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Karla Jaime

Karla Jaime

Jornalista do POPULAR, com especialização em Jornalismo Literário e membro da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música (Aplam)

Direita brasileira se revê diante da crise no bolsonarismo

Conservadorismo e autoritarismo se misturam, mas também se distinguem, em meio ao fracasso de ataques golpistas e denúncias contra ex-presidente, veem analistas

Karla Jaime
Pedro CélioAlves Borges: “Um aspecto presente no ideário conservador é o respeito à lei”

Pedro CélioAlves Borges: “Um aspecto presente no ideário conservador é o respeito à lei” (Benedito Braga)

As tentativas de golpe recentes no Brasil, que culminaram com a invasão e depredação das sedes dos três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro, evidenciaram o perfil autoritário de militantes defensores de pautas conservadoras. Os golpistas não apenas não tiveram êxito, como prestam contas à Justiça pelos atos de destruição de patrimônio público, rechaçados até mesmo por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também ele alvo de uma série de denúncias e investigações, entre elas de se apropriar de joias presenteadas pelo governo Saudita.

Apesar desse desgaste e de ter sido declarado inelegível por oito anos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral),Bolsonaro segue recebendo homenagens e acenos de políticos que ainda apostam em sua influência nas próximas eleições. Cenário que levanta questões sobre como fica a extrema direita no país após o golpe fracassado, a prisão e o julgamento dos envolvidos nos ataques em Brasília, assim como sobre o bolsonarismo, com o líder maior acusado de vários crimes, entre eles, corrupção.

Para falar sobre esse quadro em que conservadorismo e autoritarismo se misturam, mas também se distinguem, O POPULAR ouviu o cientista político Pedro Célio Alves Borges e a pesquisadora de questões envolvendo relações de poder e subjetividade Cristina Scheibe Wolff, do departamento de História da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

Conservadorismo e autoritarismo, onde convergem e o que os distingue?

Pedro Célio - No conceito, não necessariamente convergem. O maior exemplo foi o papel do governo Churchill na Inglaterra no combate ao nazifascismo. Porém, há a tendência de os conservadores não tolerarem mudanças e inovações que alterem costumes e valores tradicionais. Em muitas experiências de sociedades avançadas os conservadores apoiam a democracia no que ela tem de essência forte: o respeito à diversidade e à diferença.

Cristina Scheibe Wolff - Se pensarmos que o conservadorismo quer manter a hierarquia social, em que há classes sociais e pessoas nessas classes que estão numa posição hierárquica inferior, o conservadorismo é ligado de certa forma a uma ideia de autoritarismo, talvez não no sentido de uma ditadura política, mas o conservadorismo defende a existência de uma autoridade, e essa autoridade é de quem? Dos homens brancos de classes com certa riqueza, porque tem toda uma ideia de meritocracia que vem junto com isso, e também se tem confunde com o Estado que é dominado ainda pelos homens brancos no Brasil. Uma das características importantes desse conservadorismo é a misoginia, a ideia de que as mulheres são inferiores, portanto, é o antifeminismo. Todos os movimentos que possam questionar a hierarquia, movimentos negros, indígenas, de mulheres, camponeses, todos esses movimentos que questionam a forma de hierarquia vão contra esse conservadorismo e, portanto, são vistos como inimigos dessas pessoas que se colocam como conservadoras.

Como o fato de nem todos os conservadores serem autoritários tende a se refletir na hora do voto? A extrema direita se enfraquece com a rejeição a tentativa de golpe?

Pedro Célio - Um aspecto presente no ideário conservador é o respeito à lei. O "conservador raiz", ou programático, é essencialmente um constitucionalista. Na linguagem rotineira, ele é de centro, embora seja difícil qualificar o que seja o "centro político". Ele não gosta da instabilidade, da quebra de contratos, do imprevisto na rotina das organizações e da República. Acho que por isso, nas eleições de 2022 a presença de Geraldo Alckmin na chapa de Lula simbolizou que havia conservadores não bolsonaristas. Posso estar enganado, mas hoje muitos conservadores devem estar envergonhados do apoio que deram à extrema direita no Brasil. Mas eu repito que essas tendências são teóricas e analíticas e que, na ação prática, os ventos quentes da política real pesam bastante na definição de como um conservador vai agir.

