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Revitalização retira 72 árvores da Praça do Trabalhador, em Goiânia

Do total autorizado pela Amma, 64 exemplares haviam sido cortados até esta terça-feira (2). Seinfra diz que fará compensação ambiental, mas projeto ainda não está pronto

A Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) autorizou a retirada de 72 árvores da Praça do Trabalhador cujas obras de revitalização se iniciaram no último dia 17. De acordo com a agência, todas possuem condições fitossanitárias comprometidas e 64 delas, das espécies sete-copas, pau-formiga, pau-ferro, ipê, jacarandá-mimoso, palmeira-rabo-de-peixe, já foram removidas. O Termo de Compensação Ambiental foi assinado com a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) no último dia 28 de junho e o prazo para entrega do Projeto de Arborização Urbano termina no próximo dia 28.

Presidente da Amma, Gilberto Marques Neto diz que, além das condições fitossanitárias, a retirada das árvores atende a uma obra de interesse público e garante que o novo projeto contemple a arborização necessária. A agência afirma que, para cada espécime extirpado, deverão ser plantadas dez exemplares nativos, os quais ficarão na área da obra e em seu entorno. O presidente da Seinfra, Dolzonan Mattos, afirma, entretanto, que o número deve ultrapassar 720.

"O projeto ainda não está pronto, mas será apreciado pela Gerência de Arborização Urbana da Amma. Vamos primeiro terminar as obras e depois fazer o plantio. Também não sabemos ainda quais serão as espécies, mas a exigência é que sejam nativas. Sou ambientalista e ativista desde sempre. Farei, com certeza, o que for melhor para a população e para o Meio Ambiente", garante Dolzonan.

Os primeiros dias de revitalização contaram com a instalação do canteiro de obras, cercamento da área e locação topográfica. A meta, segundo a Prefeitura, é retirar 95% do piso, incluindo concreto, entulhos e asfalto. Desta forma, foi iniciada a terraplanagem, bem como a preparação para a rede de drenagem, além da construção da administração e de um banheiro. O que se vê no local são máquinas trabalhando e todas as árvores da parte inferior da praça - que está cercada - já removidas. Segundo a Seinfra, as oito árvores restantes devem ser retiradas ainda nesta semana.

Microclima

Integrante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU), Adriana Mikulaschek explica que a retirada de tantas árvores de uma região significa uma piora para o microclima, mesmo quando logo em seguida se plantam outras. Isto porque, as árvores pequenas não têm a mesma capacidade de absorção de água que as árvores grandes. Ela cita ainda a colaboração para a drenagem do solo, absorção de dióxido de carbono e diminuição da poluição.

"A região da (Rua) 44 é muito quente, por conta da falta de vegetação, da ventilação urbana precária, pouco sombreamento e um excesso de áreas de concreto, que refletem e absorvem o calor. Uma copa grande recebe toda a chuva e a encaminha para o tronco e para as raízes. Ela precisa de uma área permeável ao redor dela para escoar a água e adentrar ao lençol freático. É um funil e diminui a quantidade de chuva lançada nas vias", completa a arquiteta e urbanista.

A conselheira cita ainda a proximidade com a Marginal Botafogo, no final de uma descida. "Toda a água da região mais alta desce. Toda essa água desce para o Córrego Botafogo e aumenta problemas que já temos naquela área. Importante aumentar a área permeável. O correto seria que toda a cidade fosse mais permeável", finaliza Adriana.

No projeto de revitalização da Praça do Trabalhador serão eliminados os desníveis, com o objetivo de facilitar a acessibilidade tanto para pedestres, quando para cadeirantes. Em resumo, as passarelas para os pedestres serão oferecidas nas laterais dos canteiros com a interligação realizada por escadas e rampas.

Prefeitura reafirma previsão de 5 meses para realização de trabalho

A previsão da Prefeitura de Goiânia é que os trabalhos na Praça do Trabalhador, no Centro, continuem por cerca de cinco meses e, neste período, a Feira Hippie funcionará ao redor da praça. Para isto, uma pista da Rua 44, entre a Viela da 44 e Avenida Independência, será interditada para o trânsito no sentido Norte/Sul. Feirantes também ocuparão o trecho da Rua 67-A, paralelo à Avenida Independência, entre a Rua 44 e a Goiás Norte. Para facilitar a circulação no maior bloco da Feira Hippie, será criada uma via central entre a 44 e a Avenida Goiás Norte. A Feira da Madrugada ocupará a Viela da 44.

Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), após a finalização dos trabalhos de revitalização, a Feira Hippie voltará a funcionar de sexta a domingo e a Feira da Madrugada às quartas e quintas-feiras. Todas as bancas agora serão projetadas em metalon e cobertas com lona na cor bege.

