A Justiça deu um prazo de 30 dias para que a Prefeitura de Goiânia promova as adequações de todas as irregularidades que colocam em risco a segurança e a integridade dos pacientes e servidores do Pronto-Socorro Psiquiátrico Professor Wassily Chuc . A determinação judicial, em caráter de urgência, é fruto de um pedido feito pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO).
Caso a determinação não seja atendida pela administração municipal, haverá incidência de multa diária no valor de R$ 1 mil. Entre os pontos destacados como risco, por meio de um relatório técnico elaborado pela Vigilância Sanitária e o Corpo de Bombeiros, estão as infiltrações do teto e paredes, pintura, eletricidade do prédio que abriga o hospital, um imóvel alugado pela Prefeitura no Jardim América.
Em nota enviada ao O POPULAR , a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que a situação envolvendo a estrutura do prédio onde funciona o Pronto Socorro Wassily Chuc, vem sendo discutida conjuntamente com os órgãos de controle. Além disso, a SMS afirma ter preparado uma nova proposta a ser apresentada ao MP-GO (confira a nota na íntegra ao fim da matéria) .
Problemas antigos
Desde 2014, quando o Pronto-Socorro Psiquiátrico ainda funcionava na Rua T-3, no Setor Bueno, o MP-GO acompanha a situação da unidade, que àquela época já sofria com diversos danos na parte elétrica e estrutural, tanto que chegou a ser cogitada a interdição do hospital.
Em 2018, o Wassily Chuc, unidade que integra a Rede de Atenção Psicossocial de Goiânia, mudou de endereço sob a justificativa da necessidade de garantir melhor estrutura para o atendimento dos pacientes e de trabalho para os servidores.
À frente do caso, o promotor de Justiça Marcus Antônio Ferreira Alves destaca que, apesar de a SMS ter saneado algumas irregularidades, o cronograma integral de reforma não foi apresentado até agora, restando ainda 31 itens no ambiente com irregularidades sanitárias.
A situação se torna ainda mais grave, conforme consta na Ação Civil Pública do MP-GO, pelo fato de o hospital não possuir alvará de funcionamento da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros, e não atende as condições sanitárias e de boas práticas de funcionamento do serviço de saúde, dando margem a riscos de tragédias.
De acordo com o promotor, no início desse ano, após nova vistoria na unidade, em cumprimento a uma requisição ministerial, a Vigilância Sanitária informou que o Pronto-Socorro Psiquiátrico se encontra em situação de precariedade estrutural, principalmente porque, durante a pandemia, não houve manutenção predial.
As péssimas condições das instalações físicas da unidade também foram constatadas por diversos órgãos fiscalizadores, tais como: CREMEGO (Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), VISA (Vigilância Sanitária), CBPM (Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de Goiás), Comissão da Câmara dos Vereadores de Goiânia e representantes da Assembleia Legislativa. Todos pareceres foram unânimes: 'precário' e 'desumano'!", aponta a Ação Civil Pública proposta pelo MP-GO.
Para o MP-GO, um agravante é o fato que legalmente, o município de Goiânia é impossibilitado de realizar todas as reformas e adequações necessárias com verba pública, no local onde atualmente funciona o Pronto-Socorro Psiquiátrico, pois o imóvel é particular.
Diante desses fatos, o MP-GO entende que para garantir o atendimento seguro e humanizado aos pacientes psiquiátricos e servidores, do Pronto Socorro Wassily Chuc, seria necessário: a transferência predial, a construção de uma nova sede ou outra medida que atenda ao objeto da Ação Civil Pública.
Rede de Atenção Psicossocial de Goiânia
O Pronto Socorro Wassily Chuc é uma unidade que funciona 24h. Quando uma pessoa está em surto, seja por problemas mentais, quanto por dependência química, o hospital é a porta de entrada para o atendimento.
Após análise da equipe médica, o paciente é encaminhado para um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) ou, em casos mais graves, que exijam internação, é regulado para leitos conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS), em três hospitais psiquiátricos da capital.
A Rede de Atenção Psicossocial de Goiânia é composta, atualmente, por: um Ambulatório Municipal de Psiquiatria; um Pronto Socorro Psiquiátrico; três Caps Infanto-juvenil; quatro Caps Transtorno; dois Caps Álcool e outras Drogas tipo II; dois Caps Álcool e outras Drogas tipo III; um Caps Transtorno tipo III; uma Unidade de Atendimento Transitório Infantil; um Centro de Convivência e Cultura; duas Unidades de Geração de Renda; três Residências Terapêuticas Femininas e três Residências Terapêuticas Masculinas.
No âmbito da atenção primária, cinco equipes do Consultório na Rua atendem, em conjunto à atenção especializada, demandas de saúde mental em Goiânia.
Nota Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) esclarece que toda a situação envolvendo a estrutura do prédio onde funciona o Pronto Socorro Wassily Chuc, vem sendo discutida conjuntamente com os órgãos de controle. Por conta de uma ação de litígio entre os proprietários do imóvel, as reformas estruturais, de responsabilidade dos mesmos, não estão ocorrendo. O que cabe legalmente ao município, que são as manutenções e reparos, vem sendo realizado com regularidade. Um outro empecilho é a dificuldade de encontrar imóveis para alugar e que atendam às particularidades do Wassily.
Diante da atual situação, a SMS já preparou uma nova proposta a ser apresentada ao Ministério Público (MP). Nesta terça-feira (21/11), a SMS solicitou audiência ao órgão para que a apresentação seja realizada e, com isso, possa ser encontrada uma solução conjunta de continuidade à assistência aos pacientes psiquiátricos.
Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
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