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Rodrigo Hirose

Jornalista e editor-assistente do POPULAR

Recicladores perdem renda durante a pandemia, em Goiás

Cooperativas sentiram diminuição na coleta de material durante o período em que o comércio fechou. Alta no lixo doméstico não impediu o faturamento menor

Rodrigo Hirose
Recicladores perdem renda durante a pandemia, em Goiás

(Wildes Barbosa)

A pandemia de Covid-19, que já matou mais de 2,3 mil pessoas em Goiás, também tem suas sequelas entre os recicladores de lixo. Com o fechamento das atividades comerciais entre março e junho, a participação do lixo doméstico no material coletado por cooperativas de reciclagem aumentou, mas não o suficiente para impedir uma queda brusca no rendimento.

Na Uniforte, que reúne seis cooperativas (Cooper-Rama, Seleta, Carrossel, Cooperfarma, Coopermas e Cooprec), o faturamento entre março e junho deste ano foi 43% menor que no mesmo período de 2019 (de R$ 461 mil para R$ 262 mil).

O valor é usado para fazer a cadeia produtiva funcionar, da coleta à venda, incluindo lo tratamento do material. O que resta de lucro é dividido em diárias com valor fixo: ganha mais quem trabalha mais.

Com isso, o rendimento de cada um dos cerca de 150 trabalhadores também encolheu. "Trabalhando todos os dias, uma pessoa ganhava de R$ 1,4 mil a R$ 1,6 mil por mês. Na pandemia, chegou a ganhar R$ 300", afirma a presidente da Uniforte, Dulce Helena do Vale.

Com as portas fechadas, o comércio acabou produzindo menos material reciclável. De acordo com estimativas da Uniforte, a queda foi de aproximadamente 50% no período de maior isolamento social. Em contrapartida, o resíduo porta a porta, que provém de casas e condomínio, teve volume até 40% maior.

"A população ficou mais em casa. O resíduo do comércio diminuiu, o residencial aumento, principalmente embalagens tetra pak, garrafas pet e embalagens de produtos de limpeza", afirma Dulce Helena, que preside a Uniforte desde a fundação, em 2013.

A recicladora explica que as cooperativas deixam sacolas em diversos condomínios residenciais e passam para busca-las periodicamente. "Antes da pandemia, a gente deixada duas bags em cada lugar. Agora, a gente deixa quatro", afirma. Com isso, a coleta de material reciclável nesses pontos passou de uma média de 60 quilos para 120 quilos por dia. O resultado é uma produção maior de produtos que os recicladores só encontram em residências, como plástico e vidro.

Mesmo com o crescimento observado no lixo residencial, não foi possível manter o mesmo faturamento dos períodos normais. Com isso, os trabalhadores tiveram de contar com auxílio de parceiros, como o Ministério Público, Villa Mix e outros. Cada cooperado recebeu duas cestas básicas por mês, além de ajuda financeira.

Alguns também obtiveram o auxílio emergencial do governo federal, de R$ 600 por parcela. A presidente da Uniforte diz que, dessa forma, foi possível atravessar o período com menos trabalho. Mas, por outro lado, ela teme que o auxílio acabe afastando alguns recicladores da lida diária.

Os hábitos de trabalho também tiveram de se adaptar. As cooperativas receberam equipamentos de proteção individual da Prefeitura de Goiânia, como luvas, máscaras e álcool em gel. De acordo com Dulce Helena, todos estão usando. "A vida nossa mudou. Tirar máscara, só para dormir. Ninguém quer morrer", afirma.

Startup ajuda na gestão de cooperativas em Goiânia

Para ajudar a gerenciar toda a cadeia do material reciclável, da coleta à venda, as cooperativas da Uniforte passaram a contar com auxílio de uma startup do Centro de Empreendedorismo e Incubação da Universidade Federal de Goiás (UFG). A plataforma Selletiva, desenvolvida pela Acqua Ambiental, começou a ser usada em plena pandemia. A expectativa é que ela possa fazer aumentar o faturamento dos recicladores.

"A plataforma permite ter os números, saber onde coletou e para onde está indo. Qual material o reciclador está pegando e o que fazer com ele", explica o CEO da startup, Frederico Fragonar Cardoso. O uso por parte da Uniforte não tem custo.

De acordo com Fragonar, também será possível rastrear o material coletado, permitindo, inclusive, diminuir o risco de contaminação dos trabalhadores. "A cooperativa pode ter todos os indicadores para aperfeiçoar a gestão ambiental", diz.

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Projeto itinerante ensina importância da reciclagem usando realidade virtual, jogos e teatro

Objetivo é abordar o tema de maneira atrativa para todos os alunos

Projeto realiza atividades lúdicas que ensinam a importância da reciclagem, como oficinas de teatro, jogos interativos, realidade virtual e peça teatral (Divulgação/Bacuri Comunicação)

Projeto realiza atividades lúdicas que ensinam a importância da reciclagem, como oficinas de teatro, jogos interativos, realidade virtual e peça teatral (Divulgação/Bacuri Comunicação)

A cidade de Senador Canedo, na Região Metropolitana de Goiânia, recebe o Caminhão Reciclagem -- Cultura e Sustentabilidade, projeto itinerante que utiliza recursos tecnológicos e lúdicos para conscientizar crianças e adolescentes sobre a importância de reciclar.