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Revitalização do Centro de Goiânia tem 10 projetos em 25 anos

Região Central receberá nova proposta, da atual gestão municipal, ainda neste ano, sendo a décima desde 2001, sem ter finalizado nenhuma das anteriores

Centro de Goiânia (na foto, cruzamento da Goiás com a Anhanguera) ainda sem previsão para ver possível projeto da prefeitura em prática

Centro de Goiânia (na foto, cruzamento da Goiás com a Anhanguera) ainda sem previsão para ver possível projeto da prefeitura em prática (Diomício Gomes / O Popular)

Desde o começo dos anos 2000, uma nova gestão no Paço Municipal se inicia com uma proposta para reformulação e revitalização da região Central de Goiânia e nenhuma delas conseguiu reurbanizar a localidade e nem sequer finalizar o projeto definido. Neste tempo, foram seis gestões diferentes a frente da Prefeitura e a décima proposta deve ser feita neste ano, pela administração de Sandro Mabel (UB), que já retirou de tramitação o projeto Centraliza, que foi a proposta do antecessor, Rogério Cruz (SD), da Câmara Municipal, e prometeu reformular as ideias lá contidas. A gestão promete dar mais ênfase às novas propostas a partir deste mês de março, com estudos sobre como implantar as ideias do prefeito.

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Ainda na campanha eleitoral, Mabel informou sobre o interesse em modificar o Centraliza, o que fez até mesmo que a tramitação da proposta na Câmara Municipal ficasse parada. O projeto de lei foi restituído pelo Paço em fevereiro para ser reformulado. Na última semana, o secretário da Fazenda, Valdivino de Oliveira, afirmou em entrevista ao Programa Jackson Abrão, do POPULAR , que a principal obra que a nova gestão pretende fazer é "a remodelação de todo o Centro da cidade". Oliveira informou ao POPULAR que a ideia é implantar uma parceria público-privada (PPP) para a "remodelação e renovação do centro".

"O centro está um tanto quanto abandonado, sem atividade econômica, o que é preponderante, e nós queremos reviver o centro da cidade", disse o secretário ao confirmar que o Centraliza será reformulado. A secretária de Governo, Sabrina Garcez, informou que o foco continua sendo os serviços mais urgentes para os 100 primeiros dias de mandato, mas que há grande preocupação com o Setor Central. "Ainda estamos começando as análises dos projetos, entre eles está o Centraliza. Os projetos que estão lá serão todos revisados", diz. Um deles é a ocupação da sede do Jóquei Clube, que já vem sendo estudado desde a gestão anterior.

A principal questão é como ter posse do edifício, que possui débitos fiscais com o município, a partir de uma negociação ou por penhora judicial. Na última semana, Mabel disse à TV Anhanguera que já determinou a adjudicação do imóvel, ou seja, a transferência do mesmo para o credor, no caso a Prefeitura. Porém, a proposta do atual prefeito para a ocupação é diferente do que se tem no Centraliza. No projeto da gestão passada, o imóvel seria ocupado pela secretaria municipal de esportes e por um projeto de parceria privada de gastronomia e comércios. Já Mabel pretende instalar um espaço para jogos on-line no local, além de lugares de cultura e lazer, também a partir de uma PPP.

A atual gestão tem o interesse de iniciar o processo da região Central pelo Jóquei e seguir pela Rua 3 e Avenida Goiás, em que se pretende revitalizar e incentivar a reforma das fachadas e do paisagismo da via. Em seguida, há a proposta de uma reforma no uso da Rua 8 (Rua do Lazer), com o incentivo para a instalação de restaurantes no local. Neste caso, a inspiração de Mabel é de vias da Europa, com a ideia de ter na via de pedestres do Centro uma série de cantinas italianas, com músicos tocando nas calçadas e um espaço aberto para exposições ao ar livre no período de seca. Há também um interesse de reformular a região da Rua 44 e Praça do Trabalhador, com a ideia de ocupar esta parte da região central de Goiânia também durante o período noturno.

O projeto da nova gestão passa por uma integração do Setor Central com o turismo da cidade, de modo a juntar o bairro com a região da 44 e até mesmo da Avenida Bernardo Sayão, em que poderia ser elaborado um city tour de compras nos locais em conjunto com os congressos realizados na cidade, fazendo com que os turistas de negócios conhecessem o Centro de Goiânia. Já o Centraliza, por exemplo, não incluía a região da Rua 44 nos seus projetos, mas sim a Estação Ferroviária, o Grande Hotel e o Bosque dos Buritis. No caso, foi feito um projeto de reformulação do Bosque pelo escritório de paisagismo carioca, Burle Marx.

A gestão de Rogério Cruz tinha o interesse de fazer do Bosque dos Buritis o grande ponto de encontro para o Setor Central da capital, com a inspiração no Central Park, de Nova Iorque (EUA). Havia uma proposta de fazer um espetáculo com água no lago principal da unidade de conservação, que seria um show para os visitantes e moradores locais. A gestão atual afirma que vai revisar todos os projetos contidos no Centraliza, mas não se fala mais sobre uma revitalização do Bosque dos Buritis. Também não é citado pela nova gestão a proposta de pedestrianização de parte da Avenida Anhanguera, que retiraria veículos particulares do trecho entre as avenidas Tocantins e Araguaia, ficando apenas para pedestres e transporte coletivo.

