Operadoras realizam testes no Brasil para experimentar as possibilidades da quinta geração de internet móvel (5G). Em Goiás, o agronegócio tem se destacado neste momento que antecede o leilão das radiofrequências que serão disponibilizadas para a nova tecnologia. Depois de Rio Verde, uma avaliação para usos no campo ocorre também em Cristalina.Claro, Embratel e SLC Agrícola fazem parceria para o projeto piloto na zona rural do município. Casos de uso são desenvolvidos para atender necessidades de produtores rurais por meio desse teste com licença experimental, que foi cedida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Mas, desta vez, com o 5G Stand Alone, que oferece o topo das promessas da tecnologia, maior velocidade e tempo de resposta (latência).A diferença do novo teste com o trabalho no Sudoeste goiano é que o primeiro iniciado no fim do ano passado usa 5G DSS, uma versão melhor do 4G, pois utiliza a mesma frequência. Já a experiência em Cristalina ocorre no modelo tradicional e próprio da nova geração. “Consigo fazer coisas com tempo de resposta de 10 a 20 milissegundos”, relata o diretor de Negócios de IoT da Claro, Eduardo Polidoro.A ideia é integrar análises em tempo real e uso de máquinas e drones, o que exige baixa latência. Uma imagem captada no campo que retorna com comando para que uma máquina ou uma pessoa tome ação para o controle de pragas na lavoura, por exemplo. De acordo com o diretor, os testes iniciaram.“Você consegue captar as imagens e quanto mais rápido reagir pulverizando em locais onde que a praga se espalha, maior produtividade e menos uso de defensivo, porque pulveriza uma área menor.” Essa conectividade sem fio também é importante para esse salto prometido para o segmento.Mas o foco tem sido dado às lavouras de grãos e algodão, com desenvolvimento de ferramentas, soluções e aplicação na prática para saber se é ou não viável para o campo com 5G. Pecuária, por ter dinâmica diferente, não é por enquanto contemplada. No caso da Claro, o que é testado na cidade goiana pode virar produto e ser oferecido posteriormente para outras propriedades rurais. Produtividade“O agronegócio é uma das verticais mais importantes se não a mais importante e estamos investindo em internet das coisas (IoT)”, explica Polidoro. Assim como ocorre com outras operadoras, há interesse em digitalizar o agronegócio e oferecer mais do que conexão, as soluções com a promessa de sanar dores e ampliar produtividade.Segundo estudo da 5G Américas, com base em estimativa do governo federal, com as possibilidades do 5G potencializar precisão e automação é esperado que ocorra crescimento de mais de 20% na produção agrícola. Porém, é preciso que o sinal chegue e os produtores tenham ferramentas para aproveitar essa conectividade. Sendo que apenas 23% do espaço agrícola brasileiro possui algum nível de cobertura por internet.“Conectividade é muito importante e não significa ter acesso na sede e sim na área da propriedade, para as máquinas modernas com computadores, GSP que estão na lavoura e não têm uso completo do que oferecem, o que é um grande gargalo”, pontua o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), Dirceu Borges.Ele pontua que a adoção de novas tecnologias é entendida como essencial para a competitividade e sustentabilidade, para além de ampliar os ganhos com melhores colheitas. A agricultura 4.0 abre corrida com a nova geração de internet móvel para que o sinal chegue a mais pontos e para que a mão de obra qualificada acompanhe o crescimento estimado da demanda.Quando o primeiro teste de 5G foi realizado em Goiás, em entrevista ao O POPULAR, o diretor da Huawei comentou à época o pioneirismo do Estado. Ele caracterizou a novidade como uma alavanca que seria capaz de trazer mais tecnologias para o setor. Pouco mais de seis meses depois, mais empresas e localidades no País realizam estudo de uso para o campo. No Centro-Oeste, outro exemplo é a Tim que em parceria com a Nokia e Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão fazem testes com 5G Stand Alone para novas soluções.A previsão da Anatel é de que a cobertura com 5G esteja disponível a partir de agosto do ano que vem, caso o leilão do 5G não tenha novos atrasos. Zona rural e interior goiano lidam com baixa área de coberturaEnquanto é grande a expectativa pela quinta geração de internet móvel (5G), a zona rural goiana lida com uma grande área de sombra, sem cobertura com nenhuma das tecnologias anteriores. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), há mais de 221 municípios com menos de 50% da área coberta por 4G no Estado. Até mesmo em Goiânia, a zona rural ao Norte da cidade tem ausência de sinal. O que ganha desafio adicional com o 5G, pois a tecnologia chega a um raio ainda menor do que as anteriores. Por isso, as operadoras querem levar a nova geração e ampliar o atendimento das outras. Entre as barreiras estão as exigências para as licenças. Será preciso mais antenas para atender a mesma quantidade de pessoas. Coordenador do Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (Ceia/UFG), Anderson Soares participou do lançamento dos teste com 5G em Rio Verde e avalia que a competitividade no final pode fazer com que a necessidade de infraestrutura e o custo sejam superados. “Cria uma cadeia de valor agregado”, pontua ao lembrar que a transformação digital agora prometida para o campo abre nova janela de oportunidades no setor rural. Segundo o secretário-geral da Governadoria (SGG) do Estado de Goiás, Adriano da Rocha Lima, o governo se movimenta para além de fomentar o ambiente de inovações possibilitar maior facilidade para que as empresas de telecomunicações consigam ampliar a rede móvel, o que será preciso acelerar pelas características do 5G. “Sai na frente quem tem agilidade para as instalações das torres, o que fazemos com as operadoras é criar um canal de contato direto para agilizar o licenciamento ambiental e o que tem a parte municipal nos colocamos como facilitadores.”-Imagem (1.2278373)