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O projeto começou no último dia 5 e passou por sete escolas públicas e tem o objetivo de impactar 2,7 mil estudantes. A última a ser visitada será a Escola Municipal Maria José Cândido, nesta sexta-feira (13).

O diretor da NTICS Projetos, Abílio Martins, disse que o grande objetivo do projeto é melhorar a vida de todos do planeta. O caminhão leva para escolas da rede pública diversas atividades lúdicas que ensinam a importância da reciclagem, como oficinas de teatro, jogos interativos, realidade virtual e peça teatral, trazendo o tema da sustentabilidade.

Embora esse projeto possa acontecer em qualquer lugar do país, a Jaepel Papeis e Embalagens tem sempre a preocupação de provocar o impacto positivo nos locais onde ela está inserida, por isso Senador Canedo sempre está entre as cidades beneficiadas", disse.

Ana Carolina Xavier, CEO e Diretora de Inovação e ESG da NTICS, relata que este projeto está alinhado a práticas globais de sustentabilidade, no qual eles reúnem vários recursos lúdicos e culturais a favor da educação, com objetivo de transformar a experiência de aprendizado em algo atrativo para os alunos das escolas.

Projeto está alinhado a práticas globais de sustentabilidade, com objetivo de transformar a experiência de aprendizado em algo atrativo para os alunos das escolas (Divulgação/Bacuri Comunicação)

Projeto está alinhado a práticas globais de sustentabilidade, com objetivo de transformar a experiência de aprendizado em algo atrativo para os alunos das escolas (Divulgação/Bacuri Comunicação)

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Consórcio repassa máquinas a Comurg e aterro volta a operar

Descarte de resíduos em Goiânia foi retomado após fornecimento de maquinário à empresa, mas transtorno deve afetar serviço por toda a semana

Com lixeiras cheias, sacos contendo resíduos se espalham pela calçada na Avenida T-5, no Setor Bueno

Com lixeiras cheias, sacos contendo resíduos se espalham pela calçada na Avenida T-5, no Setor Bueno (Diomício Gomes / O Popular)

O descarte de resíduos no Aterro Sanitário de Goiânia foi retomado após o Consórcio Limpa Gyn, responsável pela coleta urbana da capital, fornecer maquinário à Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Embora tenha sido informado pela responsável pelo local que o serviço havia sido retomado na noite da segunda-feira (22), O POPULAR apurou que somente a partir da tarde desta terça (23) o despejo foi regularizado.

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Conforme noticiado pelo POPULAR , na segunda-feira (22) o aterro sanitário esteve fechado desde o meio-dia, em decorrência de falta de óleo diesel, o que prejudicou o abastecimento do maquinário responsável pelo tratamento do lixo descartado, como é o caso das máquinas compactadoras. Responsável pelo local, a Comurg chegou a dizer que às 18 horas o serviço estaria normalizado. No entanto, conforme foi confirmado pelo Consórcio Limpa Gyn, até às 20h50 isso ainda não havia efetivamente ocorrido.

Uma pessoa, que não quis ser identificada, disse à reportagem que o fornecimento de combustível ao maquinário não foi interrompido, mas estaria sendo distribuído em quantidade menor do que a solicitada, em decorrência do atraso, de até 90 dias, no pagamento da empresa fornecedora. Apesar de ser questionada diversas vezes, a Comurg não respondeu aos diversos questionamentos o fechamento do aterro e medidas que haviam sido tomadas para retomada do local.

De acordo com o Consórcio Limpa Gyn, o fechamento afetou o descarte de lixo da capital não somente na segunda, como também no primeiro turno da terça-feira (23). Em conversa com a reportagem ainda na terça, a empresa declarou que está com maquinário no aterro, além de confirmar o descarregamento de entulhos e lixos coletados, no entanto "de forma paliativa, até que tudo se normalize". Outras duas empresas de coleta privada consultadas também afirmaram que já estão conseguindo ter acesso para descarte no local.

É previsto que, com a reabertura do espaço, a empresa realize uma nova coleta, e revisão, nos locais afetados nessa quarta (24), tendo a regularização do serviço prevista para até a sexta-feira (26). O plano de trabalho foi afetado devido a impossibilidade de os caminhões descarregarem e se retirarem do aterro para uma segunda viagem. O empecilho deixou alguns locais de Goiânia com coleta parcial, especialmente os que recebem os serviços às segundas, quartas e sextas-feiras.

Serviço interrompido

Após a interrupção dos serviços no Aterro Sanitário de Goiânia, o POPULAR esteve no local na tarde da segunda-feira (22) e constatou que havia mais de 30 empregados vinculados ao Consórcio Limpa Gyn esperando pelo descarregamento de diversos caminhões de coleta. Embora a Comurg não tenha confirmado qual problema operacional estaria afetando o descarte, as pessoas que estavam à espera no local confirmaram à reportagem a existência de problemas com o maquinário do aterro, o que estaria impedindo a descarga desde as 12h40.

