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Prefeitura vai abrir imóveis fechados em Goiânia e multar quem mantém criadouros de mosquito

Ação começa nesta quarta-feira (15). Valor de infrações pode chegar a R$ 6,2 mil para residências com piscinas sem tratamento, por exemplo. Levantamento mostra que existem 470 imóveis abandonados na capital

Chaveiros são chamados para abrir imóveis no combate a criadouros do mosquito da dengue

Chaveiros são chamados para abrir imóveis no combate a criadouros do mosquito da dengue (SMS)

A partir desta quarta-feira (15), agentes de endemias vão visitar mais de 470 imóveis abandonados ou fechados em Goiânia para verificar se existem criadouros do mosquito da dengue. Se for constatada que a propriedade ainda mantém irregularidades, os proprietários serão multados. Chaveiros foram chamados para ajudar na ação. Caso o imóvel esteja fechado, eles vão abrir as fechaduras e cadeados para permitir a vistoria.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que agentes de endemias do Departamento de Controle de Zoonoses (DCZ) multarão os proprietários reincidentes. A ação, que conta com a participação da Guarda Civil Metropolitana, visa a destruir os focos do aedes aegypti. Gerente de vetores do Departamento de Zoonoses, Fernando Nascimento, explica que, antes de recorrer ao chaveiro para realizar a abertura dos imóveis à revelia dos donos, foi feito o possível para resolver o problema.

Nascimento destaca que "não dá mais para deixar a irresponsabilidade de uma pessoa causar danos à saúde de tantas outras". Os valores das multas onde são encontrados os focos do mosquito transmissor da dengue variam. Para imóveis residenciais, a multa é de R$ 2.255. Caixa d'agua, reservatórios ou cisternas sem tampas adequadas, R$2.258. Piscina sem tratamento, R$ 6.273,75. Se o imóvel for comercial, a multa aplicada é de R$ 5.646.

Segundo o Levantamento do Índice Rápido para o Aedes aegypti (LIRAa), o Índice de Infestação Predial (IIP) em Goiânia é de 2,3%, ou seja, a cada 100 imóveis visitados, pelo menos dois possuem focos do mosquito. Em 2019, 35.062 pessoas tiveram dengue na capital, 15 morreram vítimas da doença. Este ano, até o momento, foram registrados 5.780 casos. Não houve óbito.

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Operação apreende em Goiânia adolescente suspeito de participar de grupo que incentiva desafios violentos na internet

Investigações iniciaram após um morador de rua ser atacado por um adolescente e ter 70% do corpo queimado. Operação cumpriu mandados em sete estados

Mandados de prisão, internação, e busca e apreensão foram a cumpridos em sete estados brasileiros

Mandados de prisão, internação, e busca e apreensão foram a cumpridos em sete estados brasileiros (Divulgação/Polícia Civil)

Uma operação da Polícia Civil (PC) apreendeu, nesta terça-feira (15), um adolescente de Goiânia suspeito de participar de um grupo que incentiva menores a desafios violentos na internet. As investigações começaram após um morador de rua ser atacado e ter 70% do seu corpo queimado por um adolescente que atirou dois coquetéis molotov nele, enquanto um homem filmava a cena e transmitia ao vivo em uma rede social, no Rio de Janeiro.

Por não ter o nome divulgado, O POPULAR não conseguiu localizar a defesa do suspeito para que pudesse se posicionar.

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Até o momento, a denominada Operação Adolescência Segura prendeu dois homens e apreendeu dois adolescentes nos estados de Goiás, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Segundo a Polícia Civil de Goiás, o adolescente de Goiânia foi alvo de um mandado de internação provisória e busca e apreensão em sua casa, cumprido pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC).

Entre os crimes supostamente praticado pelo grupo estão:

  • tentativa de homicídio,
  • induzimento e instigação de autoextermínio,
  • armazenamento e divulgação de pornografia infantil,
  • maus-tratos a animais,
  • apologia ao nazismo e
  • crimes de ódio em geral
  • Investigação

    A operação, conduzida pela PC do Rio de Janeiro, teve início no dia 18 de fevereiro deste ano, após um morador de rua, que dormia em uma calçada, no Pechincha, Zona Oeste do Rio, ter sido atacado por um adolescente que tirou dois coquetéis molotov em sua direção. O homem teve 70% do corpo queimado. A ação foi registrada em tempo real por um homem em uma plataforma online.

