Caiado diz ser 'pragmático' sobre possível disputa com Bolsonaro
Governador avalia que ex-presidente segue “carta forte”, mas ressalta que pretende estar na corrida contra qualquer nome no primeiro turno

Rubens Salomão, Caio Henrique Salgado

Ronaldo Caiado, durante coletiva em Salvador: “O eleitorado do União Brasil é conservador de direita” (Romildo De Jesus/Ato Press/Folha)
A possibilidade de disputar a Presidência da República mesmo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi considerada nesta quinta-feira (03) pelo governador Ronaldo Caiado (UB), na véspera do lançamento da própria pré-candidatura ao Palácio do Planalto. A avaliação foi apresentada pelo goiano ao ser questionado sobre a insistência do ex-presidente em se apresentar para o pleito de 2026, mesmo depois da inelegibilidade e de ter se tornado réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
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Caiado não descartou a possibilidade de Bolsonaro conseguir entrar na disputa e comparou a situação do militar à enfrentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que retomou os direitos políticos após o STF anular as condenações decorrentes de investigações da Operação Lava Jato.
"É um direito que ele tem. Acho que ele é uma carta forte do jogo e não se pode desconhecer a liderança dele e ele vai continuar da mesma maneira como o Lula se colocou pré-candidato, né? Isso tudo ainda vai ter um julgamento. Então, com essas coisas a gente tem que ser mais realista", afirmou. "Se ficarmos discutindo o 'se' ou o 'acho', fica muito distante. Eu, como cirurgião, sou mais pragmático e gosto de chegar e já resolver. Então a minha vida é essa: eu chego aqui para dizer o que eu posso fazer e eu nunca escolhi adversário", disse.
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A declaração de Caiado foi dada na primeira entrevista coletiva desde que chegou a Salvador (BA) para o lançamento da pré-candidatura , marcada para esta sexta-feira (4), no Centro de Convenções de Salvador, onde receberá também o título de cidadão baiano e a comenda 2 de julho. A agenda ocorreu durante visita à Federação do Comércio da Bahia (Fecomercio/BA).
"Eu acho que os adversários virão. E falam que tudo tem que se aglutinar no primeiro turno, então tem que se revogar a lei eleitoral no Brasil. Porque a lei é feita para que no primeiro turno todos os partidos lancem candidato e, no segundo turno, aqueles dois que estiverem lá, aí tudo bem. No segundo turno tem a polarização de um com o outro. No primeiro turno, você tem o candidato que você gosta dele. No segundo turno, você tem o candidato que você comunga com as ideias dele. Talvez não seja o seu, mas é aquele mais próximo de você. Esse é o sistema eleitoral brasileiro e é nesse sistema eleitoral que eu me coloco à disposição para disputar a eleição de 2026", avaliou o governador.
Além de cogitar o cenário em que poderia disputar contra Bolsonaro ou outros nomes da direita, Caiado também desconversou sobre a decisão de participar ou não do ato em favor do ex-presidente, agendado para domingo (06), na Avenida Paulista, em São Paulo.
Essa será a primeira manifestação de rua após Bolsonaro ter se tornado réu no STF e tem como mote a anistia aos condenados pelos atos golpistas 8 de Janeiro, que tem sido defendida por Caiado. O ato também servirá como teste da capacidade de Bolsonaro levar apoiadores e lideranças políticas relevantes às ruas após o protesto esvaziado na praia de Copacabana, em março.
Depois de conversar com o ex-presidente por telefone na última semana e com o pastor Silas Malafaia, que organiza a manifestação, Caiado evitou confirmar a agenda. "Cada coisa a seu tempo. Agora, nós estamos tratando aqui do título que vou receber, da comenda 2 de julho e da minha pré-candidatura. Aí, eu tratarei desse assunto com toda a tranquilidade no sábado".
Bolsonaro e sete aliados viraram réus no dia 26 de março, acusados de tentar um golpe de Estado em 2022. Na denúncia, a Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa o grupo de formar o chamado "núcleo crucial" de uma organização criminosa, cujo objetivo seria destruir a democracia. Segundo a acusação, Bolsonaro liderou essa organização e tinha um projeto autoritário de poder.
Coerência
Em meio à dúvida sobre a presença de lideranças políticas relevantes no evento de lançamento da pré-candidatura, Caiado minimizou a postura governista de parlamentares do União Brasil. O governador respondeu diretamente, em entrevista coletiva, sobre a possibilidade de o deputado federal Elmar Nascimento (BA) seguir com apoio ao presidente Lula em 2026.