Incentivos

Outra mudança que deve ocorrer é com relação aos incentivos fiscais propostos no projeto que estava na Câmara. Há uma expectativa de que se tenha um incentivo para imóveis voltados a estudantes universitários, com a ideia de que eles possam povoar o Setor Central, pela facilidade de locomoção a partir do bairro e proximidade com a Praça Universitária, mas é algo ainda não definido. Para o presidente da Associação Comercial e Industrial do Centro de Goiânia (ACIC), Antônio Ferreira, o projeto Centraliza era uma boa proposta para o setor, de modo que se fossem colocados em prática os incentivos lá contidos, já seria bom para a classe empresarial do local. "Mas novos e mais incentivos sempre serão bem-vindos", confirma o presidente.

O empresário ressalta acreditar que pelo prefeito ser empresário de profissão, além do cargo público, ele espera que se tenha maior entendimento sobre a situação dos lojistas no Setor Central. "Inúmeros restaurantes fecharam a porta aqui no Centro, o que mostra a situação do comércio na região. Se fecha restaurante é porque não tem público para vir mesmo", conta Ferreira, que lembra que o trecho central da Anhanguera foi o que mais teve lojas fechadas em Goiânia em 2021, ao citar pesquisa feita pelo sindicato dos lojistas. "Aqui não tem lixeiras, não tem bancos, mas tem ambulantes e pessoas em situação de rua, que não tem lugar para fazer suas necessidades e fazem nas portas das lojas."

"Falta olhar para o Centro como bairro"

A arquiteta e urbanista e professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Maria Ester de Souza, explica que historicamente e sociologicamente, os centros das cidades são usados por governantes para deixar marcas, o que justifica a quantidade de projetos e propostas para reurbanização da região central de Goiânia nos últimos anos. "É um lugar do carimbo do prefeito e, ao mesmo tempo, o projeto do outro não me serve, mesmo que ele tenha sido feito por técnicos. Então, vai sempre remodelar, sempre querer colocar o seu jeito ou a sua cara", diz. Porém, para ela, a justificativa para que nenhum projeto anterior se finalizasse é a falta de perceber que o Setor Central é um bairro, que deve ter sua característica preservada.

"Todas as propostas que fizeram e fazem é uma maquiagem, uma coisa surpreendente, mas não olha para as pessoas. É sempre um 'cara limpa', 'fachada limpa', 'retrofit', 'revitalização', mas nunca é sobre os moradores do Centro", argumenta Maria Ester. O resultado são propostas que não caminham e um problema que se intensifica na região, cuja justificativa para uma nova proposta é sempre se tratar de um local que perde habitantes, comércios e se degrada ao longo do tempo. "Mas não se faz uma base em um indicador preciso, uma pesquisa de fato sobre quem mora lá. A gestão passada tentou com o fechamento das ruas para lazer, mas não tinha crianças lá para usar, não tinha público."

Para a urbanista, projetos de revitalização de prédios específicos também não são suficientes para mudar a realidade do Setor Central, como são as propostas para a sede do Jóquei Clube ou Bosque dos Buritis. Casos como as reformas da Vila Cultural Cora Coralina, na Rua 3, e da própria Praça Cívica, não fizeram com que as movimentações aumentassem na região, por exemplo. "Temos uma cidade com vocação de serviços, mas os projetos não olham para isso. Só olham para as avenidas Goiás, Anhanguera e para a Rua 8. O que o Centro precisa é de estrutura para os que já estão lá, mas não tem suporte de nada."

A falta de cumprimento dos projetos, além da vontade política das gestões, passa também pela falta de substância e engajamento da população local e dos comerciantes, em que muitas vezes as propostas surgem de fora da região e até mesmo da gestão. "Muitas vezes essas ideias de PPP, de Operação Consorciada, são de pessoas de fora, que pensam no investimento e o rendimento que vão ter, e aparecem dentro da gestão como uma solução, sem pensar na população mesmo", explica Maria Ester. Ela lembra que as propostas para o Centro também costumam apresentar ideia sobre o que imaginam que o bairro deveria ser, sem pensar nas características locais.

"A gente escuta sobre levar pessoas para morar lá, que seria um segmento ou outro. Mas o que o Centro precisa, e deve ser, é um bairro, essa é a característica dele, de diversidade. Tem de ter idoso, criança, famílias, estudantes, tem de ter tudo lá, sempre foi assim", conta. Esse é o problema, por exemplo, de incentivos fiscais para que as construtoras invistam na região, já que procuram a demolição de casas para a implantação de torres de alto padrão, o que dificulta a diversidade, muda a característica do bairro. "E as construtoras surgem como se fossem a solução, mas não é bem assim."