    As investigações apontaram que o crime não se tratava de um caso isolado e que os administradores do servidor utilizado no crime faziam parte de uma organização criminosa altamente especializada em diversos crimes cibernéticos, tendo como principais alvos, crianças e adolescentes.

    Segundo a polícia, a atuação dos criminosos se espalhava por diferentes plataformas digitais, utilizando mecanismos de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas menores de idade, "em um cenário de extremo risco à integridade física e mental de crianças e adolescentes".

    Operação

    A Operação Adolescência Segura é resultado da cooperação entre as Polícias Civis dos Estados e o Ministério da Justiça e Segurança Pública, com ações coordenadas para proteger crianças e adolescentes.

    As investigações tiveram a atenção de duas agências independentes dos Estados Unidos, que emitiram relatórios sobre os fatos, contribuindo com o trabalho dos policiais civis envolvidos no caso, segundo a PCRJ.

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    Acusados de matar empresário na porta de casa são condenados a mais de 14 anos de prisão

    Eles foram julgados por júri popular em Goiânia pela morte de Brunno Baylão. Juiz decidiu que ambos vão aguardar recursos presos

    undefined / Reprodução

    Os acusados de matar o empresário Brunno Baylão Lobo na porta da casa dele, em Goiânia, foram condenados a mais de 14 anos de prisão. Edgar Silva Primo e Henrique Pacheco de Almeida passaram por júri popular presidido pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, na segunda-feira (14). Ao POPULAR, o advogado de Edgar Primo informou que recorreu da sentença nesta terça-feira (15).
    A defesa de Edgar Silva Primo, informa que protocolou nesta manhã de terça-feira, petição de recurso de apelação. Entende a defesa que a decisão dos jurados, condenando-o à pena de 15 anos de reclusão, foi manifestamente contrária à prova dos autos e acima de tudo injusta".

    O POPULAR entrou em contato com a defesa de Henrique Pacheco, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.

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    Henrique, que foi condenado pelo execusão do crime, recebeu 15 anos de prisão. No caso de Edgar Silva, que também receberia o mesmo tempo de condenação, o juiz decidiu pela diminuição da pena dele em seis meses por ele ter "confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime". Assim, o condenado cumprirá 14 anos e seis meses de prisão.

    De acordo com a sentença, os dois ficarão detidos em regime inicialmente fechado, na Penitenciária Odenir Guimarães, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Embora caiba recursos, Jesseir Coelho determinou que Edgar Silva Primo e Henrique Pacheco irão aguardar o trânsito do processo presos.

    Edgar Silva Primo e Henrique Pacheco foram condenados pelo assassinato do empresário Brunno Baylão, em 2024. De acordo com a investigação, Edgar tinha uma dívida de R$ 320 mil com a vítima e, por não conseguir pagar, decidiu matá-lo.

    Um vídeo de câmeras de segurança mostra o momento em que o empresário sai à rua e é atingido pelos disparos na porta de casa. Na sequência, o atirador foge do local em uma moto (assista abaixo).

    Antes do julgamento, a família de Brunno cobrou por justiça. Em entrevista ao POPULAR , a irmã dele, Roberta Baylão, contou

    A sensação é péssima de reviver todo este sofrimento e frente a frente com estes monstros é muita tristeza, mas estamos confiantes que a justiça dos homens e a de Deus será feita", afirmou Roberta Baylão, irmã de Brunno, em entrevista ao POPULAR .

    Empresário Brunno Baylão Lobo (Arquivo pessoal)

    Empresário Brunno Baylão Lobo (Arquivo pessoal)

    Relembre o crime

    Brunno Baylão foi assassinato em 15 de fevereiro do ano passado 2024, no Residencial Junqueira, em Goiânia. O Ministério Público de Goiás (MP-GO) revelou que Edgar, proprietário de um laticínio, fornecia queijos para o empresário, que intermediava a troca de cheques do investigado com agiotas.

    Devido a essa relação comercial, Edgar acumulou uma dívida com Brunno. Assim, para se livrar do débito, segundo o MP, ele contratou Henrique para executar o crime. Para esse serviço, foi oferecido R$ 15 mil como pagamento.

    Ainda de acordo com a promotoria, os dois passaram a planejar o assassinato. Edgar ficou responsável por monitorar a rotina da vítima e por fornecer a arma que seria utilizada pelo executor.

    Execução

    Em 14 de fevereiro de 2024, conforme apuração policial, Henrique tentou matar Brunno pela primeira vez. Ele foi de moto até a empresa da vítima, se passou por entregador e disse que levava uma encomenda .

