O ex-delegado-geral da Polícia Civil Odair José Soares se recusou a assinar o termo de posse no cargo de superintendente de Combate à Corrupção da Secretaria de Segurança Pública e causou mal-estar em evento no Palácio das Esmeraldas, com a presença do governador Ronaldo Caiado (DEM), na manhã de ontem.A solenidade foi de posse do novo delegado-geral, Alexandre Lourenço, que era o superintendente de Combate à Corrupção, e outros quatro auxiliares da área de segurança. Odair não foi convidado a compor a mesa do evento e ficou sentado na primeira fileira da plateia, assim como o coronel Agnaldo Augusto da Cruz, que era titular da Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) e assumiu a subsecretaria adjunta da SSP, e o delegado da Polícia Federal Geraldo Scarpellini, novo chefe de Gabinete da SSP.Quando a equipe do cerimonial do governo anunciou a assinatura do termo de posse, Agnaldo, Geraldo e Odair foram chamados para ir à frente, mas o delegado se recusou e permaneceu sentado. O vídeo de transmissão do evento o mostra avisando a um dos integrantes da equipe do governo que não vai assinar. Os outros dois ficaram posicionados ao lado das demais autoridades e do governador. Mais adiante, o mestre de cerimônia chamou por Odair para assinar, após a citação de outros empossados, mas ele continuou sem se levantar.A assinatura do termo de posse é um ato simbólico porque não existe obrigatoriedade de assinatura diante do governador, a não ser no caso do delegado-geral. No entanto, o comportamento de Odair levantou dúvidas sobre se ele de fato vai assumir o cargo. EspeculaçõesNo início da semana, quando ele avisou a colegas e entidades que representam delegados que sairia da DGPC, ele afirmou que tinha sido convidado, mas não havia aceitado o outro cargo. Dois dias depois, no entanto, houve a nomeação em decreto publicado no Diário Oficial do Estado. Conforme mostrou O POPULAR, a troca no comando da PC-GO gerou especulações de tentativa de ingerência política nos trabalhos de investigação. O deputado e delegado Humberto Teófilo (PSL) divulgou que o motivo da mudança seria o fato de a Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) ter feito operação no Detran sem comunicar à SSP. Também surgiram informações de bastidores de que Odair não aceitava ordens para investigar desafetos do governo sem justificativa.O secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, negou as especulações, disse que as trocas são normais e acusou o deputado de mentir.No evento, Alexandre fez elogios a Odair, o chamando de “meu eterno chefe”. Em discurso, Caiado disse que o ex-delegado-geral cumpriu bem sua função e por isso assumirá a superintendência. Disse ainda que dá às forças policiais “toda liberdade para desmontar as máfias que haviam sido criadas” no Estado. O governador também afirmou que as mudanças são para “oxigenar e estimular” os auxiliares a novos desafios.A partir da publicação da nomeação, o prazo é de 30 dias para tomar posse, apresentando documentos exigidos. A Casa Civil informou não ter recebido nenhum pedido de revogação da posse. A reportagem não conseguiu contato com o Odair Soares. Colegas do delegado afirmam que ele não vai assumir o cargo e que sua postura no evento foi para marcar posição de insatisfação com o SSP. As entidades que representam agentes da Polícia Civil afirmaram não ter sido comunicadas de nenhuma mudança. A SSP foi procurada mas ainda não deu resposta.