Região possui interesses diversos a partir de cada localidade e uso

Um dos problemas citado pela arquiteta e urbanista Maria Ester de Sousa que dificultam a execução dos projetos para a região Central de Goiânia é a quantidade de interesses no bairro, que mesmo sem ser tão extenso, possui diversas "regiões" com características diferentes, como aqueles que ficam mais próximos do Setor Oeste e os outros mais perto da Praça Cívica e outros da Avenida Anhanguera ou mesmo da Avenida Independência. "Lá tem duas associações de moradores diferentes, em que uma tem como principal foco a retirada do Mercado da Avenida Paranaíba, pelos eventos que tem lá e barulho. Já a outra vê como principal problema a retirada dos moradores de rua. Então é sempre difícil o diálogo por lá também, definir quais as prioridades", explica.

Além dos moradores, há ainda uma forte presença do comércio, sobretudo nas principais avenidas, que também buscam interesses próprios, como a retirada dos vendedores ambulantes das vias, maior incentivo fiscal ou a melhoria da política de estacionamento no local. O presidente da associação dos empresários locais, Antônio Ferreira, conta ainda que a nova gestão municipal não se reuniu com a categoria para discutir possíveis mudanças no projeto Centraliza ou mesmo a formulação de um novo projeto. "Ficou marcado para março agora uma conversa com a gestão. O Centraliza é bom, mas tem podemos acrescentar e ouvir o que a gestão pretende."

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Artistas se reúnem para revitalizar o Beco da Codorna por conta própria

Projeto independente já conta com a participação espontânea de 15 artistas. Os trabalhos artísticos estampados variam entre diversas linguagens da arte urbana, como o grafite, estêncil, pôsteres, lambes, stickers e pinturas

Para o processo de revitalização atual, participam do projeto os profissionais Paulo Paiva, Ezo Color, Aiog, Looh, Bulacha, Lowa, Verds, Rafael Plai, Andrei Dorme, JMV e Nk, entre outros que devem confirmar a participação até os próximos dias

Para o processo de revitalização atual, participam do projeto os profissionais Paulo Paiva, Ezo Color, Aiog, Looh, Bulacha, Lowa, Verds, Rafael Plai, Andrei Dorme, JMV e Nk, entre outros que devem confirmar a participação até os próximos dias (Wesley Costa / O Popular)

Mais de 150 artistas estampam trabalhos no Beco da Codorna, no Centro. O espaço, que já é até maior em número e tamanho que o famoso Beco do Batman, localizado em São Paulo, ganhou nesta semana um projeto de revitalização feito pelos próprios grafiteiros da cidade que se cansaram de aguardar um respaldo do poder público ou de promessas de ações contínuas que nunca saíram do papel.

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"É um ponto cultural, histórico, de resistência, que está no roteiro de lugares obrigatórios para conhecer Goiânia. Grandes empresas e instituições fazem uso do Beco para comerciais e pessoas famosas passam por aqui, como o Zé Felipe, que gravou um videoclipe na semana passada", adianta o produtor Jhony Robson. O projeto independente já conta com a participação espontânea de 15 artistas. "Vem gente de todo o mundo para conhecer o local. Eu mesmo preciso aprimorar meu inglês para dar conta de explicar melhor aos turistas", completa.

A viela Miguel Rassi, carinhosamente chamada de Beco da Codorna, não vê eventos culturais e ações de restauro há quase dois anos. A produtora Prosperidade Cultural, localizada dentro do espaço urbano e que promovia projetos de música, arte e circo, encerrou as atividades depois que vizinhos reclamaram do barulho. "A nossa ideia é reativar as ações do Beco a partir de fevereiro. Até lá, precisamos arrumar o local para receber o público. Conseguimos religar a energia do local e vários artistas se reúnem com os próprios materiais para dar mais cor ao espaço", comenta Jhony, que é artista visual e dá vida ao palhaço Bulacha em espetáculos e números circenses.

Os trabalhos artísticos estampados no Beco variam entre diversas linguagens da arte urbana, como o grafite, estêncil, pôsteres, lambes, stickers e pinturas. Há de tudo ali, desde o grafismo urbano , com letras e frases muito bem desenhadas, passando por pinturas 3D que invadem o piso do local, até rostos e olhos que parecem pular dos muros e criar vida própria. Funciona no espaço a Associação Goiana dos Grafiteiros.

Para o processo de revitalização atual, participam do projeto os profissionais Paulo Paiva, Ezo Color, Aiog, Looh, Bulacha, Lowa, Verds, Rafael Plai, Andrei Dorme, JMV e Nk, entre outros que devem confirmar a participação até os próximos dias. Se você passar por lá hoje vai encontrar profissionais de diferentes lugares de Goiás estampando seus trabalhos nas paredes do point cultural.

