Grande Goiânia e Sul de Goiás consomem mais energia elétrica
Forte presença de indústrias, do agronegócio, comércio e serviços causam maior demanda; as duas regiões somam 64,9% do total do estado
Karla Araújo

Presidente da Acieg, Rubens Fileti: energia ainda é gargalo por problemas terem se acumulado ao longo dos anos (Wildes Barbosa)
As regiões Metropolitana de Goiânia e Sul são as principais consumidoras de energia elétrica em Goiás, com 34% e 30,9% da demanda do estado, respectivamente. Chama atenção que o Sul tem pouco mais que a metade das unidades consumidoras da capital e cidades vizinhas, são 739 mil contra 1,2 milhão. Os dados são do Instituto Mauro Borges (IMB), compilados no Anuário Goiás, publicado pelo POPULAR .
Especialistas e representantes do setor produtivo afirmam que a demanda de energia no Sul pode ser explicada pela forte presença de agroindústrias e turismo na região. No recorte específico sobre consumo de energia pela indústria, a região Sul registra 45,8% da demanda, seguida de Centro (20,6%) e Região Metropolitana de Goiânia (20,1%). O Sul também é a principal região consumidora em áreas rurais, com 39,7%.
Goiânia e as demais cidades da região metropolitana concentram o maior consumo de energia em residências, comércio e outros tipos de demanda, além de abrigar parte das indústrias. O resultado ajuda a explicar porque este conjunto de municípios é o primeiro em consumo geral.
Presidente do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Célio Eustáquio de Moura afirma que o Sul do estado tem maior concentração de empresas que demandam alto consumo de energia elétrica, como indústrias de proteína animal. O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti, também cita a presença da agroindústria no Sul e menciona o intenso uso de pivôs de irrigação.
Quanto à Região Metropolitana da capital, Moura lembra que a área possui indústrias menores, de segmentos que demandam menor consumo. O presidente ainda destaca a relevância dos setores de comércio e serviços para a capital e, consequentemente, para o consumo geral de energia.
O Norte, Noroeste e Leste de Goiás são as regiões com menor consumo. As três somam apenas 8,9% de todo a demanda de todo o estado. Segundo Moura, os dados demonstram menor atividade produtiva e poder aquisitivos nessas regiões.
Já Fileti argumenta que este mapeamento indica onde estão os maiores investimentos de negócios do estado e em quais locais existe mais facilidade de escoamento na produção. O presidente da Acieg ressalta que as regiões com menor consumo de energia são caracterizadas também pela necessidade de mais infraestrutura, como rodovias de qualidade.
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Os dados isolados dos municípios demonstram que Goiânia e Anápolis têm os maiores consumos de energia elétrica. A capital possui 725 mil unidades consumidoras e demanda total de 2.839.268 Mwh. Já Anápolis registra 188 mil unidades e 1.028.448 Mwh.
As informações apontam que Anápolis tem cerca de um quarto das unidades consumidoras da capital e quase a metade da demanda de energia. O resultado pode ser explicado pelo Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia).
Serviço
Desde o início de 2023, a Equatorial é a companhia responsável pela distribuição de energia elétrica em Goiás. A empresa sucedeu a Enel, que registrou histórico de descumprimento de metas e desempenho ruim no ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com o 3º pior serviço do País em 2022.
Com pouco mais de oito meses de atuação da Equatorial, o trabalho da nova empresa recebe elogios de representantes do setor produtivo e do governo estadual, mas ainda é visto com reserva. Moura destaca que a energia elétrica é insumo de primeira necessidade para a indústria.
O presidente afirma que existe esforço da Equatorial para melhorar a distribuição do serviço no estado e considera que a companhia tem feito investimentos positivos. Moura cita obras em subestações de energia em Anápolis, Aparecida de Goiânia e região Sudoeste.
No entanto, o presidente também argumenta que as chuvas que surpreenderam os goianos em agosto e no início de setembro provocaram quedas de energia e reclamações de usuários.
Para Moura, a situação sinaliza falhas. "Há necessidade de permanente investimento em manutenção e expansão da oferta de energia", diz o presidente. Moura afirma que entre representantes da indústria existe preocupação de mais disponibilidade de energia, e que o serviço seja prestado com qualidade, sem interrupções.
Já Fileti argumenta também que os problemas do setor foram acumulados ao longo dos anos e destaca que o tema é um gargalo para o setor produtivo em Goiás. O presidente da Acieg afirma que, na chegada da Equatorial, houve diálogo e pedidos começaram a ser solucionados, mas sugere que a empresa deveria antecipar cronograma de investimentos.
A reportagem tentou contato com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), mas não houve retorno até o fechamento desta edição.
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