Cristina Scheibe Wolff - Hoje, têm grupos importantes no Brasil que se identificam com o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas não só com ele, com essa chamada nova direita, eles se identificam como pessoas de direita. Então, essa ideia de que nem todos os conservadores são autoritários é meio complicada, têm pessoas que não admitem falar em ditadura, mas não veem que, de alguma forma, o conservadorismo sempre é autoritário.

O bolsonarismo segue com apelo eleitoral entre os conservadores, mesmo os que condenam atos golpistas?

Pedro Célio - O bolsonarismo não deve encantar os conservadores no nível em que o conseguiu em 2018 e em 2022. Essa turma avacalhou até mesmo com uma das bandeiras mestras do conservador sincero (ou raiz ou programático), que é o combate à corrupção. Presumo que hoje, nem como retórica interna, um bolsonarista que fala de combate à corrupção deve conseguir as plateias e apoios que antes conseguia.

Cristina Scheibe Wolff - Com certeza essa extrema direita se enfraquece pela rejeição aos atos golpistas, especialmente diante da falha de não terem conseguido realmente fazer um golpe, mas ao mesmo tempo eles mantêm uma certa realidade paralela, via fake news e redes sociais, WhatsApp, que eles usam para manter grupos ligados ao ex-presidente. Dependendo da região, como no Sul, onde moro, eles conseguiram eleger uma maioria para o Congresso. Não tenho uma pesquisa sobre isso, mas tenho escutado comentários como "ah, não votei em nenhum dos dois", "não quero nenhum dos dois", e pessoas que, por outro lado, condenam muito fortemente o PT, mas também não conseguem admitir neste momento, embora tenham votado antes em Bolsonaro, apoio a ele, com essas denúncias, principalmente no caso de suspeita de roubo das joias, uma série de denúncias de irregularidades e corrupção no governo passado. Essa pessoa começa a não querer dizer que apoia Bolsonaro, mas também não quer apoiar o governo Lula.

Como políticos que se mantêm próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a exemplo do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), que o recebeu como hóspede no Palácio das Esmeraldas e prestigiou homenagem a ele feita pela Assembleia Legislativa de Goiás, podem se beneficiar ou, por outro lado, sofrer desgastes nas próximas eleições (2024 e 2026)?

Pedro Célio - Aí já outra história. Há um aspecto interessante que é a desvinculação do voto, nos níveis nacional e regional ou municipal. Trata-se de esferas na definição do comportamento político que são distintas das esferas que produzem a identificação ideológica ou de valores. Creio que na normalidade das coisas, a política prática, isto é, o jogo de interesses como ele é jogado, precede e até mesmo supera as aproximações "tão-somente" ideológicas. Basta lembrarmos que, estando Bolsonaro inelegível, os conservadores não apostam um níquel em busca de um líder para o vácuo que ele deixa que tenha o seu perfil de agressividade, intolerância e extremismo.

Cristina Scheibe Wolff - Governadores que se identificam com o ex-presidente e mantêm posição conservadora veem que isso ainda rende bastante dividendos políticos em alguns estados. Mas, vamos ver. Essa rede de informações falsas que propagam os apoiadores de Bolsonaro é muito forte, cria essa ideia de que todas as irregularidades e acusações envolvendo o ex-presidente são mentiras, é um cenário muito complexo.

Quais os aspectos mais fortes do conservadorismo na sociedade brasileira?

Pedro Célio - Devo dizer, no início, que vejo o conservadorismo como um estilo de pensamento de forte presença nas sociedades modernas. Como fenômeno social e político, ele não constitui exatamente um fenômeno brasileiro. Sua estrutura de conexões com a realidade compartilha o mesmo arcabouço lógico que, por exemplo, o socialismo e o liberalismo. De modo muito semelhante do que ocorre em outros locais, inclusive nas nações desenvolvidas, os conservadores no Brasil demoram a aceitar e a se acostumar com as alterações que o avanço da modernidade implementa nas relações humanas e nas instituições, de maneira geral. Demoram, mas com grande atraso se adaptam. Nesse aspecto, o conservadorismo difere de ser tradicional ou reacionário. Nesses dois casos, com gradações, é claro, há mesmo a rejeição à mudança, a idealização do passado e, no limite, isso pode assumir formas de mobilização política. Mas acho importante diferenciar o conservador doutrinário dessas duas posturas.