"A ideia é dar mais cor ao Beco da Codorna, que desde o festival de 2022 não recebe intervenções maiores", reitera Jhony. Com os novos grafites, o beco segue como palco para ensaios fotográficos, parada para observação de uma galeria a céu aberto, além dos futuros eventos artísticos. A proposta é de que todos da cidade, além dos turistas, possam usufruir da viela, localizada entre importantes pontos históricos de Goiânia, como o Teatro Goiânia, a Vila Cultural Cora Coralina, a Rua do Lazer e o Centro Cultural Octo Marques.

Projeto

Em 2022, depois do Festival do Beco, os grafiteiros até tentaram se reunir com a equipe da Prefeitura de Goiânia para tratarem do projeto da revitalização do espaço. A intenção era de que o local se tornasse uma praça, com novas calçadas, projeto de iluminação e segurança. A ação nunca saiu do papel. A Secretaria Municipal de Cultura (Secult Goiânia) informa que o calendário cultural da cidade ainda está sendo organizado para abarcar diferentes linguagens artísticas.

Enquanto não sai nenhuma medida específica do poder público, os grafiteiros seguem em constante ebulição. O local, que já foi área de carga e descarga de mercadorias das lojas comerciais da famosa Galeria Tocantins, em tempos áureos do Centro nos primeiros anos de Goiânia, percorre um processo de transformação urbana que caminha junto com a tendência do urbanismo tático.

Em São Paulo, por exemplo, os grafites fazem a fama da Vila Madalena há algum tempo, como o Beco do Batman, fruto de uma inclinação aos projetos culturais que saem dos palcos de teatro e das galerias tradicionais de arte e vão parar em pontos específicos da cidade. "O Beco da Codorna já se tornou uma expressiva janela para conhecer uma Goiânia diferente, criativa e que está no mapa das artes do Brasil", salienta o produtor.

E a Rua do Lazer?

Muito perto do Beco da Codorna, a Rua do Lazer também revela diversas formas de arte urbana em seus becos. A única via fechada para carros de Goiânia passou por uma reforma em 2019 com a ideia de desenvolver um ponto ativo de cultura e esporte, com a troca do piso, a revitalização das vielas e a reforma dos elementos urbanos, como os bancos e os postes históricos. Quase seis anos depois e o espaço também está em situação de abandono.

Um pouco mais abaixo, na Rua 8 próximos aos bares que circundam o local, um beco ganhou revitalização em agosto de 2024 por parte de artistas que desejam criar um point noturno e cultural para ajudar a ressocializar o Centro. Nesta sexta-feira (24), o point Anexo, localizado dentro da viela, abre as portas para uma festa em formato soft open com discotecagem de Johnny Suxxx e Barbara Novais.

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Primeiro museu de Goiânia e marco art déco da cidade, Museu Zoroastro Artiaga passa por restauro completo

Com investimento de R$ 6,6 milhões, as obras de restauro do local começaram na última semana e têm como eixo central recuperar as suas características originais

Museu Zoroastro Artiaga: enfim, prédio histórico passa por um processo de restauração

Museu Zoroastro Artiaga: enfim, prédio histórico passa por um processo de restauração

O trabalho é minucioso e requer atenção e cuidado. O primeiro desafio das obras de restauro do Museu Zoroastro Artiaga, na Praça Cívica, é retirar todo o acervo do espaço, com mais de 3 mil peças, que são levadas pouco a pouco para o Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). O segundo é seguir com a reforma de um edifício erguido nos anos 1940. Já o terceiro revés é repensar a expografia de um museu compatível com os novos tempos.

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Com investimento de R$ 6,6 milhões oriundos do governo do Estado, as obras de restauro começaram na última semana e tapumes ao redor do prédio já adiantam que o Zoroastro Artiaga segue em reforma até o final de 2025. O projeto do novo museu foi aprovado em janeiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e tem como eixo central recuperar as suas características originais.

"Fizemos muitos estudos e pesquisas para tentar ser o mais fiel possível ao projeto original, levando em consideração toda a importância arquitetônica e histórica do museu", adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Estado da Cultura (Secult Goiás), Bruna Arruda. "Mais do que isso, vamos criar melhorias, como na acessibilidade e na segurança estrutural do espaço", completa.

O Zoroastro já estava fechado ao público desde outubro de 2022. As equipes que trabalham no local encontraram um prédio danificado pelo tempo e pelas chuvas. Parte da estrutura do teto composta pela laje e pelo forro do segundo piso está comprometida. O piso também está danificado e as paredes sofreram impactos externos, como das obras do BRT.

"O restauro precisa de uma atenção máxima já que trata-se de uma construção dos primeiros anos de Goiânia e que reconta parte dessa história tão distinta", salienta Bruna, que começou a definir as novas colorações do museu. "Fizemos diversas pesquisas para tentar desvendar as cores da época de sua fundação", comenta.

Para dar o start na reforma, todo o acervo está sendo relocado para uma sala do CCON. As coleções incluem núcleos arqueológicos, mineralógicos, de etnologia indígena, arte sacra e popular. "As peças vão passar por um processo de desinfestação por atmosfera anóxia, isto é, ausência de oxigênio, e higienização para garantir a preservação", comenta o diretor do museu, Giulliano Santos Ramos, que trabalha no local desde 2009.