"Eu não sabia que ele ia marchar com o PT. Eu posso dizer com muita tranquilidade que eu respeito a opção de cada colega. Eu vivi naquela Casa durante 24 anos e quero mostrar uma coisa só: você é fruto do seu hábitat. Você é fruto do seu eleitor. É muito difícil você fazer uma transição dessa e buscar o eleitor de volta. As pessoas conhecem o Ronaldo Caiado em 40 anos de vida pública. Então, é preciso ter coerência e a política nos ensina que a popularidade oscila. Agora, coerência é o que preserva o político. Em Goiás isso se chama político folha de bananeira, que acompanha o vento", respondeu.
"Isso porque, se você busca o eleitorado do União Brasil, é conservador de direita. Esse é o eleitorado. Então, você tem que saber onde é que você está. Eu estou no União Brasil porque sempre foi essa a minha posição de vida desde meu PFL, com minha ficha abonada por Antônio Carlos Magalhães", relembrou. "Então, é isso que eu entendo na política. Entendo que cada um de nós precisa ter a responsabilidade com quem nós representamos e o nosso futuro político".
Pesquisa
Caiado ainda apontou que "o governo derreteu", ao analisar números da pesquisa Genial/Quaest que apontam avanço da reprovação de Lula. A desaprovação do petista cresceu e chegou a 56% dos eleitores brasileiros, no pior índice desde o início do mandato e a primeira vez que ultrapassa 50%. A aprovação do presidente caiu para 41%, o menor patamar desde o início do mandato.
"O governo derreteu. Derreteu. O único ativo que o PT tinha era o Lula e botou ele para falar, a reprovação dele está em 56%. É um governo que, a cada dia que passa, a comida na mesa está mais cara, a inflação está cada vez maior, a taxa de juros está 14,25%. O Brasil está realmente em um momento em que você não tem nenhuma área de atuação do governo com resultado", disse.
"Se você pega o governo federal e compara, modéstia à parte, com o meu estado, eu peguei nessa situação e hoje ele é o primeiro lugar na educação, na segurança, no combate à pobreza, na transparência e na liquidez. Então, é boa gestão e seriedade com o dinheiro público. É assim que se governa."
Segurança pública centraliza discurso na Bahia
Os resultados da gestão estadual e as dificuldades enfrentadas em outros locais do país, principalmente na Bahia, foram assunto central nos primeiros discursos do governador Ronaldo Caiado (UB) durante agendas em Salvador. O tema foi destaque na abertura e no fim da fala de 32 minutos do goiano em reunião na Federação do Comércio da Bahia.
Em entrevista coletiva, Caiado foi questionado sobre os índices de criminalidade no estado baiano e que ações a gestão do Partido dos Trabalhadores, do governador Jerônimo Rodrigues, deveria tomar para enfrentar o problema.
"Cada um tem seu estilo de governar. O meu é muito conhecido e deu certo. Ou seja: o meu primeiro mandamento foi: ou bandido muda de profissão ou muda do estado de Goiás. Bandido em Goiás não se cria e o governador é responsável por dar segurança pública a seu povo. Essa é minha responsabilidade e exerço na sua plenitude", afirmou.
Caiado ainda alegou que "Goiás é uma ilha de segurança completa" no cenário nacional e que o tema tem ganhado maior atenção dos brasileiros. "É isso que o Brasil pede hoje em todas as pesquisas."
A violência se descolou das questões sociais e se isolou como a maior preocupação dos brasileiros, segundo pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (2). O assunto foi indicado como prioritário por 29% dos entrevistados, seguido de questões sociais (23%); Economia (19%); Saúde (12%); Corrupção (10%) e Educação (7%). Na pesquisa anterior, divulgada em janeiro, a violência aparecia empatada tecnicamente com questões sociais, que engloba fome, pobreza e população em situação de rua.
É a primeira desde o início da série histórica, em abril de 2023, em que a violência aparece isolada no topo. Naquela época, a principal preocupação dos brasileiros era a economia, que agora está em segundo lugar, empatada tecnicamente com as questões sociais. A pesquisa Quaest foi encomendada pela Genial Investimentos e realizada entre os dias 27 e 31 de março. Foram entrevistadas 2.004 pessoas de 16 anos ou mais em todo o Brasil. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos porcentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.
Não é possível mais o Brasil se transformando em um narco estado. Essa é a verdade: o território brasileiro, cada vez mais, ocupado pelos faccionados. O Brasil não quer virar uma Venezuela, um México ou uma Colômbia. O Brasil quer virar como os países europeus e os países em desenvolvimento na Ásia e não é essa a vida que se vive lá. Então, vamos trabalhar por aí e essa é a maneira que eu não só penso, mas aplico segurança pública.
Caio Henrique Salgado viajou a convite da Fecomércio-GO
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