Cristina Scheibe Wolff - O que é conservadorismo? É tentar conservar o status quo, a sociedade como está, o que interessa para as pessoas que estão em situação privilegiada. Quem são essas pessoas no Brasil? São as classes altas e médias de homens e mulheres brancos, que têm uma renda média mais alta que a de homens e mulheres negros. Isso também é atravessado pela questão religiosa, muito do conservadorismo tem relação com a religião cristã que se baseia em toda uma estrutura social marcada pelo patriarcado. Na concepção da Igreja Católica mais ortodoxa e das outras igrejas cristãs, muitas vezes se pensa que a família tem que estar chefiada por um homem, as mulheres têm um papel na reprodução, na maternidade, no cuidado, e tudo que questione esse papel das mulheres numa situação hierárquica inferior aos homens é considerado subversivo.

Caso concorde que a nossa sociedade seja majoritariamente conservadora, explique por quê.

Pedro Célio - A literatura é diversificada, mas coincide em apontar que o ambiente dos anos 1920/30 abriu passagem para que fortes tendências modernizantes fossem inoculadas na formação da nação em nosso país. Isso, no entanto, ocorreu mantendo as bases dos anteriores modelos societários, produtivos e políticos, numa coexistência que se manifesta nos grandes conflitos vividos nas décadas seguintes. Uma marca expressiva das contradições e da diversidade resultante dessa coexistência, seja o padrão de organização e funcionamento das instituições políticas e a cultura política com traços predominantes até nossos dias, de exclusão, elitismo e patrimonialismo na condução vida pública.

Quanto a ser majoritário ou não, essa balança varia nas diferentes conjunturas. Por exemplo, o golpe de 1964 foi na essência conservador da estrutura agrária e no discurso ideológico, mas veio em nome de atualizar o país em termos de infraestrutura e tecnologia. Antes dele, o período Vargas exerceu o poder de maneira antiliberal e antiprogressista, mas fundou bases avançadas na época na área dos direitos sociais e da cidadania urbana. Mais recente, tivemos o ciclo de democratização progressista após a ditadura de 64, coroado com a rendição abrupta da maioria do eleitorado apoiando mensagens reacionárias e até mesmo anticivilizatórias, ao eleger Jair Bolsonaro para a Presidência da República. E ele fez o que fez, é o que é, com a desfaçatez de dizer-se conservador.

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Vereadores aprovam título a ministro do STJ que tornou Bolsonaro inelegível

Benedito Gonçalves foi relator, noTSE, das ações que resultaram na inelegibilidade do ex-presidente

Ministro do STJ, Benedito Gonçalves: homenagem gera críticas de vereadores bolsonaristas

Ministro do STJ, Benedito Gonçalves: homenagem gera críticas de vereadores bolsonaristas (Emerson Leal/STJ)

A aprovação da concessão de título de cidadania goianiense ao ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), motivou contrariedade da bancada do PL durante a sessão desta terça-feira (18) na Câmara Municipal de Goiânia. Gonçalves foi relator, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), das ações que tornaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível . A proposta é do título é de Welton Lemos (SD) e a relatoria foi feita pelo líder do prefeito Sandro Mabel (UB) na Casa, Igor Franco (MDB).

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A Câmara costuma aprovar concessões de títulos com tranquilidade e sem votos contrários. Mas durante a sessão, Oséias Varão (PL) pediu à mesa diretora que o projeto fosse votado separadamente e afirmou que a sigla concordou em votar contra a outorga a Gonçalves. "Envolve uma questão muito específica relacionada à nossa visão política", justificou Varão.

O projeto de lei passou com 25 votos favoráveis. Votaram contra Oséias Varão, Vitor Hugo e Willian Veloso - os três do PL; e Sanches da Federal (PP). Eles alegam a incompatibilidade de se dar o título a alguém "que fere os títulos constitucionais", em referência à inelegibilidade do ex-presidente. "Ficaria extremamente deselegante da nossa parte com relação ao partido e às nossas convicções se votássemos a favor", afirmou Veloso.

