Paço reduziu recursos de meio ambiente e cultura
Último ano de mandato de Rogério Cruz, 2024 teve queda de 36% nos valores aplicados na gestão ambiental, entre as mais afetadas; ex-prefeito cita obras de drenagem
Karla Araújo

Ex-prefeito Rogério Cruz: Prefeitura teve ‘limitações orçamentárias’ (Diomício Gomes / O Popular)
Gestão ambiental, cultura e ciência e tecnologia estão entre as áreas que registraram as maiores quedas de recursos aplicados pela Prefeitura de Goiânia em 2024, último ano da gestão de Rogério Cruz (SD). Os gastos com meio ambiente somaram R$ 3,6 milhões no ano passado, número que representa uma queda de 36% em relação aos R$ 5,5 milhões de 2023.
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"Embora se perceba a necessidade de investir cada vez mais nas questões ambientais, dadas as mudanças no clima, os impactos que têm a drenagem urbana, ilhas de calor e uma série de problemas, a questão ambiental não é uma prioridade nas ações do governo. Acaba ficando em segundo plano", afirmou Antônio Pasqualetto, pós-doutor em Engenharia Ambiental, professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente.
O professor também lembrou que foi aprovado em Goiânia um Plano de Arborização Urbana, mas foram registrados ações de órgãos públicos em que árvores foram retiradas e não houve replantio. Pasqualetto cita como exemplo uma intervenção realizada na Avenida Castelo Branco durante a gestão de Cruz. Segundo ele, há casos em que árvores não foram plantadas novamente e outras situações em que a arborização não foi feita de forma técnica, o que fez com que as plantas não se desenvolvessem corretamente.
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"São sintomas de que essa redução do recurso se refletiu nas ações que a Prefeitura fazia para a qualidade de vida da população. Uma cidade quente e seca como Goiânia precisa de uma atenção especial, principalmente para a arborização", afirmou Pasqualetto.
Quanto à gestão atual, de Sandro Mabel (UB), o professor afirmou que a expectativa é promissora do ponto de vista de ter uma maior eficiência na aplicação de recursos , embora exista o entendimento de que o meio ambiente também deve ser afetado pelo ajuste nas contas do Paço Municipal.
A assessoria de comunicação da gestão de Cruz afirmou, em nota, que, apesar de os relatórios indicarem diminuição de recursos em gestão ambiental, houve investimentos de cerca de R$ 200 milhões em obras de drenagem urbana, "essenciais para o desenvolvimento urbano sustentável, uma vez que impactam diretamente a segurança e a qualidade de vida da população goianiense". O texto também cita que houve plantio de mais de 380 mil árvores, inauguração de sete parques, construção de 75 praças e revitalização de outras 425, "mesmo diante de limitações orçamentárias".
Impacto
Já na cultura, a despesa caiu de R$ 6,4 milhões para R$ 5 milhões (-24,95%). A produtora cultural Laila Santoro apontou que a queda pode sinalizar desvalorização da cultura como vetor de desenvolvimento econômico e social. "Entendo que qualquer redução reflete um enfraquecimento do setor na capital, impactando diretamente a realização de projetos, a manutenção de espaços culturais e o apoio aos trabalhadores da cultura", disse. Laila afirmou também que a nova gestão ainda não apresentou de forma clara um planejamento para a cultura e não houve sinalização de aumento de investimentos.
O relatório da Prefeitura mostra ainda que, em ciência e tecnologia, os recursos saíram de R$ 18,3 milhões para R$ 14,9 milhões, com queda de 22,43%. A transformação de Goiânia em uma cidade inteligente era uma das principais promessas da gestão, mas as medidas implementadas foram tímidas.
A diminuição mais acentuada foi registrada no item essencial à Justiça (em geral, requisições de pequeno valor), de 88%. Também houve queda de 7,5% nas despesas com urbanismo. Os dados são da Prefeitura de Goiânia e constam em documento entregue aos vereadores na segunda-feira (25). Os porcentuais representam a variação real, pois foram atualizados pela inflação do período.
A assessoria de Cruz disse que, apesar da redução de recursos destinados à cultura, a gestão reconheceu a importância do setor para a cidade, com o investimento, anualmente, de mais de R$ 8 milhões do orçamento próprio (os números registrados em 2023 e 2024 ficam abaixo deste patamar), além da execução de editais de cultura do governo federal e captação de cerca de R$ 40 milhões em emendas impositivas . O texto também cita a realização de mais de 400 eventos em todas as regiões da cidade, de diferentes modalidades artísticas.
Em relação aos resultados de ciência e tecnologia, essencial à Justiça e urbanismo, a nota informa que a redução ocorreu por causa de dificuldades fiscais e para priorizar áreas que demandavam investimentos imediatos, como Saúde e Educação.
Aumento
Na lista de áreas do governo que tiveram maior aumento de recursos aplicados, direitos da cidadania está no topo, com crescimento de 1.259% (passou de R$ 1 milhão em 2023 para R$ 14,9 milhão em 2024). A habitação aparece em seguida, com alta de 517%. Em segurança pública, o porcentual foi de 125%.
A assessoria de Cruz argumentou que os aumentos são reflexo de compromisso "com as necessidades mais urgentes da população". No transporte, houve destaque para a inauguração de trecho do BRT e do subsídio de 41,2% pago pela Prefeitura.
A reportagem questionou o Paço sobre os motivos que levaram aos aumentos e quedas nos gastos dos principais itens da lista. Em nota, a Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz), responsável pela divulgação dos números, disse que a definição da aplicação dos recursos foi de responsabilidade da gestão anterior.
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