Transformações geopolíticas
Michel Afif Magul
O ano de 2025 se desenha como um período de mudanças profundas na geopolítica mundial, com os Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump em seu segundo mandato. Diferente de sua primeira gestão, Trump agora possui maior controle do Congresso e um conhecimento mais profundo da máquina pública, o que lhe confere maior liberdade para adotar uma agenda diplomática mais ousada e imprevisível. Sem a ameaça de uma nova reeleição, ele está mais disposto a adotar medidas radicais no cenário internacional.
Um dos principais focos de sua presidência tem sido a imposição de tarifas sobre produtos de países como México, Canadá e China. Embora tais políticas busquem proteger os interesses econômicos dos Estados Unidos, elas têm gerado tensões comerciais, como evidenciado pelas críticas do presidente francês, François Bayrou, que acusou Trump de "destruir a ordem internacional" e tornar o mundo "mais perigoso" com suas políticas protecionistas e seu alinhamento com a Rússia.
No contexto latino-americano, as transformações globais trazem tanto desafios quanto oportunidades. A região detém vastos recursos naturais essenciais para a transição energética mundial, como lítio, cobre e terras raras, além de um grande potencial para o uso de energias renováveis. A rivalidade estratégica entre os Estados Unidos e a China tem impulsionado discussões sobre a realocação de cadeias de produção, com o objetivo de diminuir a dependência da China e aproximar os centros produtivos dos principais mercados consumidores.
Para aproveitar essas oportunidades, os países latino-americanos precisarão fortalecer suas estruturas políticas e econômicas, garantindo estabilidade, transparência regulatória, segurança jurídica e infraestrutura adequada para atrair investimentos estrangeiros. Entretanto, a América Latina enfrenta problemas internos graves, como a corrupção estrutural, a insegurança pública e o retrocesso democrático.
Esses fatores têm minado a confiança das populações nas instituições e na democracia, especialmente entre os mais jovens. A incapacidade dos governos de atender às demandas sociais em áreas essenciais, como segurança, saúde e educação, tem gerado um terreno fértil para o surgimento de líderes populistas e autoritários. Esses líderes, embora eleitos por meios democráticos, acabam por enfraquecer as bases dos regimes políticos ao concentrar o poder e subverter as instituições.
Além disso, a fragmentação política tem dificultado a governabilidade e a implementação de reformas essenciais. A proliferação das redes sociais tem transformado as sociedades latino-americanas, tornando-as mais imediatistas e polarizadas, o que aumenta a dificuldade de alcançar consensos políticos necessários para enfrentar os desafios da região.
O ano de 2025 será repleto de desafios e oportunidades para a América Latina. A habilidade da região de navegar neste complexo cenário geopolítico dependerá da capacidade de fortalecer suas instituições democráticas, promover políticas públicas eficazes e se posicionar estrategicamente no novo contexto econômico global.
Michel Afif Magul, advogado, com especialização em Relações Internacionais e mestre em Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável
Você se interessou por essa matéria?
Acessar conta
É só colocar login e senha e acessar o melhor jornalismo de Goiás.
Criar conta gratuita
É só registrar seu e-mail para ter acesso a 3 matérias por mês, sem pagar nada por isso.
Assine O Popular digital
R$ 9,90 Mensais
Desconto para assinatura digital no primeiro mês
Newsletter
Escolha seus assuntos favoritos e receba em primeira mão as notícias do dia.
Notícias do Atlético
Notícias do Goiás E. C.
Notícias do Vila Nova
Destaques do Impresso
Podcast Giro 360
Economia Goiana
Edição de Domingo
Crônicas da Semana