    No entanto, na ocasião, foi atendido por um funcionário, que, desconfiado, alegou que Brunno não estava. Henrique deixou uma caixa com máscaras --- que não haviam sido encomendadas --- e foi embora.

    Um dia depois, na manhã de 15 de fevereiro, por volta das 5h40, Edgar foi até a casa de Brunno com a desculpa de entregar queijos. Enquanto isso, Henrique o aguardava mais distante, em uma moto e armado.

    Assim que Brunno abriu o portão da garagem para receber a entrega, Henrique se aproximou e efetuou diversos disparos, atingindo-o no braço esquerdo, no hemitórax e no rosto. Após o crime, ele fugiu do local.

    Conforme o delegado João Paulo Mendes, Edgar ainda tentou simular uma tentativa de impedir a fuga do criminoso.

    Ao fugir, o executor passa ao lado do Edgar, que estava em uma caminhonete, e para simular, arranca o tênis e finge que vai jogar no executor que passa por ele e vai embora tranquilamente", pontuou Mendes à época.

    Crime aconteceu no Residencial Junqueira, em Goiânia (Reprodução/TV Anhanguera)

    Crime aconteceu no Residencial Junqueira, em Goiânia (Reprodução/TV Anhanguera)

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    Vítimas de empresária suspeita de vender remédios para emagrecer tiveram dores de cabeça e fraqueza, diz delegado

    Uma das vítimas chegou a ficar hospitalizada por dias com graves problemas gastrointestinais, segundo a Polícia Civil

    Empresária Ana Paula Ferreira divulgava os remédios para emagrecer nas redes sociais

    Empresária Ana Paula Ferreira divulgava os remédios para emagrecer nas redes sociais (Reprodução/Redes sociais)

    As vítimas da empresária suspeita de vender remédios para emagrecer relataram dores de cabeça, fraqueza e outros efeitos colaterais após o uso do produto, segundo o delegado Alex Rodrigues. Uma das vítimas chegou a ficar hospitalizada por dias com graves problemas gastrointestinais. Ana Paula Ferreira e o marido, Geovanny Magalhães Ferreira, seguem presos.

    As vítimas relataram terem sentido diversos efeitos colaterais, como dores de cabeça intensas, náuseas, tonturas, fraqueza, dificuldade para dormir, alterações de humor e, em alguns casos, problemas dermatológicos ou gastrointestinais", relatou Alex Rodrigues para a TV Anhanguera.

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    O nome e imagens do casal foram divulgados pela polícia com o objetivo de tentar identificar mais vítimas. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do casal para um posicionamento até a última atualização deste texto.

    De acordo com a Polícia Civil (PC), o casal de empresários manipulava remédios para emagrecer em um laboratório insalubre e enviava os medicamentos para todo o país. No local, segundo o delegado, foi encontrada uma grande quantidade de remédios, inclusive de uso controlado, conhecidos como tarja preta, prontos para envio.

    "Os medicamentos eram manipulados pela investigada juntamente com seu marido em um local totalmente insalubre, numa residência que estava passando por reforma, sem nenhuma higiene", salientou Rodrigues.

    Prisão:

    O casal foi preso no dia 3 de abril durante a "Operação Placebo" , que ocorreu após uma denúncia da Vigilância Sanitária de Goiânia, e cumpriu mandados de busca e apreensão em duas empresas e na residência dos investigados. Conforme a polícia, nos locais foram encontradas milhares de caixas e invólucros de medicamentos controlados e diversos medicamentos já envasados e embalados prontos para comercialização.

    Além disso, eles são suspeitos de expor a própria filha, uma criança autista, para divulgar os remédios nas redes sociais. Ana Paula e Geovanny foram autuados por falsificação, corrupção, adulteração e alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.

    Ana Paula Ferreira e Geovanny Magalhães Ferreira estão presos acusados de vender falsos remédios para emagrecer (Divulgação/Polícia Civil)

    Ana Paula Ferreira e Geovanny Magalhães Ferreira estão presos acusados de vender falsos remédios para emagrecer (Divulgação/Polícia Civil)

    Autorização para divulgação de imagem:

    "A divulgação da qualificação e imagens dos detidos e produtos por eles comercializados visam o conhecimento do público, com finalidade de identificar novas vítimas, bem como dar publicidade aos fatos para que outras pessoas não consumam os medicamentos" , diz o comunicado da polícia.