"Não posso homenagear quem supostamente de forma parcial e ideológica usou seu poder jurisdicional, que deveria ser impessoal, para tirar a possibilidade de candidatura de um dos maiores líderes políticos da atualidade. Fere princípios constitucionais, desgasta a democracia e esvazia a vontade popular", reiterou Sanches.

Na justificativa do projeto sobre Gonçalves, Lemos destaca a "notável trajetória jurídica e seu compromisso com a justiça e o desenvolvimento do país". Apesar de não ter ligação direta com Goiânia, o vereador justifica que o magistrado possui "valores que se alinham com os ideais da capital goiana".

A previsão é que Gonçalves venha a Goiânia receber o título em sessão solene da Câmara já na próxima sexta-feira (21), às 14h. Na mesma data, mais cedo, às 10h, o ministro fará palestra gratuita e aberta ao público com o tema "O judiciário de excelência e o papel das escolas judiciais", promovida pela Escola Judicial do Tribunal de Justiça de Goiás (Ejug/TJ-GO). (Gabriel Neves)

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O fiasco de Copacabana

O fiasco do ato de Copacabana pró-Bolsonaro, ops!, pró-anistia aos criminosos de 8/1, confirma que nem ele nem Lula são mais capazes de mobilizar imensas multidões nas ruas. A polarização continua, mas Bolsonaro e Lula perdem o encanto e abrem espaço para um rearranjo das forças políticas, novos líderes e também - o que é particularmente aterrorizante - os tais "outsiders".

Especialistas vinculados à USP contabilizaram 18,3 mil pessoas no pico da manifestação, enquanto a PM do Rio decidiu, por encanto, quebrar a tradição de não divulgar estimativa de presença desse tipo de evento e tascou 400 mil militantes. A diferença dos números é enorme, assim como a de credibilidade das duas instituições.

Independentemente disso, as imagens aéreas e as estimativas de USP e PM do governador Cláudio Castro conduzem à mesma conclusão: sim, foi um fiasco. Bolsonaro imaginava um milhão de pessoas, depois ajustou para 500 mil e não chegou nem perto disso. E os bolsonaristas também não se animaram em acompanhar o discurso dele pela internet - onde, aliás, a imagem de Bolsonaro que fez sucesso foi com um reluzente "Sem Anistia" no prédio ao fundo, onde um dia morou a "miss das misses" Marta Rocha.

Numa linguagem bem apropriada, já que falamos de Bolsonaro, o tiro saiu pela culatra. Nem por isso, o presidente Lula e o PT têm muito o que comemorar, já que há tempos também não emocionam e mobilizam milhões como antigamente. As ruas cansaram. Poderia ser o calor, só que não...

O debate sobre a anistia do 8/1, para favorecer Bolsonaro, sai das ruas e se concentra no Congresso, em desconexão com as pautas que realmente interessam à população e aos vários setores que garantem crescimento, emprego e renda: inflação de alimentos, preço estonteante dos ovos, (in)segurança pública, saúde, educação...

Com Bolsonaro desmilinguindo, a popularidade de Lula despencando e o centro acéfalo e amorfo, o jogo político está nas mãos do Centrão (na verdade, Direitão), que balança para um lado e para outro, de acordo com as pesquisas. Exemplos: para o PSD de Gilberto Kassab, dividido sobre a anistia, e o União Brasil, rachado em relação a tudo, importa quem vai ganhar.

O ambiente político não está só como o Diabo gosta, mas muito atrativo para "outsiders" de passado obscuro ou simplesmente sem passado, de presente atrelado a redes sociais e fake news e de futuro incerto. Lula foi o grande eleitor de Bolsonaro em 2018, Bolsonaro foi o de Lula em 2022 e, juntos, podem eleger em 2026 um legítimo quadro do Centrão ou até um aproveitador barato, vendido como "antissistema". Tomara que não.

