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Ótica ou óptica?

Segundo o Dicionário Houaiss, há uma oscilação entre o uso das formas óptica e ótica, com prevalência da forma ótica no registro oral e no registro escrito para indicar o significado de óptica, algo relativo ao olho

Que atire o primeiro dicionário aquele que nunca teve dúvida sobre onde comprar os óculos....

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Bem, sem entrar em qualquer aspecto de natureza comercial, gramaticalmente, em verdade digo: o ideal seria comprar em uma óptica, mas pode também ser em uma ótica.

Explico:

Segundo o Dicionário Houaiss, óptica é a parte da física que trata da luz e de fenômenos da visão. Pode ser também o estabelecimento que vende ou fabrica instrumentos ópticos, especialmente óculos e lunetas. O opticista é o especialista em óptica.

Já ótica, segundo o mesmo dicionário, é relativo à orelha, ao ouvido. Vem do grego otikós, daí a otite, que é a inflamação do ouvido; a otalgia, que é a popular dor de ouvido. O otologista é o médico especializado em doenças do ouvido.

Mas... então, o nome da loja em que se vendem óculos não deveria ser apenas óptica?

Devagar com o andor...

Ainda segundo o Dicionário Houaiss, no registro escrito da língua culta brasileira, há uma oscilação entre o uso das formas óptica e ótica, com prevalência da forma ótica no registro oral e no registro escrito para indicar o significado de óptica, algo relativo ao olho.

Logo, por uso efetivo, já é possível usar a palavra ótica também designar local em que se vendem óculos, embora não seja o ideal, do ponto de vista da origem etimológica.

Assim, fique à vontade em comprar em ópticas e em óticas, embora eu -- professor de gramática -- prefira ópticas.

Até a próxima

Fraterno abraço

Professor Carlos André

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Peregrinos de ou da esperança?

Frase do Jubileu de 2025 da Igreja Católica chama a atenção para o lugar correta da preposição

Certamente, você já ouviu falar na frase do Jubileu de 2025 da Igreja Católica, não é?

Pois bem, uma questão gramatical tem chamado a atenção para a frase: de ou da? Qual a preposição correta?

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Inicialmente, é importante lembrar que a palavra "peregrino" vem do latim "aquele que viaja a país estrangeiro". Atualmente, o termo indica "aquele que faz peregrinação a lugares de devoção, aquele que leva a palavra; que leva a fé".

Ainda sobre a frase do Jubileu, acresce-se que, em latim, é grafada como "peregrinantes in spem", cuja tradução literal para o português é "peregrinos em esperança".

Ocorre que -- em português e em outras línguas, latinas ou não, - as preposições escolhidas foram equivalentes à preposição "de": pilgrims of hope (em inglês); pellegrini di speranza (italiano); peregrinos de esperança (em português).

O curioso é que, no Brasil, tem-se acrescentado um artigo "a" à preposição "de" e tem-se formado a contração "da": peregrinos da esperança.

Gramaticalmente, isso é certo ou não?

Do ponto de vista gramatical, a preposição "da", nessa frase, com base na intenção do Vaticano, NÃO é recomendável, por dois motivos:

Primeiro: falta de paralelismo. Em todas as outras línguas - as latinas, inclusive, - não há o acréscimo de artigo.

Segundo: não há especificidade da esperança. A inclusão do artigo gera a noção de uma peregrinação para uma esperança específica, o que não há. O que há é movimento mundial de "viajantes em esperança" (como se depreende do latim) e "de esperança" como se infere da Língua Portuguesa e de outras línguas. Há uma peregrinação de esperança, em seu sentido mais completo e profundo, não no sentido restrito e específico.

Se a frase fosse "peregrinos da esperança à ressurreição", em que se especifica a esperança, seria até possível, mas não é o caso da finalidade do Jubileu.

Obviamente, há casos de uso de preposição "da" antes de palavra não especificada, como em "O Cavaleiro da Esperança", forma como é conhecido Carlos Prestes, mas não cabe a esse contexto. É tema para outra conversa...

Entendeu?

Fraterno abraço

Até próxima

Professor Carlos André

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De onde vem essa palavra?

De onde vem essa palavra?

Certamente, você já deve ter ouvido esse termo para se referir a mulheres ligadas à comercialização do sexo (prostituição).

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Pois bem: uma seguidora pergunta qual é a origem etimológica?

A palavra vem do kimbundu, uma das línguas da África, que possui grande influência na Língua Portuguesa do Brasil. Outros termos também vindos desse dialeto africano são moleque, canjica, fubá etc.

