governador como vice e, agora, é o principal nome para a sucessão.

O presidente estadual do PP, Alexandre Baldy, que hoje é presidente da Agência Goiana de Habitação (Agehab), lembra que apesar do partido ter perdido filiados, ele também ganhou outros, ficando com o saldo de menos dois. Ele afirma que até o dia 5 de abril, prazo para quem quer ser candidato se filiar, haverá mais adesões. O foco do partido é chegar a 50 prefeitos eleitos, com ênfase no Entorno do Distrito Federal, onde Baldy tem base eleitoral. Além disso, a sigla quer fazer o prefeito de Anápolis, com Leandro Ribeiro na disputa.

Base

Além do União Brasil e do MDB, apenas o PSD aumentou o número de prefeitos filiados, com mais um mandatário. Os demais ou continuaram com a mesma quantidade ou perderam. Ou seja, os dois principais partidos da base governista foram os que mais ganharam adesão. O PSD também esteve na chapa de Caiado em 2022, mas hoje é comandado pelo senador Vanderlan Cardoso, que está afastado do governador desde a aliança com Daniel.

“Existe uma dinâmica federativa no Brasil em que, apesar dos municípios possuírem muita autonomia política, em termos de produção de política pública, de conseguir legislar sobre matéria própria, você não tem autonomia fiscal. Porque muito pouco recurso fica aqui, então gera uma dependência dos gestores municipais em relação aos estaduais”, avalia Carvalho.

Ele considera que, por esse motivo, o governador sempre será o maior cabo eleitoral do estado por ter maior poder de conseguir atrair recursos do que numa interlocução direta dos municípios com as representações federais. “O poder dos governadores para construir grandes bases é algo canônico na literatura da ciência política”, diz.

O cientista político explica ainda que é por esses mesmos motivos que os partidos de oposição estão na outra ponta. O PSDB, partido do maior adversário de Caiado em Goiás, o ex-governador Marconi Perillo, foi o que mais perdeu prefeitos. Foram 11 filiados a menos. Desses desfalques, 8 migraram para o União Brasil de Caiado.

Segundo Carvalho, quando Marconi era governador a realidade era inversa. Para ele, o decréscimo começa com as operações contra o ex-governador e aliados em 2018. “Isso (as perdas tucanas) acontece por não estar no poder. Caiado foi eleito com 16 prefeitos. Em 2022, já estava próximo de 100, e isso vai ser potencializado agora para a eleição”, avalia.

O Podemos foi o segundo que mais perdeu. Elegeu 21 prefeitos e, hoje, possui 11. O presidente da sigla em Goiás, Eurípedes do Carmo, credita essa perda à mudança de grupo político no comando, já que o partido incorporou o PSC recentemente.

Em 2020, o Podemos estava sob o comando do deputado federal José Nelto (PP) e acabou funcionando como um abrigo para alguns dos dissidentes do MDB, que tinham rompido com a sigla por terem apoiado Caiado em 2018. Um deles era Adib Elias, que já reatou com sua sigla original. Os outros nove se filiaram ao União Brasil.

“Temos candidatos em diversas cidades do interior e estamos fechando em outras. Vamos lançar um bom número de candidatos a prefeito. Não tenho dúvidas de que nós vamos chegar a pelo menos 15 prefeitos”, diz eurípedes do Carmo.

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