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Interesse por Caiado cresce no Google e supera outros governadores de direita

Com o desafio de se tornar conhecido fora de Goiás para viabilizar seu projeto eleitoral, Ronaldo Caiado (UB) começa 2025 mais buscado no Google do que os outros governadores de direita também citados como possíveis candidatos a presidente da República. Dados da plataforma Google Trends analisados pela coluna mostram que o interesse pelo goiano supera, na ordem a seguir, a curiosidade por Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná.

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Considerando os quatro nomes, o pico de buscas deste ano ocorreu no dia 6 de março, após o jornal O Globo publicar reportagem sobre definição de chapa presidencial com o cantor Gusttavo Lima. A informação foi negada em seguida por Caiado, em entrevista ao podcast Giro 360, prolongando a repercussão.

O segundo ponto mais alto foi registrado em 22 de fevereiro, quando o governador publicou nas redes convite para o lançamento de sua pré-candidatura, marcada para 4 de abril, em Salvador.

Top 3

O terceiro pico de interesse por Caiado ocorreu em 3 de janeiro, um dia após Gusttavo Lima declarar que tinha interesse em também ser candidato a presidente. A conhecida amizade com o cantor fez com que jornalistas procurassem o governador para comentar o assunto.

Divisas

O Google Trends também mostra que Caiado foi o que provocou mais interesse fora de seu estado. Os maiores volumes de buscas pelo goiano vieram dos estados do Centro-Oeste, além de Piauí e Sergipe.

Longo caminho

Os dados indicam que, apesar de reações negativas no mundo político, os movimentos antecipados de Caiado podem ajudá-lo a se tornar mais conhecido.

Ascensão

As buscas por Romeu Zema cresceram nesta semana, na esteira do embate com o presidente Lula (PT). Foi o quarto maior pico de interesse por estes governadores em 2025.

Não funciona - Hidrante na Igreja Matriz do Divino Pai Eterno, em Trindade (Wildes Barbosa / O Popular)

Não funciona - Hidrante na Igreja Matriz do Divino Pai Eterno, em Trindade (Wildes Barbosa / O Popular)

Orelha em pé

O Palácio das Esmeraldas acompanha, à distância, a crise instalada na bancada federal goiana com a eleição do deputado federal José Nelto (UB) para o posto de coordenador. Apesar do interesse no assunto, a ordem é não se envolver, especialmente porque os protagonistas do caso são integrantes da base governista.

Cafezinho

Sandro Mabel (UB) convidou Daniel Vilela (MDB) para um café no Paço Municipal, na próxima semana. O vice-governador respondeu que vai. A agenda foi marcada diante de especulações de que o prefeito poderia, apesar de ter acabado de chegar à Prefeitura de Goiânia, ser candidato a governador nas eleições do ano que vem.

Faz tempo

Daniel Vilela não pisa no Paço Municipal desde abril de 2021, quando o MDB rompeu com o então prefeito Rogério Cruz (SD). Na época ele começava a se aproximar do governador Ronaldo Caiado.

Pergunta para:

Lucas Vergílio
Vereador pelo MDB

Lucas Vergilio. (Luciana Lombardii)

Lucas Vergilio. (Luciana Lombardii)

Como avalia a relação do prefeito Sandro Mabel com os vereadores?

Acredito que o prefeito ainda está cauteloso em sua relação com a Câmara, talvez por receio de enfrentar desafios semelhantes aos da legislatura anterior. Neste momento, com o decreto de calamidade em vigor e sem matérias polêmicas em pauta, ele tem mantido essa postura. No entanto, à medida que novas demandas surgirem, ele provavelmente avaliará se há necessidade de ajustar essa relação.

Arremate:

Menos - O Ministério Público recomendou que a Procuradoria Geral do Estado (PGE) leve à Justiça dívidas tributárias inscritas na dívida ativa acima de R$ 37.254,03, conforme estabelece lei estadual de 2007.

É que... - A PGE publicou, em janeiro, portaria que prevê que o estado deixe de judicializar dívidas iguais ou inferiores a R$ 500 mil.

Gestão - A Acieg realizará, em sua sede, no dia 26 de março, a "1ª Jornada da Governança". O evento é promovido pela Câmara Setorial de Governança da entidade.