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    Comurg contrata escritório de advocacia por R$ 1,4 milhão sem licitação

    Companhia afirma haver complô entre grandes e pequenos escritórios de advocacia para atuar contra a estatal em ações trabalhistas de valores expressivos e que seu departamento jurídico não têm experiência para lidar com volume e complexidade de processos

    Departamento jurídico da Comurg tem quatro advogados efetivos e 22 comissionados: sem “especialista”

    Departamento jurídico da Comurg tem quatro advogados efetivos e 22 comissionados: sem “especialista” (Diomício Gomes / O Popular)

    A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) contratou por R$ 1,44 milhão e sem licitação o escritório Tadeu Abreu & Marllus Vale Advogados para prestação de serviços jurídicos diversos. A contratada vai dar suporte ao departamento jurídico da companhia emprocessos judiciais e administrativos com foco em ações de maior demanda. O contrato prevê a obrigação do escritório em manter de forma integral um advogado nas dependências da Comurg e a atuação em no máximo 400 processos por mês, por um ano.

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    A contratação -- divulgada em primeira mão pela CBN Goiânia -- foi por inexigibilidade de licitação, o que exige critérios rigorosos de inviabilidade de competição. Nesse caso, a contratação direta de um escritório deve ser justificadamente amparada em notória especialização. No termo de referência -- documento em que o contratante esclarece o objeto a ser contratado e os elementos que justifiquem a contratação --, o diretor jurídico da companhia, Luciano de Paula Cardoso Queiroz, explica que um dos motivos para a escolha é a total "confiança" entre a Comurg e o escritório.

    "A contratação de serviços técnicos advocatícios exige, como um dos principais critérios, a relação de confiança entre a empresa contratante e a banca, dada a singularidade e a natureza sensível dessas atividades. No presente caso, essa confiança está plenamente estabelecida, sendo um aspecto incontestável na escolha do escritório e seus profissionais. Os advogados do escritório são amplamente reconhecidos e respeitados em todo o Estado de Goiás, possuindo vasta experiência, reputação ilibada e um histórico relevante de atuação jurídica e administrativa", escreveu.

    Luciano diz haver uma espécie de complô entre "grandes escritórios de renomados advogados em Goiás" e pequenos escritórios "a fim de explorarem o 'nicho' Comurg" de olho no crescente valor das condenações judiciais. A situação, somado ao tamanho da companhia e ao crescente número de ações trabalhistas , tornaria inviável uma "licitação de ampla concorrência". "Aliar todos esses requisitos no momento de se escolher um escritório jurídico e ainda sem se esquecer da lealdade que se busca, torna-se tarefa árdua, pois os conflitos de interesses podem macular as atuações."

    Outro ponto destacado pelo diretor jurídico é uma suposta isenção envolvendo o fato de a banca de advogados nunca ter atuado contra a Comurg ou a favor de sindicatos de empregados, além de ter experiência em negociações coletivas representando a esfera patronal, o que, segundo Luciano, seria o caso da Tadeu Abreu & Marllus Vale. Em seu site, o escritório diz que atua há 25 anos e destaca serviços nos segmentos sucroenergético, de revenda de veículos, administração de shopping, construção civil, pavimentação de rodovias, pecuária e agricultura.

    Em nota ao jornal, a Comurg afirma que foi feito um processo de seleção e que o escritório contratado foi o terceiro convidado, após outros dois declinarem da proposta. "A contratação seguiu requisitos legais e éticos." A companhia se recusa a repassar a íntegra da documentação envolvendo o processo de contratação, alegando limitações impostas pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). A LGPD entrou em vigor em 2020 e trata de diretrizes sobre a coleta, processamento e armazenamento de dados pessoais, visando a proteção da privacidade de cidadãos.

    Pouca gente

    A Comurg também afirma na nota enviada ao POPULAR que levou em consideração a quantidade de ações em comparação ao atual corpo jurídico da companhia, de apenas quatro advogados efetivos, "um deles afastado". E que o valor do contrato "de R$ 120 mil ao mês" é "abaixo dos valores praticados pelo mercado", visto que o valor médio de cada ação, caso seja atingido o limite de 400 por mês, será de R$ 300 cada. O estudo técnico preliminar (ETP), contendo o levantamento de custos e valores médios praticados no mercado, não foi tornado público.