Algumas peças são verdadeiras relíquias históricas, como as bonecas carajás, patrimônio imaterial brasileiro. Ao lado delas, há toda uma coleção de fósseis, doada por estudiosos e arqueólogos das cidades de Itaberaí, Pedro Afonso e Inhumas na década de 1940. Pinturas como a da preguiça gigante, ao lado de partes de ossos e garras do megatério, chamado pelos indígenas de "besta gigante", também impressionam e serão levadas para o CCON. "A ideia é convidar e abrir para que estudantes, pesquisadores, alunos e interessados possam acompanhar o processo", explica Bruna.

Expografia

A previsão é que a obra seja entregue até dezembro de 2025. Até lá, uma nova expografia será pensada com o foco de tentar criar um museu com a cara do patrimônio art déco, mas com um conteúdo museológico moderno e condizente com os tempos contemporâneos. A exposição que ocupava o museu até o seu fechamento havia sido inaugurada em 2000.

"Vamos pensar formas e maneiras de contar sobre a história de Goiás de um jeito diferente, mais moderno e atualizado. A nova proposta museográfica refletirá em como tratar e ocupar um espaço cultural e museológico refletindo o futuro. Estamos empolgados", destaca Bruna.

O primeiro da fila

Testemunha ocular de Goiânia, o prédio cravado no coração do Centro surgiu em 1942 e, décadas após décadas, viu a capital crescer. Pioneiro, foi o primeiro museu estabelecido na então nova capital, com seu desenho art déco, jeitão imponente e linhas simétricas. Quando foi criado pelo arquiteto polonês Kazimierz Bartoszewski, o prédio não havia sido projetado para ser museu. Nasceu como o Departamento Estadual de Imprensa e, anos mais tarde, em 1946, se transformou em museu estadual.

Canteiro de obras

O barulho das obras toma conta de diversos cantos da Praça Cívica, no Centro. Além dos tapumes que cobrem o Museu Zoroastro Artiaga, outros edifícios históricos do local também passam por restauros. É o caso, por exemplo, do Cine Cultura, localizado no Centro Cultural Marietta Telles. Com investimento total de R$ 1,9 milhão oriundo da lei federal Paulo Gustavo, o único cinema público da cidade deve voltar às atividades no início de janeiro.

A ideia é de que o Cine Cultura ganhe uma nova cara, mais moderna e tecnológica para receber filmes goianos, nacionais e internacionais, além de mostras e lançamentos. O projeto de restauro, feito pela equipe técnica de arquitetura da Secult Goiás, preserva o estilo art déco, além de promover acessibilidade e mais conforto ao público. As poltronas foram trocadas e uma bomboniere será instalada no hall do cinema.

O próprio Centro Cultural Marietta Telles também ganhou novas cores e passou por uma troca de tacos no piso, reparos nas rachaduras, marquises e pingadeiras. Ao lado do local, o Palácio das Esmeraldas também ganha nova pintura na fachada e reparos estruturais nas lajes. A reforma será concluída no final do mês.

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Arborização de Goiânia enfrenta mudança de ciclo

Espécimes, alguns ainda do plano urbanístico original, chegaram ao limite de sua vida em meio a sequelas da metrópole e precisam ser substituídos

Prefeitura faz poda em gameleira da Avenida Araguaia com a Avenida Contorno, no Centro de Goiânia: árvore chega ao fim de ciclo e será retirada

Prefeitura faz poda em gameleira da Avenida Araguaia com a Avenida Contorno, no Centro de Goiânia: árvore chega ao fim de ciclo e será retirada (Wesley Costa / O Popular)

Uma árvore simbólica, que faz parte da história da cidade e da memória afetiva de seus habitantes, condenada pelo fogo criminoso, mas que já sofria com as ações do tempo e as sequelas da vida vegetal na metrópole. Esse é um resumo da gameleira da Avenida Araguaia, no Centro de Goiânia, que vive seus últimos dias. Além do incêndio que selou seu destino, podas na base que afetaram suas raízes e insetos parasitas em seu cerne, já definhavam a gigante Ficus elastica, seu nome científico.

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"O fato de a planta ter folhas verdes e parecer saudável não significa que não esteja doente e, às vezes, até morrendo", diz o biólogo e analista de obras e urbanismo da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) Leandro Georges. Foi ele o responsável pelo laudo que decretou o corte da gameleira, que deverá ocorrer nas próximas semanas, em forma de força-tarefa e com algum grau de transtorno. Por seu porte avantajado e a localização em via de grande fluxo, o risco de tentar prolongar sua sobrevida é muito alto.