Detalhes - Estão confirmadas palestras com o contador Marcelo Aquino e o especialista em Finanças Maicon Farina. O tema será "o papel da Governança no acesso ao mercado de capitais".

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Bolsonaro segue inelegível até 2030, diferentemente do que alega vídeo viral

Publicações enganam ao afirmar que Jair Bolsonaro (PL) foi inocentado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Vídeos de 2023 do ex-ministro do TSE Benedito Gonçalves circulam sem contexto e como se fossem atuais em meio às denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. No vídeo verificado pelo Comprova, Gonçalves rejeitava uma das ações contra Bolsonaro. O ex-presidente foi condenado à inelegibilidade em outros dois processos

Bolsonaro segue inelegível até 2030, diferentemente do que alega vídeo viral

(Projeto Comprova)

Conteúdo investigado: Vídeos que mostram trecho de pronunciamento do ex-ministro do TSE Benedito Gonçalves, acompanhados de textos que afirmam que Jair Bolsonaro foi inocentado pela Justiça.

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Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Vídeos que circulam nas redes sociais retiram de contexto um pronunciamento do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves. As publicações mostram um trecho do voto do magistrado em julgamento do TSE, realizado em 17 de outubro de 2023. Na ocasião, o tribunal julgou improcedente uma ação ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) contra Bolsonaro. O processo não tem relação com a inelegibilidade de Bolsonaro até 2030 ou com as recentes denúncias contra o ex-presidente por tentativa de golpe de Estado.

A ação do PDT acusava Bolsonaro de abuso de poder político. A alegação era de que ele teria realizado uma live com apoiadores nas dependências do Palácio do Planalto, no dia 18 de agosto de 2022. Segundo a acusação, além de utilizar o mobiliário do prédio público, Bolsonaro teria contado com o serviço de intérprete de Libras custeado pelo Estado. Por decisão unânime, o TSE rejeitou a condenação nesse caso. O vídeo investigado mostra o voto de Benedito Gonçalves, relator do processo.

Em meio às denúncias da Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro por tentativa de atacar o Estado Democrático de Direito, as publicações enganam ao ocultar informações sobre a origem do vídeo e o contexto da fala do ministro. O ex-presidente não foi condenado no caso da live, mas em junho de 2023, outro julgamento retirou o seu direito de disputar eleições por oito anos.

Por maioria de votos, o TSE declarou Bolsonaro inelegível até 2030. Os ministros avaliaram que houve abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Ele foi condenado por realizar uma reunião com embaixadores em julho de 2022 e atacar sem provas o sistema eleitoral. Em outubro do mesmo ano, foi condenado novamente. Dessa vez, por utilizar a celebração do 7 de setembro, data da Independência do Brasil, como plataforma de campanha eleitoral.

O ex-presidente recorreu ao TSE, que manteve a decisão. Apesar de somar dois processos que resultaram em inelegibilidade, as condenações não são acumulativas. Portanto, o prazo segue sendo de oito anos sem a possibilidade de disputar eleições.

O inquérito mais recente, de fevereiro deste ano, segue em andamento. As manifestações de defesa dos denunciados, inclusive de Bolsonaro, estão sendo analisadas pela PGR. O ex-presidente é acusado de cinco crimes: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

O Comprova entrou em contato com os autores das publicações, mas não obteve respostas até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 10 de março, os vídeos acumulavam mais de 3 milhões de visualizações no TikTok.

Fontes que consultamos: Consultas ao site e ao canal do TSE no YouTube, pesquisas por reportagens sobre os processos eleitorais envolvendo Bolsonaro, além de busca reversa por meio do Google Lens, que resultou em diversas notícias sobre os julgamentos que tornaram o ex-presidente inelegível.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras iniciativas de checagem como Aos Fatos e Estadão Verifica atestaram que não houve mudança na situação eleitoral do ex-presidente. Além disso, posts que desinformam sobre assuntos relacionados à Justiça Eleitoral são recorrentes. O Comprova já publicou que não é verdade que PT ofereceu R$ 50 bilhões para TSE tornar inelegíveis integrantes do PL e também que é enganoso que Alexandre de Moraes tenha admitido fraude nas eleições.

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