Em kimbundu, a palavra quenga significa "vasilha", "tacho". Quando se incorporou à Língua Portuguesa Brasileira, o termo passou, por extensão de sentido, a significar "vasilha feita de meio coco, sem o miolo".

Se você já foi à Bahia, certamente você já viu esse tipo de vasilha artesanal.

Mas... o que isso tem a ver com prostituição?

Que criou o sentido de "quenga" como "meretriz" fê-lo - por extensão de sentido metafórico -- como "mulher desmiolada", "sem cérebro", por ter seguido o caminho da prostituição.

É evidente que meu texto tem caráter descritivo, sem juízo de valor.

É isso.

Fraterno abraço

Professor Carlos André

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Membra?

Professor Carlos André discute se a palavra está gramaticalmente correta para se referir a um membro mulher de uma instituição

Essa palavra está gramaticalmente correta para se referir a um membro mulher de uma instituição?

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Seguidor do jornal O Popular, em verdade digo: "está correta sim".

Quem define se uma palavra é oficialmente registrada na Língua Portuguesa é o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras.

Pois bem, o VOLP indica que a palavra "membra" existe. Tal registro é, certamente, resultado de movimentos sociais, advindos do feminismo, que impactaram os poderes da República e a sociolinguística (área dos estudos ligada aos impactos sociológicos e discursivos na língua).

Alguns dicionários, como o Houaiss, até registram a palavra, mas ressaltam que ela é "pouco usada". Os dicionários Aurélio e Caldas Aulete não registram a palavra. Esse comportamento dos dicionários citados indica que tal uso é ainda polêmico.

Mas...

Repito: quem define é a Academia Brasileira de Letras que confirma a correção da palavra.

Caso você não goste da palavra "membra" ( que é o meu caso), use "membro" para ambos os gêneros:

Ele é o membro decano da Ordem dos Advogados do Brasil

Ela é o membro decano da Ordem dos Advogados do Brasil

Importante lembrar que, se você usar o termo "membro" para os dois gêneros, o artigo é sempre masculino, pois se trata de um substantivo sobrecomum. Isso significa que não existe "a membro"

Em resumo:

Ela é a membra ou ela é o membro.

Mulheres, vocês escolhem.

Até a próxima

Fraterno abraço

Professor Carlos André

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Antes de mais nada

Expressão é legítima e correta gramaticalmente

Noutro dia, alguém me disse que um certo mentor sei lá do quê... disse, com total segurança, que a expressão "antes de mais nada" não deve ser usada sob qualquer hipótese, porque estaria errada gramaticalmente e que esse uso implicaria incompetência comunicativa, pois a expressão seria ilógica "afinal, antes de nada não existira nada..."

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Eu ando muito reflexivo sobre uma passagem de Anatole France, que diz que "a diferença entre o ignorante e o sábio está em andar este tateando, mui medrosa e cautelosamente, as paredes de um quarto escuro, e em andar aquele despreocupadamente, feliz e sem medo, pelo meio da escuridão".

É incrível como, recentemente, muita gente que não possui qualquer relação técnica com a linguagem anda dando "dicas poderosas" sobre o assunto e influenciando negativamente as pessoas que sonham em se comunicar melhor.

Bem, antes de mais nada (rsrs), a expressão "antes de mais nada" é legítima e correta gramaticalmente sim. Machado de Assis usou. Camilo Castelo Branco usou. Ruy Barbosa usou. Clarice Lispector usou. José Roberto Batochio usa. Todas usaram e usam não apenas em textos literários, mas sim em textos denotativos e formais. Ademais, dicionários como Aurélio e Houaiss dizem que a expressão é correta e que significa "em primeiro lugar", "para começar", "imediatamente" etc.

É evidente que raciocínios linguísticos ligados a essa percepção literal, como foi a do "mentor" são ingênuos e demonstram imaturidade na análise da língua.

Sobre estar correta a expressão, a discussão acaba aqui. Está correta a expressão.

Se a argumentação pelo não uso fosse a lógica da concisão, haveria até uma certa discussão, mas isso não entra no campo da gramática, mas sim no campo do estilo.

Eu, por exemplo, prefiro não usar em muitas ocasiões, por questão de estilo (concisão).

Quem não gosta que não use. Ponto. Não diga, no entanto, que é um erro, porque não é.

Até a próxima

Fraterno abraço

Professor Carlos André

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