No mesmo dia, às 17 horas, a informação no local era de que somente caminhões provenientes da remoção de entulhos realizavam o descarregamento. A Comurg chegou a dizer que próximo às 18 horas a questão teria sido resolvida e as atividades normalizadas; no entanto às 21 horas o Consórcio Limpa Gyn negou que o serviço tivesse sido restabelecido, seguindo até por volta das 9 horas da terça-feira (23).

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Diante da dor dos outros, reciclar

Desde as primeiras imagens das enchentes no Rio Grande do Sul, lembro-me do ensaio de Susan Sontag, "Diante da dor dos outros". Publicado em 2003, Sotang explora como a guerra e o sofrimento humano são representados na mídia e nas artes visuais, e como essas representações afetam a percepção pública. A autora questiona a eficácia das imagens, investigando se elas realmente sensibilizam o espectador.

Pelo que temos testemunhado, o Brasil se mobilizou e sensibilizou com o povo gaúcho diante das imagens e depoimentos desoladores da população afetada pela catástrofe ambiental. No entanto, essas imagens não apenas nos posicionam diante das dores alheias, mas também nos fazem refletir sobre nossas próprias ações e responsabilidades nas catástrofes que ocorrem em outros lugares.

Para reforçar essa reflexão, voltemo-nos à guerra em Gaza. Além das preocupações com a economia e a reconstrução da vida da população de Gaza e Israel, surge outra questão: com mais de 50% do território de Gaza devastado, gerou-se aproximadamente 30 milhões de toneladas de destroços. As imagens mostram ruas cheias de lixo, formando montanhas de resíduos que ameaçam a saúde pública e agravam a crise humanitária. A mensagem é clara: a guerra destrói vidas e o meio ambiente.

Voltando ao Rio Grande do Sul, estima-se cerca de 47 milhões de toneladas de resíduos, incluindo lodo, madeira, concreto, maquinários e veículos inutilizados. Esse volume massivo de resíduos pressionará os aterros sanitários, que já operavam próximos da capacidade máxima.

A gestão rápida desses resíduos é crucial para evitar maiores danos socioambientais e garantir a segurança sanitária das áreas afetadas. Portanto, estar diante da dor dos outros deve nos levar a pensar sobre problemas que já estão próximos de nós. Essas tragédias mostram que a produção de resíduos sólidos é um problema constante e crescente.

No Brasil, temos uma meta ambiciosa para encerrar todos os lixões até agosto de 2024. Este prazo é crucial para assegurar a correta disposição dos resíduos, proteger o meio ambiente e a saúde pública. No Estado de Goiás, estamos avançando rumo ao cumprimento dessa meta, com o Decreto 10.367/2023, Programa Lixão Zero. No entanto, enfrentamos desafios significativos, especialmente na implementação eficaz da coleta seletiva.

A coleta seletiva é uma solução essencial. Ela reduz a quantidade de lixo que vai para os aterros, promove a reciclagem e contribui para uma economia mais circular. Precisamos, portanto, de um esforço conjunto entre governo, empresas e sociedade civil para aumentar a conscientização e a adesão à coleta seletiva.

Cooperativas de reciclagem, projetos de compostagem comunitária e campanhas educativas que ensinam a população a separar corretamente seus resíduos são exemplos de ações que podem fazer a diferença. Em conclusão, a gestão dos resíduos sólidos é um desafio global que exige soluções locais. E, assim, devemos aprender diante da dor dos outros a construir um futuro mais sustentável e resiliente para Goiás.

Marcelo da Luz Batalha é sociólogo, mestre em Ciência Política e analista ambiental da Gerência de Economia Verde e Circular da Semad

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Editorial

Hora de atacar o lixo

A série 'Qual Goiânia Queremos', na qual o jornal apresenta desafios a serem enfrentados pela futura gestão da capital, publicou no fim de semana reportagem cujo tema é sensível e atual: o lixo. De cara, o texto mostrou que cada morador produziu média de 900 gramas por dia de resíduos sólidos, número acima da estimativa do Plano de Coleta Seletiva da cidade, que previa 820 gramas.

Em contraste a essa situação, houve baixo aumento na coleta seletiva, o que leva à constatação de que a cidade continua desperdiçando parte valiosa do lixo que produz. A população recicla pouco, mas em contrapartida convive com grave problema na coleta urbana há pelo menos dez anos, com lixo se acumulando em calçadas e vias públicas.

Esse incremento na produção de resíduos ocorre num momento de troca de prestador no serviço de coleta, com a saída da Comurg e entrada do Consórcio Limpa Gyn, num longo processo que se arrastou enquanto a cidade ficava mais suja. Esse é o momento para a busca de solução do problema.

É preciso exigir eficiência no serviço, com uso de tecnologia, métodos modernos e melhor aproveitamento de mão de obra. Cabe aos moradores a fiscalização e a cobrança para solução de algo tão prejudicial à cidade.

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