Como a conhecida árvore da Araguaia -- que, embora pareça centenária, tem "só" cerca de 60 anos --, outras, de várias espécies, chegam ao fim do ciclo vital e precisam ser retiradas. É um processo natural numa cidade que chega esta semana aos 91 anos -- relativamente nova, mas com desafios para os quais precisará estar protegida por uma arborização adequada.

"Árvores são seres vivos e têm seu limite. A questão é que, se no meio natural vivem 80 anos, na cidade sua existência é abreviada até pela metade", explica Leandro. São vários os reveses que minam as plantas nas cidades -- as pragas, a poluição, a trepidação por causa do trânsito e o vandalismo, entre outros.

Em Goiânia, o instrumento que guia as políticas para essa área é o Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU), que se tornou lei em janeiro, o que faz com que agora, por exemplo, o corte irregular ou a não substituição na porta da casa cause notificação, autuação e multa ao cidadão infrator. "A árvore na cidade não é só uma árvore, é também um equipamento urbano -- assim como um poste, uma placa de trânsito, um bueiro. Porém, ela ainda é uma árvore e, como ser vivo, deve ser tratado de maneira diferente, porque o poste ou a placa podem ser removidos; a árvore, não", diz a agrônoma Fabíola Adaianne Oliveira, também dos quadros da Amma e há 2 anos e 8 meses como assessora técnica da Superintendência de Gestão Ambiental e Licenciamento da agência.

Em março, Goiânia obteve o título de Cidade Árvore do Mundo, reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) pela preservação. Nos anos 90, virou a "capital ecologicamente correta". A fama de arborizada não existe à toa: a questão era parte essencial de Goiânia já no projeto de Attilio Corrêa Lima, depois seguido em grande parte por Armando de Godoy -- a ideia da cidade-jardim, com atenção especial a parques. Em capítulo no livro Cinco cidades que nasceram arborizadas, da Editora UFMS, Fernanda Fontes Mendonça e Rodrigo Carlos Batista de Sousa resgatam trechos do relatório de Attilio em 1935, ao se desligar do projeto. No texto, intitulado "Goiânia de Attilio e Godoy: uma cidade planejada e arborizada", a dupla destaca uma frase do urbanista que diz muito sobre a relação entre a cidade e o verde: "Goiânia nasceu harmoniosa na relação entre áreas construídas (propostas) e áreas verdes a serem conservadas."

Mistura de exóticas com nativas

Na Goiânia planejada e erguida no meio do Cerrado, à vegetação nativa se misturaram desde o lançamento da pedra fundamental espécies exóticas encomendadas pelos próprios urbanistas, mas também por viajantes, visitantes e pesquisadores. Foi assim que a cidade que começava teve suas ruas, praças, jardins e quintais adornados com flamboyants, mungubas, espatódeas, palmeiras-imperiais e gameleiras, vindas de outros biomas brasileiros ou mesmo de outros países.

"É preciso dizer também que não havia, naquele contexto histórico, nenhuma valorização da vegetação do Cerrado", diz Rodrigo Carlos Batista de Sousa, engenheiro florestal e também doutorando em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). "Naquela época, claro, não havia os estudos de que dispomos hoje sobre a riqueza do ecossistema, sua biodiversidade e todas essas questões."

Na escolha, algo muito levado em consideração, além da estética para o paisagismo, foi o sombreamento que as árvores poderiam fornecer, como concordam Rodrigo Carlos e Leandro Georges. "A ciência mostra como as árvores auxiliam na regulação da temperatura e da umidade", diz o engenheiro florestal. "As espécies do Cerrado têm crescimento mais lento, ao contrário das que foram trazidas para cá", completa o analista da Amma.

O foco na cidade verde se mostrou presente em bairros planejados em períodos diferentes e que estão hoje no topo da lista, segundo a própria Amma, dos mais arborizados da capital: é o caso do Setor Sul, do projeto original de Goiânia; do Jaó, concebido na década de 50; e do Goiânia 2, iniciado nos anos 80. Todos são caracterizados por ter grandes áreas verdes, com bosques e parques.

O Setor Central, porém, com o passar dos anos, deixou seu planejamento urbanístico em segundo plano, o que veio com a mudança de função do próprio bairro, que deixou de ser híbrido (habitacional e comercial), para se vocacionar de forma hegemônica ao comércio. Isso refletiu na paisagem, que perdeu muitas unidades arbóreas, especialmente por conta da adequação das salas e lojas para a atividade. Hoje, o Centro é um dos locais menos arborizados de Goiânia, ao lado de Campinas -- com problemas peculiares, já que é uma localidade anterior à capital -- e do distante Jardins do Cerrado, na divisa com Trindade e cujo parcelamento foi em uma área de pastagem, sem vegetação.

Para Júlio Pastore, professor da Universidade de Brasília (UnB), Goiânia tem um bom índice de arborização, pode ser considerada uma cidade-parque, mas ainda peca com a periferia em relação a áreas verdes. "Uma cidade bem arborizada começa com decisões de infraestrutura que vão para além da arborização. É preciso espaço nas calçadas, infraestrutura de fiação e iluminação, de modo que o plantio de árvores não cause problemas", diz.