    No termo de referência, o diretor jurídico da companhia afirma haver aproximadamente 3 mil processos trabalhistas em andamento , além de outros 300 na área cível, e que por ano são iniciados mais 500 novas ações trabalhistas e 50 cíveis. "Dentre tais processos, há necessidade de atuação estratégica, seja por conta dos pedidos que podem gerar jurisprudências desfavoráveis à companhia e acumular passivos trabalhistas e incentivo a novas demandas, ou mesmo em razão dos valores atribuídos às ações", afirmou.

    A contratação do escritório equivale a 64,5% do total economizado com o enxugamento de comissionados no departamento jurídico da companhia. No termo de referência, Luciano afirma que o corte foi de R$ 186 mil por mês, com a saída de 14 dos 36 advogados comissionados que estavam na folha de pagamento até dezembro de 2024. O documento no qual a Comurg justifica a contratação em nenhum momento afirma se os outros 22 advogados comissionados estão atuantes, preferindo frisar haver os três concursos, "nenhum especialista em defesas estratégicas".

    Luciano destaca aspectos negativos do departamento que chefia, dizendo que sua equipe não tem experiência em "atuações estratégicas e técnicas" e não consegue, "haja vista o volume de trabalho diário", dedicar-se a "teses mais robustas e com maior probabilidade de resultados positivos". O diretor soma os 3,3 mil processos atuais com os 550 novos previstos e arredonda tudo para uma "média anual" de 5 mil. A ação do escritório seria "limitada a ações de maior impacto, sensíveis, complexas e que demandam profunda experiência, expertise e estudos aprofundados".

    O contrato foi assinado em 25 de março de 2025 pelo presidente da Comurg, Cleber Santos, e o diretor administrativo-financeiro da companhia, André Henrique Avelar de Sousa. A contratação fala no foco em casos de alta complexidade e relevância, como ações coletivas, conflitos, termos de ajustamento de condutas (TACs), autos de infração e negociações com sindicatos. Os serviços abrangem o suporte preventivo e consultivo à assessoria jurídica, com envolvimento direto em processos, mesmo quando o valor da causa não atinge o piso de R$ 500 mil.

    Processos

    O diretor jurídico aponta no termo de referência a existência de acordos trabalhistas extrajudiciais que teriam gerado despesas superiores a R$ 30 milhões "apuradas até agora" que precisam ser anuladas para que os valores sejam ressarcidos aos cofres da companhia. No começo do ano, O POPULAR e a TV Anhanguera revelaram a existência destas ações que levantaram suspeitas da atuação dos advogados que atuavam na companhia na gestão passada. Na época, a nova diretoria não chegou a divulgar o valor destas ações, mas o jornal conseguiu identificar mais de 60.

    Na mesma justificativa, Luciano diz haver um grande volume de ações trabalhistas que tratam de "registros de desvios de função, incorporações indevidas de gratificações, desvios de finalidade em pagamentos de quinquênios, falhas administrativas na gestão de pessoal, de RH, de folha e de rotinas trabalhistas adequadas", resultando em passivos trabalhistas que ultrapassam R$ 100 milhões. Estas informações estariam melhor detalhadas em anexos ao termo de referência que a companhia não torna público.

    Ainda no termo de referência, é dito que as cláusulas dos acordos coletivos assinados pelas antigas diretorias com o sindicato dos empregados "favorecem supersalários e concessões de benefícios fora do padrão legal" e que são questionadas por órgãos fiscalizadores por, supostamente, estarem em desacordo com a legislação trabalhista vigente, e que foram criadas em anos anteriores "obrigações à municipalidade sem a sua participação e sem a sua anuência, mas com a anuência do jurídico interno da companhia". Os dados que detalham essas afirmações também não são públicos.

    Em um trecho do termo de referência, o diretor jurídico fala na "falta de isenção do jurídico interno", mas não explica se está se referindo a gestões passadas ou se o problema ainda persiste. "Conflitos de interesse surgem devido à proximidade do departamento jurídico com os agentes envolvidos nas irregularidades, comprometendo a transparência e a lisura na condução de processos", escreveu. "A atuação em demandas trabalhistas e a solidificação de teses favoráveis aos funcionários pode em determinadas circunstâncias demonstrar sérios conflitos de interesses."

    A Comurg foi questionada sobre se algum membro do escritório já trabalhou para alguém da diretoria da Comurg e qual a experiência do escritório com serviços para órgãos e empresas públicos, porém não houve respostas. O POPULAR não conseguiu contato com Tadeu e Marllus nesta segunda-feira (14). A CBN Goiânia também tentou, pela manhã, e foi informada que naquele momento não era possível atender.

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