"São problemas originados por opções do poder público e que costumam ocorrer na periferia, onde loteamentos são feitos com economia de espaço e recursos", continua Pastore, que também é agrônomo pela UFG e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP). "A população (da periferia) costuma ficar com a impressão de que não vai 'caber' árvore e que ela pode aumentar a escuridão, a delinquência e a sujeira. Isso porque o município não investe em mostrar quão importante é ter árvore por perto."

Rodrigo Carlos acrescenta que o Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU) precisa ser cumprido para a cidade como um todo e que "atualmente existem vários projetos inteligentes de arborização urbana" que podem ser adaptados para cada local da cidade, com espécies adaptadas para o local, que não causem conflito. "É bom sempre lembrar que tem gente que gosta de árvores, mas também têm os que as detestam. Mas a lei está aí e precisa ser cumprida", finaliza.

Desde março deste ano, Goiânia é uma das 34 cidades brasileiras certificadas pela Arbor Day Foundation, uma organização não governamental ligada ao programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e Agricultura (FAO). O atestado dá o direito à capital de usar o título Cidade Árvore do Mundo, um selo de qualidade ambiental. Para tanto, a cidade teve de preencher critérios, como a quantidade de árvores em relação aos habitantes (ou área do município) e a legislação municipal sobre arborização.

A engenheira agrônoma Fabíola Adaianne Oliveira, servidora de carreira da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), tem grande responsabilidade na obtenção do título. Foi ela quem coordenou o preenchimento da documentação que levou Goiânia a conquistá-lo. "É uma certificação por meio da qual podemos encontrar empresas parceiras, atraídas pelo marketing verde, que queiram se ligar ao título com trabalhos em conjunto com o município", explica, ressaltando que, por ser uma certificação obtida há pouco mais de seis meses, não houve tempo hábil para configurar muitas adesões.

Os projetos desenvolvidos na cidade e que multiplicam o plantio de mudas também serviu para o reconhecimento. A Amma tem três programas que servem para vários tipos de ações: o Arboriza Gyn, que visa a recomposição de áreas de preservação permanente com uma quantidade maciça de unidades arbóreas; o Disque-Árvore, pelo qual o cidadão pede o plantio de uma muda na calçada e a agência executa a solicitação; e o Rearboriza, que, depois de estudos, revitaliza o verde em passeios públicos de vias desarborizadas, como é o caso do Centro e de Campinas.

A superintendente da Amma não acredita que a mudança de governo para o próximo ano possa causar impacto significativo nos programas. "Talvez se diminua sua importância perante a política, mas não vai diminuir perante a sociedade. O goianiense gosta de árvore. E, como grande parte das árvores está nos parques, não tem como o novo prefeito deixar de ter esse cuidado com a questão ambiental."

Desafios da arborização urbana em Goiânia. Na foto, biólogo e analista da Amma Leandro Georges, no Parque da Criança, na Rua 72 esquina com a Rua 71, no Setor Jardim Goiás, junto a um conjunto de leucenas, árvores exóticas invasoras (Wildes Barbosa / O Popular)

Desafios da arborização urbana em Goiânia. Na foto, biólogo e analista da Amma Leandro Georges, no Parque da Criança, na Rua 72 esquina com a Rua 71, no Setor Jardim Goiás, junto a um conjunto de leucenas, árvores exóticas invasoras (Wildes Barbosa / O Popular)

Leucena, a invasora

Se você já foi à já tradicional Feira do Cerrado ou ao Parque da Criança, nas imediações do Estádio Serra Dourada, já deve ter topado com um minibosque que torna o clima mais ameno por ali. A questão é que grande parte desse sombreamento é feito por leucenas, árvores exóticas invasoras que são consideradas uma praga urbana pelos órgãos ambientais. "Leucena é um grande problema, porque se espalha como capim e acaba por matar as espécies nativas, que crescem mais lentamente", diz o biólogo e analista de obras e urbanismo da Amma Leandro Georges. No manejo recente feito nas margens do Córrego Botafogo, a espécie invasora foi o principal alvo. "Ela se espalha muito rapidamente e já está presente praticamente em todas as proximidades de cursos d'água da cidade, além de outros locais."

No caso das leucenas da Feira do Cerrado, por se tratar de uma área do governo estadual, a Amma não pode agir. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel) emitiu uma nota alegando que o espaço tem cessão de uso à Associação Cultural Feira do Cerrado, e que, dessa forma, "cabe à instituição a manutenção da área". Também ressaltou que "é de conhecimento da Seel a presença das leucenas, contudo, a equipe de infraestrutura da pasta não identificou até o momento a necessidade de uma intervenção específica" e que nunca houve contato da Amma sobre esse tema. "A Secretaria de Estado de Esporte e Lazer se coloca à disposição dos órgãos competentes para discutir as soluções que sejam benéficas à população", finaliza o texto.

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